Áudios de vereador de BH investigado por ‘rachadinha’ mostram negociações sobre salários de servidores
28/04/2022 06:03 em REGIÃO

 

A Câmara Municipal de Belo Horizonte apura duas denúncias de “rachadinha” contra o vereador Rogerio Alkimin (PMN). A reportagem da TV Globo teve acesso a mensagens do parlamentar que mostram negociações envolvendo salários de servidores.

“Então, ele está lotado. E não dou ele nada. E a hora que pagar a gráfica, eu vou trazer uns para abençoar mais dois, com o salário dele”, diz o parlamentar.

"Rachadinha" é uma prática irregular, que consiste em contratar servidores públicos mediante a imposição de ficar com parte do salário deles.

Rogério Alkimim (PMN) é suspeito de ter embolsado de R$ 55 mil a R$ 70 mil por mês, através de funcionários-fantasma.

Um destes funcionários-fantasma seria o tio do vereador. De acordo com o portal da transparência da Câmara Municipal, Messias Pereira da Silva recebia R$ 14 mil de salário para trabalhar no gabinete. Ele foi exonerado em março. O g1 procurou o gabinete do vereador, mas ninguém foi encontrado para falar sobre as funções de Messias. Ele também não foi localizado pela reportagem.

De acordo com uma das denúncias, assinada pela advogada Thais Otoni Fontella, “foi apurado que a moradia do senhor Messias fica em região humilde, localizada no bairro Duquesas II, na periferia de Santa Luzia (Grande BH), e que seus hábitos e estilo de vida são completamente incompatíveis com a remuneração supostamente recebida”.

Messias foi exonerado no dia 1º de março deste ano. Em um áudio que também integra as denúncias, o vereador faz referência ao tio e ao repasse do salário dele à uma gráfica.

"Quem ia ficar no lugar do meu tio, era quem? (...) eu pensei em falar com outros aqui dentro. Tinha que ser assim. Pegou aqui, entrega na gráfica. Senão, ia ser 'bandeirão'", diz o parlamentar.

De acordo com a outra denúncia, do advogado Mariel Marra, a gráfica a que Rogerio Alkimim se refere pertence a Alex Sandro dos Santos, que seria mais um funcionário-fantasma. O estabelecimento seria usado na campanha de Alkimin a deputado estadual.

Em um áudio da reunião, também atribuído a alkimim, ele faz cálculos com os cargos que terá disponíveis, se for eleito.

“Eu eleito, gente, são 45 vagas de assessor dentro da assembleia. E mais 30 dentro da Cemig, Copasa, cinco carros à disposição”, diz.

 

 

Inquérito

 

 

A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. Ele segue sob segredo de Justiça. O Ministério Público também instaurou procedimento para investigar o caso. O vereador pode responder por improbidade administrativa.

De acordo com a advogada Thais Fontella, além do esquema da rachadinha, o vereador ainda usava o carro oficial para fins que não diziam respeito a suas atividades parlamentares.

 

“Ele chegou a ir para Ituiutaba, a 697 quilômetros de distância de Belo Horizonte, com o carro oficial”, disse ela.

 

O vereador também é suspeito de pleitear emendas para sua Organização Não Governamental Raio de Luz. Uma delas libera valor de R$ 640 mil.

Alkimin não foi encontrado pela reportagem para falar sobre a denúncia. A ONG disse que trata-se de “perseguição política” e que não existe “rachadinha”. Ela falou ainda que é autossustentável e sobrevive de doações.

“O jurídico da ONG Raio de Luz e do gabinete do vereador Rogério Alkimin estão tomando todas as providências necessárias”, disse a ONG em nota.

 

 

Fonte: G-1 Minas / Foto: Internet

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