Seminário do Sebrae reúne empreendedoras de toda região em Leopoldina
27/05/2017 11:33 em LEOPOLDINA

 

As Mulheres no Brasil representam 51,5% da população, apesar disso, sua representatividade na política é baixa, tema que têm gerado debates importantes nos últimos anos.  Por outro lado, quando visualizamos o cenário do empreendedorismo, os números são significativos, demonstrando um crescimento na participação das mulheres no comando das empresas.

Dados do Sebrae demonstram que a participação feminina na chefia das micro e pequenas empresas do Estado tem se mantido estável nos últimos anos, chegando a 32% em 2015; 51% dos negócios em Minas Gerais com até 3,5 anos são geridos por mulheres, sendo maioria nos setores de serviço e comércio; São maioria (86%) nos negócios de pequeno porte no Estado; Em Leopoldina, dos 1.949 inscritos como Microempreendedor Individual – MEIs, formalizados até março deste ano, 960 são mulheres.

Nesse contexto, o Sebrae Minas em parceria com a Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Leopoldina promoveram na tarde de quarta-feira, 25 de maio, o III Seminário ‘Mulheres Empreendedoras’, realizado no Centro de Convenções Brahim Elias Sleiman, no terceiro andar do Edifício Rubem Duarte, sede da ACIL, que ficou lotado para receber empreendedoras dos municípios de Além Paraíba, Cataguases, Itamaraty de Minas, Ubá, Astolfo Dutra, Santo Antônio do Aventureiro e Leopoldina. O evento também contou com o apoio da CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Cataguases, Associação Comercial e Empresarial de Além Paraíba, Associação Comercial e Industrial de Cataguases e Sicoob Coopemata, além da contribuição de diversas empresas que doaram brindes para sorteio entre as participantes.
José Eduardo de Almeida Resende (vice-presidente da ACIL), Jairo Antônio de Souza Seoldo (presidente da ACIL), Juarez Ferraz (diretor da ACIL) e Márcio Henrique Alvarenga Pimentel (vice-prefeito de Leopoldina)
Houve apresentação musical do Conservatório de Música Lia Salgado, com os cantores Rodrigo Nogueira, Ronaldo Apolinário e, no piano, Fernando Wilson.

A programação contou com uma série de relatos sobre mulheres empreendedoras à frente de negócios, instituições e pesquisas.
A educadora Liliane Mendonça, de Cataguases, mostrou seu projeto pedagógico que foi exibido em Boston, nos Estados Unidos.
A consultora do Sebrae de Cataguases Andreia Antunes conduziu os trabalhos do Seminário.
O ponto alto do evento foi a formação de uma roda de conversa que debateu os desafios e histórias de sucesso de empresárias da região, mediado pela analista do Sebrae de Juiz de Fora, Daniela Ferreira. Além disso, houve duas palestras e homenagens.

Jaqueline Cristina Lima, da Unidade de Educação do Sebrae Minas Gerais abordou o tema ‘Mulheres com atitudes empreendedoras - Vendas e relacionamento com clientes’. 
Jaqueline Cristina Lima, da Unidade de Educação do Sebrae Minas Gerais 
Viviane Soares (foto), da Unidade de Atendimento do Sebrae Minas, falou sobre 'Atendimento ao cliente'.
Além das homenagens às empresárias que participaram do debate, uma das organizadoras do evento, a consultora Andreia Antunes, do Sebrae de Cataguases, foi surpreendida pelo grupo com uma homenagem devido a dedicação e carinho na promoção do Terceiro Encontro de ‘Mulheres Empreendedoras’.

O debate foi organizado no formato ‘painel’, no qual as empreendedoras foram entrevistadas, contando a sua história de dificuldades de gerir um negócio. Confira os relatos.

Amélia Receput Gouvêa de Mendonça - Empresa Empório Tecelagem Artesanal, de Cataguases

Ela atua no segmento de cama, mesa, banho e decorações. Contou sobre o desafio que teve no convencimento dos consumidores de uma determinada região que não estavam habituados com produtos remanufaturados e sobre o receio de abrir o negócio. Sua aposta deu certo e o caminho indicado pela empresária é o de que as empreendedoras tem que fazer as pessoas gostarem e acreditarem no produto que está fazendo, passar confiança, inventar, reinventar, ouvir os clientes, sugestões, identificar o seu perfil, sair da área de conforto e ser direcionada para o caminho certo.

Amélia Receput Gouvêa de Mendonça (D)


Marluci Contin Moreira, Magazine Moreira de Cataguases.

Ela casou-se jovem, o seu marido era vendedor ambulante de produtos de cama, mesa, banho e tecidos. Colocava na garupeira da bicicleta os seus produtos, indo de porta em porta para vende-los. Marluci ajudava na medição dos tecidos, preparação dos embrulhos e nas anotações das vendas. Com o passar do tempo, percebeu que devia ajudar ainda mais e começou a vender em sua residência os produtos, enquanto seu marido percorria o município de Cataguases e seus distritos com sua bicicleta. Com a ampliação das vendas, construiu um cômodo nos fundos de sua casa, que teve de ser ampliado posteriormente. Depois abriu uma porta de frente para uma rua do bairro Haidee, onde já trabalhava com oito funcionários. Com entusiasmo, compraram um ponto no centro de Cataguases. “Sempre falo com minhas funcionárias que, para conquistar o cliente, devemos recebe-lo com muita atenção e carinho. Um simples gesto como um sorriso, desejando-lhes um bom dia ou boa tarde é muito importante”, comentou.

Com mais de 50 anos no comércio ela recordou de momentos tristes como uma enchente que acabou com toda sua loja no bairro Haidee. Também lembrou de momentos felizes como um simples gesto de clientes que que compraram enxoval há anos e hoje, continuam comprando para outras gerações: os netos. “Isso me deixa muito feliz”, finalizou Marluci.

Marluci Contin Moreira (D)


Suzi Gonçalves, Sorveteria Açaiteria em Itamarati de Minas.

A jovem empreendedora trabalhava como costureira, mas em 2015 sua família foi acometida por uma trágica notícia:  o diagnóstico de câncer de sua mãe. A partir daí ela dedicou o tempo para acompanhar o tratamento, mas em julho do mesmo ano sua mãe veio a falecer. “Eu e minha irmão estávamos desempregada e soubemos do fechamento de uma sorveteria. Assumimos o negócio e deu certo, até no inverno fica aberta. Passamos muitas dificuldades, não tínhamos condições de reformar. Homenageamos minha mãe com o nome da sorveteria ‘Sonhos de Maria’. Quando iniciamos tínhamos apenas sorvete, picolé e milk shake. Os clientes sempre pediram açaí”, comentou a empreendedora.

“Existe uma afirmativa interessante dizendo que todos que trabalham com vendas está desempregado, pois todos os dias você precisa procurar um emprego, ou seja, precisamos vender todos os dias” finalizou.

Suzi Gonçalves (D)
 
Marília Rosestolato Muniz, Agora Jornais Associados, de Além Paraíba.

“Nasci de uma família muito pobre, morei na roça, meus pais eram semianalfabetos, para chegar na escola tinha que andar 8km a pé. Tive um exemplo de mulher, que foi minha mãe. Mesmo com primário, ela tinha uma visão e objetivo – dar uma vida digna aos filhos. Ela capinava, plantava arroz, feijão, milho e da forma dela era uma grande empreendedora. Com os meus 17 anos fui para Além Paraíba – sou de Tombos,  perto de Carangola. Comecei a trabalhar numa loja de ferragens e na faculdade participei da criação do diretório acadêmico, onde criamos um jornal. Escrevia bem e fui convidada pelos proprietários do Agora Jornais e Associados para trabalhar com eles. Não sou jornalista, minha formação é em letras. No ano de 1980 comecei a trabalhar no jornal; já em 1986 os proprietários resolveram acabar com o jornal, numa época que havia gráfica e mais de 15 funcionários entre técnicos, pessoal de redação, tipógrafos e gráficos. Juntamos três funcionários com apenas uma máquina de escrever, uma câmera e muitas ideias na cabeça e atualmente fiquei sozinha no jornal como diretora, totalizando 40 anos no mercado. Ouvi todos os relatos e dificuldades de vocês, mas imagine quem trabalha com jornal impresso?! É caro para imprimir e temos a internet para competir, Hoje, todos estão fazendo uma live ao vivo. Apesar disso, o imediatismo é muito perigoso, pois são publicadas muitas coisas sem verificar a informação e é ai que entra a credibilidade do jornal”, finalizou.

Marília Rosestolato Muniz (D)

Claudiane Cerqueira Souza, Restaurante Sabor da Vila, em Além Paraíba.

“Em 2009 meu pai comprou uma padaria e  como não dava tempo de ir para casa almoçar, minha mãe preparava a nossa quentinha. O cheiro da comida chamou a atenção dos vizinhos e perguntaram se ela faria para vender para os lojistas da região. Daí começamos a fornecer para os comércios vizinhos e quando Furnas chegou em Além Paraíba, começamos a fornecer comida para eles também. Chegou a um ponto que tivemos que optar entre a Padaria ou o Restaurante, pois estava ficando muito pesado os dois. Optamos pelo Restaurante, fizemos um programa de alimentação para o trabalhador, atuando neste segmento, fornecendo para grandes empresas. Hoje estamos com dois restaurantes, um especializado para fornecimento para empresas e outro comum”, relatou a empreendedora.

Claudiane Cerqueira Souza (E)

Jaqueline de Paula Iennaco de Rezende, Supermercado Seminário, de Leopoldina.

Ex-professora, ela conta que o seu marido começou com um açougue do tamanho de uma garagem.“Começamos assim, meu pai era caminhoneiro e o José Eduardo também começou a fazer viagens para o Nordeste e São Paulo. Sempre tive muita pena da minha mãe em muitas das vezes ficar sozinha em casa sem a companhia de meu pai que estava nas estradas. Não queria que o José Eduardo seguisse aquela vida. O pai dele era sitiante, lidava com gado e surgiu uma oportunidade dele comprar um açougue junto com o seu irmão. Dali ele conseguiu comprar um para ele sozinho e foi assim que nós começamos. Ficamos noivos, nos casamos, e logo tivemos as nossas filhas. Quando voltei a trabalhar, fui ajudar ele. Crescemos em torno da região do bairro Rosário. Mudamos de pontos umas 5 vezes e crescemos gradativamente. Hoje estamos num ponto amplo, local muito acolhedor. Fizemos uma reforma, ficou muito bem montado. Ter a Associação Comercial como parceira é uma benção, pois disponibiliza cursos e palestras. Nós fizemos um curso de qualidade total que foi um marco divisor em nossas vidas, aprendemos muitas coisas. Acho que o mais difícil é a luta que temos para conquistar os nossos clientes. Para concluir uma venda, ele vai passar por 5 ou mais funcionários. Se não forem pessoas capacitadas perdemos a venda antes dela chegar no final. Se não fosse essa ajuda que recebemos teria sido muito mais difícil”, comentou.

Jaqueline de Paula Iennaco de Rezende (E)

Eliane de Souza Neves Angelis, Tebas Armarinho, de Leopoldina.

Eliane tinha um sonho de criança – ser advogada. “Devido às condições financeiras não consegui naquele momento. Comecei no comércio com ajuda de meu marido, que sempre quis ser independente, mas não tinha muita coragem de empreender. Durante muito tempo trabalhei no comércio, vim para Leopoldina no ano de 1984. Era muito difícil conseguir um emprego em uma cidade pequena. Fui convidada por uma amiga a participar de uma sociedade de uma loja no Bairro Bela Vista. Naquela época foi a primeira na Avenida dos Expedicionários - hoje são várias. Acho que para empreender temos que sonhar. De onde venho e onde estou, me sinto uma pessoa realizada. Perto de minha residência tinha uma loja na qual revolvi investir. Passei a ser dona de meu próprio negócio. Tive momentos com poucas vendas e com a preocupação de manter o aluguel. Quando chegou final do ano, fui para São Paulo e fiz muitas compras, foi um investimento de risco, mas deu certo. Vendi tudo que comprei e foi ali que minha loja começou a equilibrar. Consegui comprar um ponto no meu bairro, passei a ter meu local próprio -  hoje estou com uma loja com mais de 200 metros quadrados, vendo produtos de cama, mesa e banho, entre outros itens. Quando comecei a melhorar no meu comércio, veio a Faculdade de Direito (Doctum) para Leopoldina e realizei meu sonho de me formar em Direito, complementando com a aprovação na OAB. Para a gente continuar na luta e vencer, não podemos perder o foco e nunca podemos deixar de sonhar”, comentou a empreendedora e advogada que atualmente ocupa o cargo de diretora jurídica da Associação Comercial de Leopoldina.

Eliane de Souza Neves Angelis (E)

Fonte: Jornal Leopoldinense

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