O procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares, chefe do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) espera que a conclusão do novo acordo de reparação dos danos causados pela tragédia de Mariana (MG) ocorra ainda no primeiro semestre de 2023.

"Estamos sentados há dois anos e meio discutindo um novo acordo. Quando ele chegava à parte final, houve eleição, com a mudança de governo. Agora, estamos esperando o governo federal, a partir da orientação do presidente Lula, definir como vão chegar a essa mesa [de negociação]", explicou Soares durante sua participação no quadro "MGR na Política", da Record TV Minas, na noite desta quinta-feira (23).

O PGJ explica que o termo não foi assinado em setembro passado devido a um impasse com as empresas, que queriam mais tempo para realizar os pagamentos necessários. "Não dá para jogar essas obrigações para daqui a 15 anos. Elas [as empresas] querem um prazo maior, pois alegam fluxo de caixa", detalha.

A expectativa de Soares é que os envolvidos na negociação voltem a se reunir em março deste ano. Segundo ele, o foco do acordo são os atingidos, o meio ambiente e o ressarcimento econômico dos estados e da União, que perderam recursos com a tragédia.

"O interessante é que as negociações foram suspensas em setembro e quem nos procurou foram as próprias empresas. Elas sabem que estão gastando mal", contou o procurador-geral, que afirma que o atual acordo não satisfaz nem às mineradoras, nem à população.

A barragem de Fundão estourou no dia 5 de novembro de 2015. O desastre matou 19 pessoas e poluiu os rios Doce, Gualaxo do Norte e do Carmo. Os detritos do rejeitos chegaram ao oceano Atlântico, pelo Espírito Santo. Quase 300 famílias ficaram desabrigadas.

A Samarco, dona do reservatório, informou que já indenizou mais de 409 mil pessoas e que o valor gasto até o momento foi de R$ 28 bilhões. Segundo a Fundação Renova, criada para administrar a reparação, das 568 famílias que tiveram casas afetadas, 209 já foram contempladas. No novo distrito de Bento Rodrigues, 107 imóveis estão prontos. Em Paracatu de Baixo, são 39. Com orçamento de R$ 8 bilhões para este ano, até o fim de 2023 o total destinado à reparação será de R$ 36 bilhões. O Governo de Minas Gerais afirmou que o novo termo de repactuação de Mariana está em fase de negociação.

A reportagem procurou o Governo de Minas para comentar a repactuação e aguarda o retorno.

Fonte: R7MG