Secretário de Saúde fala sobre dispensa de máscara, vacina em crianças, falta de médicos e mudanças na Farmácia de Minas
20/04/2022 15:38 em REGIÃO

 

O secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, disse nesta quarta-feira (20) que o estado vai promover um concurso público com vagas para todos os 19 hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

Em entrevista exclusiva ao Bom Dia Minas, ele falou que o estado nomeou 15 novos pediatras para atendimento no Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte. Eles vão preencher as vagas remanescentes de cadastro reserva do concurso público homologado em 2017.

Nos últimos dias, famílias têm denunciado falta de médicos e demora de horas para atendimento na unidade. No sábado (16), durante o dia, não havia pediatras no pronto-atendimento da unidade.

 

 

"Está vindo uma demanda aumentada de doenças respiratórias, e a gente percebe que, em volta da Região Metropolitana, especialmente, está com uma falta de pediatra (...) Além do processo seletivo que vocês sempre falam aqui, ontem convocamos 15 novos pediatras do concurso público de 2016, concursados que vão ter carreira na Fhemig e vão, sem dúvida nenhuma, resolver isso logo", disse.

O secretário também falou sobre mudanças na Farmácia de Minas. De acordo com ele, a previsão é que, em agosto, o serviço seja transferido para um novo local, no bairro Carlos Prates, na Região Noroeste de Belo Horizonte.

 

"A gente está vendo uma forma de abrir mais cedo, mesmo com o atendimento às 7h, para que as pessoas aguardem sentadas, e não em filas. E nós temos um ponto positivo: estamos aumentando o número de medicamentos e o número de pessoas contempladas".

 

Baccheretti disse, ainda, que o estado mantém a previsão de desobrigar o uso de máscara em lugares fechados nos municípios a partir de 1º de maio e voltou a reforçar a importância da vacinação contra a Covid-19, especialmente de crianças.

 

"Nós temos que lembrar aos pais que nós já aplicamos muitas vacinas em crianças, só em Minas foram mais de 40 milhões de vacinas aplicadas e nenhuma morte relacionada. Aqueles que têm medo de dar a segunda dose, não tenham medo. O risco é na doença, não é na vacina. A gente orienta a população para não ter medo e não acreditar em fake news", afirmou.

 

Veja a entrevista na íntegra:

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) chegou a afirmar que não havia falta de profissionais e pediatras no hospital. O que então está causando essa demora, fazendo com que pais demorem um dia para conseguir atendimento para os filhos?

O João Paulo II tem 140 pediatras, não tem hospital público com tanto pediatra como lá, 28 no pronto-atendimento. Conversei com a presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), com o diretor do hospital, para entender o que vem acontecendo, a gente se preocupa. Tem em médio quatro pediatras por dia, só que nós dividimos dois para casos graves, que é vermelho e laranja, e dois para amarelo e verde. Nesse feriado, tivemos muitos casos graves, é um hospital de referência para doenças respiratórias do estado inteiro. O que a gente vem vendo é que as UPAs da Região Metropolitana e postos de saúde não estão conseguindo atender os municípios, 75% dos casos do João Paulo II são classificados como verde ou azul – poucos urgentes – e poderiam ser atendidos. Está vindo uma demanda aumentada de doenças respiratórias e a gente percebe que em volta da Região Metropolitana, especialmente, está com uma falta de pediatra. Nós temos uma novidade: além do processo seletivo que vocês sempre falam aqui, ontem convocamos 15 novos pediatras do concurso público de 2016, concursados que vão ter carreira na Fhemig e vão, sem dúvida nenhuma, resolver isso logo.

Muitos profissionais relatam condições precárias, um trabalho muito intenso, muito desgastante. Isso está sendo apurado pela secretaria?

Sem dúvida. Fui presidente da Fhemig, trabalhei desde 2011 no Júlia Kubitschek. Eram situações muito ruins e ainda precisam melhorar, são anos de desinvestimento, décadas. E a gente não vai conseguir colher esse investimento a curto prazo. O João Paulo II tem um prédio parado desde 2015, que é o novo CTI, novas enfermarias, que está na fase de fazer a licitação. Em 2019, as notícias eram que não tinha alimentação para funcionários, que trocava carne por ovo, a dívida era mais de R$ 250 milhões com fornecedor. Está quitado, temos aumento de 10% de agora em relação ao salário de todo profissional e a ajuda de custo de R$ 75 por dia como ticket-alimentação. A gente está melhorando, mas não consegue melhorar de uma hora para outra. Há um esforço grande, o novo ambulatório foi reformado, humanizado, está sendo inaugurado neste mês. A gente gostaria de virar uma chave, mas a gente precisa de tempo.

E ainda assim é um empecilho às vezes para a contratação dos médicos, né?

Sem dúvida, é um ciclo vicioso. Desde 2012, nós não temos um concurso público da Fhemig, e o governador autorizou. Teremos um grande concurso para a Fhemig, e os médicos que são elogiados são médicos que realmente são muito competentes, de carreira, profissionais muito capacitados. E a gente vai agora, com esse novo concurso, deixar a Fhemig mais forte para a gente atender melhor. O João Paulo II é o único hospital 100% pediátrico público do estado e ele merece todo esse investimento.

Esse concurso vale para o estado inteiro, todos os hospitais, a partir de quando?

São 19 hospitais da Fhemig, todos serão contemplados (no concurso), a expectativa é que a gente consiga, então, com essa nova equipe – técnico de enfermagem, enfermeiro, médico, fisioterapeuta – deixar a Fhemig com uma assistência ainda melhor. Além dos investimentos, nós temos tomógrafos e outros equipamentos novos chegando.

O Bom Dia Minas acompanha todas as manhãs a Farmácia de Minas, uma necessidade muito importante, um direito do cidadão de ter o medicamento para o seu tratamento, mas que acaba enfrentando muita dificuldade, passando por longas filas. O senhor mesmo no ano passado chegou a reconhecer que a Farmácia de Minas tinha muitos problemas e disse que havia expectativa de mudança do prédio da Farmácia de Minas. Essa transição já está de fato acontecendo?

A Farmácia de Minas é um ponto muito importante. A fila é um problema muito sério que a gente enfrenta, a gente quer dar conforto, e o novo local está na fase final e é na região do Carlos Prates, próximo à Lagoinha. Espaço muito amplo, estamos na fase de passar o cabeamento estruturado, que é a parte da internet e a gente tem uma expectativa nos próximos três meses de encerrar essa etapa e fazer a transição. Não é uma transição fácil porque é rede de frios, o almoxarifado é muito grande, são medicamentos termolábeis, e a gente tem que transportar para lá. Mas no segundo semestre teremos um local novo, mais confortável. A gente está vendo uma forma de abrir mais cedo, mesmo com o atendimento às 7h, para que as pessoas aguardem sentados e não em filas. E nós temos um ponto positivo: estamos aumentando o número de medicamentos e o número de pessoas contempladas. A previsão nossa é em agosto estar neste novo local".

Foram 10 anos sem mortes por raiva em Minas. É muito preocupante a gente ver uma doença que já estava erradicada, que tem vacina, aparecer. Tem medidas mais severas para combater isso, ficar livre dessa doença?

Estamos acompanhando junto ao Ministério da Saúde. Esses dois casos da tribo índigena, parece que essas duas crianças estavam brincando, morcego mordeu o lábio de uma que, infelizmente, faleceu.  E a segunda foi no braço e está no (hospital) João XXIII. A letalidade da doença é quase 100%, é muito triste essa doença. Nós temos a vacinação antirrábica dos animais domésticos que a gente faz, mas os morcegos a gente não consegue ter esse controle. Nós já fizemos toda essa vacinação antirrábica dessa comunidade e soro para aqueles que são contatos dessas pessoas que já estão em suspeita. O terceiro suspeito, provavelmente, não é raiva, mas estamos investigando. Temos que tomar cuidado e orientar: brincar com morcego, aproximar de morcego não deve ser feito, mas a vacinação antirrábica em grandes centros, como a gente faz, é super importante.

Vamos falar de vacinação contra a Covid. A gente está num ritmo bom, mas Belo Horizonte ainda está com número de crianças bem abaixo do esperado. Como está a situação no nosso estado?

Nosso estado anda bem de vacinação, é heterogêneo – temos regiões que vacinam melhor do que outras. As metas que nós colocamos, de 70% de reforço, foram muito importante, vimos essa aceleração. Estamos próximos de 70% de primeira dose, mas é muito comum não buscar a segunda dose porque não é algo habitual em vacinação ter duas doses em um período de tempo curto. Mas nós temos que lembrar aos pais que nós já aplicamos muitas vacinas em crianças, só em Minas foram mais de 40 milhões de vacinas aplicadas e nenhuma morte relacionada. Aqueles que têm medo de dar a segunda dose, não tenham medo. O risco é na doença, não é na vacina. A gente orienta a população para não ter medo e não acreditar em fake news.

Graças à vacina, em 2022 temos vivido momentos e marcos muito importantes, e um deles é a queda das máscaras. No começo do mês, a secretaria disse que havia expectativa de flexibilizar esse uso nos lugares fechados no dia 1º de maio. Estamos a dez dias dessa data prevista, isso vai acontecer, secretário?

A tendência agora é que a gente tenha o menor número de casos e óbitos desde o início da pandemia, fortalecendo com essa vacinação que foi bem, que a gente fale: 'Municípios, vocês têm segurança em retirar as máscaras em locais fechados'. Obviamente é desobrigar, quem se sentir mais à vontade, quem for de grupo de risco, quem não for vacinado – insistiu em não se vacinar –, se quiser usar máscara fique à vontade. Quem estiver gripado, use a máscara pensando no outro. Estou muito animado de em 1º de maio os municípios tomarem essa decisão. A decisão é do município, muitos têm leis e decretos municipais e eles precisam, obviamente, fazer novos decretos ou novas leis para tirar a obrigação da máscara.

 

Fonte: G-1 Minas

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