'Ele me mandava o dinheiro depois', diz dona de empresa de turismo que pagou contas de Kalil
17/02/2023 04:39 em REGIÃO

 

Começou nesta quinta-feira (16), na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) sobre suspeitas de irregularidades durante seu governo.

A CPI iria apurar, inicialmente, se gastos pessoais de Kalil teriam sido pagos por uma empresa de turismo, que teve contratos firmados com a PBH. Porém, a proprietária da empresa, Eloá Ribeiro, negou as irregularidades e disse que o ex-prefeito pagou pelos serviços.

Segundo ela, Alexandre Kalil era amigo da família e os gastos foram feitos depois de encerrado o contrato com a Prefeitura da capital. Além disso, todos os valores foram ressarcidos pelo então prefeito.

"Ele é amigo da família há muito tempo, principalmente do meu marido", disse Eloá, viúva de Frederico Mendes Ribeiro, que faleceu em 2019. "Uma parte (das despesas) foi paga com o cartão da empresa e outra, com meu cartão. Ele (Alexandre Kalil) me mandava o dinheiro depois", explicou Eloá Ribeiro.

Relações
A empresa de turismo prestou serviços à Prefeitura de BH durante três meses na gestão de Kalil em 2017. Ela também atendeu ao Clube Atlético Mineiro durante quase 20 anos, segundo Eloá.

O contrato teria iniciado quando Ricardo Guimarães era presidente do Galo, em 2001, e encerrado em 2021. Mas a empresária negou que a relação com o clube ou com a Prefeitura tenha qualquer irregularidade.

Ainda conforme Eloá Ribeiro, com a finalização do contrato antes do previsto, a empresa recebeu cerca de R$ 300 mil da PBH e, por meio de um advogado, vai enviar todas as informações e documentos pedidos pelos vereadores no prazo máximo estabelecido de 10 dias úteis.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de Alexandre Kalil e foi informada de que o ex-prefeito não comentará os trabalhos da CPI, por enquanto.

Dúvidas
Entre os pontos levantados pelos vereadores na CPI e que devem ser respondidos posteriormente estão o fato da empresa ter sido escolhida mesmo após ter ficado em segundo lugar na licitação. Nesse caso, a explicação dada era que a empresa vencedora teria problemas para disponibilizar um sistema de compras para a administração municipal.

Também foram questionados pagamentos feitos em valores redondos – R$ 30 mil e R$ 15 mil – pela PBH à empresa de turismo, de acordo com levantamento da CPI. "Nossas faturas apresentam valores reais gastos", disse Eloá Ribeiro aos vereadores, afirmando não ter conhecimento de empenhos com valores redondos.

Críticas a Fuad Noman
Ao final da oitiva, o vereador Wesley (PP) demonstrou descontentamento com o atual prefeito Fuad Noman (PSD), que teria dito em entrevista à imprensa que a CPI "é ruim". “Ele menosprezou nosso trabalho, nossa função de fiscalizar", disse Wesley.

A CPI do Abuso de Poder, como é chamada, tem prazo de 120 dias para entregar um relatório, podendo ser prorrogado por mais 60. A intenção é determinar diligências, convocar autoridades, tomar depoimentos, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, requisitar informações, documentos e serviços, inclusive policiais, e transportar-se aos lugares onde se fizer necessária a sua presença.

O relatório final será encaminhado pelo presidente da CMBH ao Ministério Público ou à autoridade competente para que se promova a responsabilização civil, criminal ou administrativa de possíveis infratores.

Fonte: Hoje em Dia

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