Desativação de leitos Covid em Minas é confirmada e afeta Casa de Caridade Leopoldinense
01/03/2022 06:15 em LEOPOLDINA

 

Sem recursos financeiros para custear os leitos, a CCL se reuniu na manhã desta segunda com a diretora da GRS de Leopoldina e à tarde com o secretário municipal de Saúde em busca de alternativas. Leia a matéria completa e entenda o assunto.

Os leitos de UTI e Enfermaria do Setor Covid da Casa de Caridade Leopoldinense, mantidos pelo Ministério da Saúde e/ou Governo de Minas Gerais serão descontinuados a partir desta terça-feira, dia 1º de março. A informação foi obtida pela Reportagem do Jornal O Vigilante Online e confirmada nesta segunda, dia 28 de fevereiro, junto à direção do Hospital.

A provedora da Casa de Caridade, Vera Pires, conversou com a Reportagem e informou que através da Deliberação da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, de nº 3746, com data de 25 de fevereiro de 2022, o Governo comunica que ficam desmobilizados os leitos Covid em toda Minas Gerais.

Provedora, diretores e assessoria jurídica da CCL se reuniram pela manhã desta segunda com a Diretora da Gerência Regional de Saúde Aline Costa Rezende e à tarde com o secretário municipal de Saúde Márcio Vieira Machado visando encontrar uma alternativa para a situação que suspende o pagamento dos leitos Covid pelo Estado, os quais serão descontinuados.

“Temos a esperança que o governo estadual definirá pelo menos um Hospital na nossa região para receber apoio e continuar atendendo os casos de Covid. Aguardamos um posicionamento do Estado nesse sentido. Sem esses recursos públicos a Casa de Caridade Leopoldinense, por exemplo, não tem condições financeiras para conseguir manter os leitos de UTI e de Enfermaria Covid”, declarou no final da tarde a provedora da CCL, informando também que até aquele momento o Hospital de Leopoldina estava com 5 pacientes internados na UTI Covid. “Vamos ver o que pode ser feito para conseguirmos cobrir os custos desses leitos”, acrescentou, preocupada, Vera Pires.

A Casa de Caridade chegou a contar com 20 leitos na UTI Covid e outros 20 leitos na Enfermaria Covid, mas houve uma redução para 12 leitos de UTI e 10 de Enfermaria, devido à diminuição no número de casos da doença registrado antes do surgimento da variante Ômicron. “Nesse período a CCL precisou inclusive transferir pacientes para o Hospital de Cataguases”, relatou a Provedora Vera Pires, esclarecendo que o Hospital não aguenta bancar todo o valor necessário para manter os leitos Covid. “Se ainda tiver alguns pacientes, não pode acabar”, justificou a Provedora.

Vera Pires reforçou o apelo pela manutenção do apoio aos leitos Covid: “Acredito e desejo que enquanto tiver no Hospital algum paciente com a Covid, que possamos contar com a ajuda do Estado e da Prefeitura também. Não sabemos se algum hospital da região continuará recebendo recursos”, argumentou.

Ouvido pela Reportagem, o secretário municipal de Saúde Márcio Vieira Machado ressaltou que o trabalho feito no hospital de Leopoldina por todos os profissionais envolvidos foi referência no tratamento ao Covid. “Conseguimos atender vários municípios da região e de outras regionais – Juiz de Fora enviou paciente pra Leopoldina, então demos esse suporte para várias localidades graças a um trabalho muito bem feito que foi realizado aqui e esperamos continuar. A pandemia não acabou, ainda tem pacientes precisando desses cuidados e esperamos que o Estado reveja essa situação de desmobilização de leitos. O município caminha junto com a Casa de Caridade Leopoldinense.

O Alerta

No último dia 18, durante ato que contou com a presença de representantes de praticamente todos os setores da Casa de Caridade Leopoldinense e do secretário municipal de Saúde de Leopoldina em comemoração à superação da marca dos 1.000 pacientes da CCL recuperados da Covid-19, a provedora Vera Pires alertou sobre a possibilidade de extinção dos leitos Covid no Hospital de Leopoldina e em outros Hospitais de Minas Gerais, prevista para dia 28 de fevereiro, conforme lhe havia informado naquela ocasião a Gerência Regional de Saúde de Leopoldina.

Nos últimos dias a Redação do Jornal O Vigilante Online estabeleceu contato com a Gerência Regional de Saúde de Leopoldina, cuja nova Diretora é a Sra. Aline Costa Rezende, buscando esclarecer se seriam mesmo extintos os leitos Covid na Casa de Caridade Leopoldinense, dentre outros Hospitais. Ponderadamente, a assessoria da Regional de Saúde de Leopoldina encaminhou para a Secretaria de Estado de Saúde, em Belo Horizonte, os questionamentos feitos pelo Jornal.

Durante o último final de semana, a Diretora da GRS-Leopoldina, Aline Costa Rezende encaminhou ao Jornal as seguintes informações sobre o assunto: “A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclarece que, tendo em vista o aumento da cobertura vacinal contra COVID-19 e a melhora do cenário assistencial da covid-19 no estado e no Brasil, especialmente relacionado ao menor número de internações e casos graves da doença, será realizada a habilitação de 590 leitos de Unidade de Terapia Intensiva – UTI Adulto e Pediátrico Tipo II em Minas Gerais junto ao Ministério da Saúde.”

E prossegue: “Esses leitos vinham sendo utilizados exclusivamente para assistência hospitalar a pacientes covid. Essas unidades serão, portanto, integradas à rede de atenção à saúde do Estado. Nesse sentido, será iniciado o período de adequação para que os prestadores possam implementar a transição para a nova modalidade de assistência no âmbito da Terapia Intensiva, com a absorção desses leitos na estrutura permanente.”

Ainda de acordo com os esclarecimentos encaminhados à Redação, a SES-MG está em fase de preparação de uma deliberação, a ser publicada nos próximos dias, para regulamentar a transição e incorporação desses leitos.

Durante o período de adequação citado pela SES-MG os hospitais deverão adotar as seguintes orientações nos casos de internação de pacientes com COVID-19:

  • Deverá ser internado preferencialmente em leito isolado;
  • Na impossibilidade de internação em leito isolado, fazer a internação por coorte e ser mantido em sala com distanciamento mínimo entre leitos de 2,0m;
  • O paciente deverá ser internado em leito isolado e na impossibilidade, ser mantido em sala com distanciamento entre leitos de 2,0m. Segundo a RDC 50/02, sala é um ambiente envolto por paredes em todo o seu perímetro e uma porta;
  • Na sala de internação dos pacientes em coorte garantir barreira física (parede) com os demais leitos;
  • Sempre que possível manter medidas de precaução por aerossol (uso de máscara cirúrgica, sistema de aspiração orotraqueal em sistema fechado)
    Equipe assistencial e de apoio:
  • Manter os ambientes bem arejados e ventilados;
  • Manter as medidas de precaução por aerossol e por contato (uso de avental, máscara N95/PFF2, luvas, óculos protetor e gorro);
  • Manter equipe exclusiva para o atendimento e na impossibilidade, trocar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) antes de realizar atendimento a outro paciente que não COVID-19;
  • Realizar a higienização das mãos com água e sabão ou friccionar álcool gel 70% em todas as oportunidades no cuidado ao paciente;
  • Atentar para realizar a higienização das mãos sempre que tocar qualquer superfície da unidade e antes e após contato com o paciente;
  • Usar avental descartável e quando houver pacientes com microrganismos multirresistentes, utilizar um segundo avental e descartar imediatamente antes de deixar o leito;
  • Implementar estratégias multidisciplinares para monitorar e melhorar a adesão dos profissionais de saúde às práticas recomendadas para precauções.

Gestores hospitalares e coordenadores de UTI:

  • Reforçar as medidas sanitárias dispostas na RESOLUÇÃO-RDC No 7/2010 e RESOLUÇÃO-RDC No 50/2002 da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e outras normativas pertinentes.

No final da tarde desta segunda (28) a Redação procurou obter mais informações sobre a situação junto à Diretora da GRS de Leopoldina, mas não conseguiu contato.

Jornal O Vigilante Online

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