A Justiça absolveu os torcedores do Atlético-MG acusados de injúria racial contra um segurança, no Mineirão, em 2019. A vítima, Fábio Coutinho da Silva, disse ao g1, nesta quinta-feira (28), que só soube de decisão através da imprensa.
Enquanto o segurança trabalhava no clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, no dia 10 de novembro de 2019, houve um tumulto na arquibancada. Os irmãos Adrierre Siqueira da Silva e Natan Siqueira Silva discutiram com ele e a situação foi registrada em vídeo. A perícia da Polícia Civil concluiu que Natan chamou a vítima de "macaco".
"Me sinto mais humilhado agora do que no dia do fato ocorrido. O promotor do caso parou de me responder. De certa forma, criei um bloqueio sobre isso. Houve uma audiência e eu nem fui informado. Eu mesmo, que sofri tudo, só obtive informações pela imprensa. Pura impunidade", disse Coutinho.
De acordo com a decisão, Adrierre Siqueira da Silva e Natan Siqueira Silva agiram "tomados pelo sentimento de desespero, que os levou a tentar, a todo custo, transpor o isolamento mantido". O texto, assinado pelos desembargadores Valéria Queiroz e Guilherme Passos, ainda afirma que os irmão estavam "revoltados, em uma crescente e justificável ira".
Fábio Coutinho ainda trabalha como segurança. Ele ressalta que, no processo movido pelo Atlético-MG por danos materiais, os irmãos foram condenados em primeira instância.
O clube quer que os dois paguem R$ 15 mil em ressarcimento a uma multa estipulada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao clube. O Atlético-MG foi multado após o episódio ocorrido durante o clássico contra o Cruzeiro.
O que dizem os citados
O processo transitou em julgado, ou seja, não cabe mais recurso. Os g1 tentou contato com a defesa dos irmãos, mas não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.
Na época, quando os dois foram ouvidos pela polícia, Natan disse que chamou Fábio de "palhaço", não de "macaco" – o que as investigações mostraram não ser verdade. "Tenho pessoas que cortam o meu cabelo que são negros, amigos que são negros", afirmou o torcedor à imprensa.
No ano passado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) chegou a extinguir o processo e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recorreu.
Sobre a reclamação de Fábio Coutinho, de que não foi informado sobre o andamento do processo, o MPMG disse que "as comunicações em relação a tais trâmites não são de responsabilidade do Ministério Público, mas do Tribunal de Justiça".
A nota diz ainda que "a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos pode ser acionada por qualquer cidadão, e os agendamentos são feitos pela secretaria do órgão".
O TJMG respondeu que todas as partes foram comunicadas sobre o andamento do processo por mandados ou cartas precatórias.
Fonte: G-1 MG