O debate da Record, realizado neste sábado (20), entre seis candidatos à Prefeitura de São Paulo, apresentou regras mais rígidas e um clima menos tenso, após uma série de agressões em campanhas anteriores. Embora tenha havido confrontos de ideias, especialmente entre os três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas, as discussões ocorreram sem ataques pessoais. Nenhum direito de resposta foi concedido, e o evento foi mediado pelo jornalista Eduardo Ribeiro.
Com o aumento da violência nas campanhas, incluindo um soco no debate anterior, a Record implementou mudanças significativas no estúdio, como a substituição de copos de vidro por copos de acrílico. Além disso, todas as equipes de campanha e jornalistas presentes foram revistados e passaram por detector de metais antes de entrarem nas dependências da emissora, embora os candidatos não tenham sido submetidos a essas medidas.
A única tentativa de usar um apelido jocoso ocorreu quando Pablo Marçal (PRTB) se referiu a Guilherme Boulos (PSOL) como “Boules”, em alusão ao uso do gênero neutro no Hino Nacional. Marçal foi advertido e perdeu 30 segundos de seu tempo de fala nas considerações finais como punição.
O debate foi dividido em três blocos. Nos dois primeiros, os candidatos trocaram perguntas entre si, enquanto o último foi dedicado às considerações finais. Marçal revisitou um tema polêmico do debate anterior, questionando Nunes sobre supostos desvios em merendas escolares. Marina Helena (Novo) também atacou Nunes sobre alegações de fraudes, ao que o prefeito respondeu que não tinha conhecimento do que a candidata se referia e reafirmou: “Minha vida é limpa e continuará limpa para sempre”.
O candidato José Luiz Datena (PSDB) fez perguntas a Tabata Amaral (PSB), criticando Nunes sobre a segurança da cidade, um tema que também foi abordado pela candidata. Críticas a Boulos também foram feitas, com Tabata questionando sua posição sobre aborto e a situação da Venezuela. Marina Helena seguiu a mesma linha, questionando a coerência das posições de Boulos em relação ao PSOL.
Marçal, em um gesto de contenção, se referiu a Nunes apenas como “Ricardo”, enquanto o prefeito o chamou de “Pablo Henrique”. Durante a interação, Marçal mencionou que a Polícia Federal indiciou 117 pessoas por suspeitas de desvios em verbas de merendas, embora Nunes não esteja entre os indiciados. O prefeito, no entanto, enfrenta um pedido de inquérito da PF, ao que nega qualquer irregularidade.
Nunes, em resposta a Marçal, acusou-o de ter fugido da polícia devido a uma condenação relacionada a desvio de dinheiro. “Nunca tive uma condenação e não terei. Porque o meu passado é um passado honrado”, afirmou o prefeito, reforçando sua integridade.
O debate também trouxe à tona questionamentos sobre supostas irregularidades na campanha de Nunes, além de ataques de outros candidatos sobre sua gestão. Apesar das tensões, o debate mostrou-se um espaço de confronto de ideias, mas sem as agressões físicas que marcaram eventos anteriores.
Fonte: Gazeta Brasil