Bacalhau deve subir 20% até a véspera da Semana Santa
28/03/2022 13:48 em REGIÃO

 

Montar uma mesa da Semana Santa com receitas baseadas no bacalhau, um dos itens mais consumidos na data, pode sair este ano até 50% mais caro do que custou no ano passado. O índice leva em conta o aumento no preço do pescado, que, além da alta de 30% que teve no Natal passado, vai subir no mínimo mais 20% até a véspera da celebração cristã, pela expectativa dos importadores. Temendo as novas altas, muitos consumidores já pesquisam os preços e adiantam as compras.

As principais causas que explicam a nova elevação são a importação do pescado, que é comercializada em dólar, e os reajustes dos preços dos combustíveis – de 24,9% no caso diesel e 18,8% na gasolina –, que incidem no frete da mercadoria.

Para Pedro Pereira, responsável pela importação de bacalhau há 27 anos na importadora Opergel, mesmo com o dólar 12% mais barato que o mesmo período comparável do ano passado – saindo de US$ 5,39 para US$ 4,74 –, a desvalorização da moeda americana não deve chegar ao consumidor final, já que o preço de custo do bacalhau no mercado internacional subiu, em média, 30%, em dólar. “Os preços de venda ao consumidor devem ficar em torno de 20% mais altos. Isso porque os custos e preços dos volumes e negociações já haviam sido estabelecidos e vendidos a patamares de dólar mais altos que o câmbio atual”, afirma. 

Rafael Igino, proprietário da Banca Santo Antônio, estabelecida há 70 anos no Mercado Central, no Centro de Belo Horizonte, confirma a projeção de uma alta de 20% até a Sexta-feira Santa, no próximo dia 15. No local, o preço atual do quilo do corte Saithe varia entre R$ 80 a R$ 110 e do Porto de R$140 até R$ 250. Todos os preços, segundo o comerciante, estão com o preço de Natal. 

O comerciante tem expectativa que o aumento seja repassado aos poucos no decorrer das próximas semanas. “Ano passado, reajustaram o preço em 30% de uma vez. Acredito que, para não assustar como no ano passado, o reajuste deve ser em torno de 4% por semana até chegar na média que os fornecedores querem”, diz.
Para o período, o empresário espera aumento nas vendas de 30% e relata que muitos consumidores já estão se adiantando com temor da alta. “Muitos estão se precavendo e adiantando as compras. O cliente me liga perguntando se vai aumentar, eu respondo que quem quer se preparar, já venha e compre”, afirma.

Reclama, mas leva

O reajuste também já é esperado na Ananda Empório. Há 35 anos no local, o gerente Eduardo Campos diz que a oferta atual varia entre R$ 119 por um quilo de gadus morhua com pele e osso, até R$ 249,80 pelo quilo do filé. O mais vendido para a data, até então, é o quilo do Saithe desfiado por R$ 169,80. 

Segundo Eduardo, o freguês reclama, diminui a quantidade, mas leva. “As pessoas não estão comprando nesse momento, estão pesquisando muito. A tendência para o comércio bombar é mais na semana da Sexta-feira Santa”, afirma. Para o período, o gerente espera que as vendas atendam à expectativa de aumento de 25% no estoque do bacalhau. 

Tudo salgado

Tradicionalmente, o funcionário público aposentado Domingos Mota costumava comprar 3 kg do bacalhau do Porto para receita de bacalhoada e do bolinho de bacalhau da família, mas esse ano reduziu a compra para 1kg apenas. Ainda pesquisando para a Páscoa, o aposentado se diz assustado com os preços que encontrou. “Quase o dobro; está mais salgado que o próprio bacalhau”, diz.

O azeite português preferido dobrou de valor. “Ele custava R$ 140, agora está R$ 300. Como minha família é pequena, a gente tenta manter algumas tradições”, conta.

Outros itens

A expectativa de alta nos preços chegam também ao azeite, outro item bastante consumido nas receitas de Semana Santa.
Segundo o gerente da Biscoito São Geraldo, Pablo Santos, o aumento estimado para o produto varia entre 20% e 30%. “Infelizmente, como importamos, somos muito impactados pela alta do dólar e a questão do transporte que aumentou muito. Tudo isso é agregado ao valor do produto, não tem como não repassarmos para o cliente”, afirma. Por lá, a marca portuguesa mais popular saiu de R$ 34,90 no ano passado para R$ 45 neste ano.

O patamar elevado também é mantido nas castanhas do Pará, que variam entre R$59,80 a R$79,80. De acordo com o gerente do Ananda Empório, Eduardo Campos, os preços firmes são os mesmos praticados na Páscoa e Natal passados, quando os reajustes nas castanhas aplicados chegaram a 30%. 

Fonte: Hoje em Dia

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