Voos cancelados: fiéis mineiros vivem a expectativa de conseguir sair de Israel
09/10/2023 04:23 em REGIÃO

 

Em meio à guerra etre Israel e Hamas, há turistas mineiros em Jerusalém vivendo com as incertezas.

Voos do Aeroporto de Tel Aviv, há cerca de 70 quilômetros dali, estão sendo cancelados desde o início dos bombardeios, que chegaram até a região metropolitana da cidade.

Alguns locais israelenses, considerados como sagrados pelos cristãos, recebem muitos turistas entre o fim de setembro e início de outubro, quando os judeus comemoram a Festa dos Tabernáculos.

Esse foi o motivo da viagem da pastora da Igreja Batista da Lagoinha de Belo Horizonte Ezenete Rodrigues, moradora de Sabará. Ela e mais três pessoas - de BH, São Paulo e Vitória (ES) - foram ministrar em alguns eventos.

 

 

"Chegamos no dia 28 de setembro. Participamos da Festa dos Tabernáculos, que começou no dia 29 de setembro e terminou no dia 6 de outubro. Começamos em Tiberíades e terminamos aqui em Jerusalém. Tivemos um tempo muito precioso, com pessoas de várias nações clamando a Deus", conta a pastora.

Quando os primeiros ataques do Hamas aconteceram, nesse sábado (7), Ezenete estava no aeroporto, na fila para embarcar, mas não conseguiu.

 

"Fomos para o aeroporto, pegar o nosso voo às 8h da manhã (horário local), estávamos embarcando quanto tudo começou. As sirenes tocaram. Nós fomos levados para uma sala, um ambiente onde eles entendem que tem segurança. Passou rápido e voltamos novamente para embarcar, mas logo recebemos a notícia de que não seria possível. Foi assim durante o dia todo. Foram dois episódios da sirene tocando, foi um pouco tenso, mas nada grave aconteceu ali dentro".

 

 

A pastora e os companheiros de viagem voltaram e se hospedaram em Israel, onde aguardam a comunicação da empresa aérea sobre quando acontecerá o voo, previsto para a tarde desta segunda-feira (9), ainda sem horário definido.

Em primeiro momento, eles não virão para o Brasil. Antes passarão por Portugal, seguindo a agenda religiosa.

Apesar do momento de tensão em Israel, Ezenete não transparece estar abalada.

 

"Estou aqui na hora certa, no momento certo. Porque tudo é da permissão de Deus. Se Ele me escolheu para estar aqui, para não voar momentos antes de tudo acontecer, é porque queria que eu estivesse aqui, orando, clamando, intercedendo por Ele. É o que eu acredito, é a minha fé", afirma a pastora.

 

 

Caravana

 

Já o pastor da Igreja Batista de Contagem, Oziel Matos, foi participar de uma caravana com mais três pessoas da Grande BH, além de outros quatro brasileiros. No total, o grupo tem cerca de 70 pessoas, contando com estrangeiros.

 

"Nós temos uma peregrinação anual na Terra Santa. É a minha segunda vez, a primeira foi em 2019. Agora é a primeira depois da pandemia", conta.

O grupo chegou no dia 1° no Egito, por onde começou a caravana. Seis dias depois, eles entraram em Israel. Após passar por algumas cidades israelenses, os turistas brasileiros receberam a notícia do início dos bombardeios quando estavam em Tiberíades.

Desde então, segundo Oziel, apesar da caravana não sofrer mudança de rota, a imprevisibilidade acompanha o restante do cronograma.

 

"A notícia que a gente tinha, hoje pela manhã, era de que Jerusalém estava com todos os locais de visitação abertos, tudo normal. Mas quando chegamos aqui era diferente. A cidade está com as ruas vazias. As vias principais até tem alguma movimentação. Mas as vias centrais, que são bem movimentadas, não tem nada. Estamos hospedados próximo ao Centro de Jerusalém, que está vazio. A única pessoa que vi aqui estava correndo a pé. A situação aqui não é fácil, é de guerra, não é simples", afirmou.

 

O pastor conta que, nesta segunda, vai partir com o grupo para um local mais seguro ainda dentro de Israel. Eles solicitaram que a antecipação do voo de volta ao Brasil, previsto para o dia 12.

 

"Agora estamos com essa expectativa de que aos poucos vamos sendo encaixados nos voos. Mas se não der, nós estamos aqui orando pedindo a Deus para nos guardar, nos livrar de todos esses ataques, que não são em Jerusalém, é lá na Faixa de Gaza. A gente passou a cerca de 30 km da região, vimos muita movimentação do exército, circulando com os blindados, homens. Mas foi lá".

 

 

Enquanto aguardam, o fiéis tentam se manter tranquilos.

 

"Como parte aqui da liderança, da caravana, temos que trabalhar o emocional dessas pessoas através da nossa fé. Porque a gente ensina muito sobre fé, mas quando está numa situação dessa é que vê se o que você ensina é uma fé verdadeira ou superficial".

 

 

Itamaraty

 

Por meio de nota, o Governo Federal afirmou que planeja a repatriação de brasileiros que estão na região de guerra, por meio de voos da Força Aérea Brasileira. Entretanto, não há previsão de quando acontecerá o primeiro voo.

A Embaixada do Brasil publicou em seu site um formulário para inscrição de quem tem interesse nos voos de repatriação.

Porém, devido à incerteza de quando o resgate começará, o Itamaraty pede que os brasileiros que tenham bilhetes aéreos comprados, embarquem nos voos comerciais disponíveis.

 

“Em relação aos brasileiros na Palestina, o Governo busca viabilizar as condições necessárias que permitam a implementação de plano de evacuação dos nacionais que queiram deixar a Faixa de Gaza ou a Cisjordânia.

 

O Governo brasileiro montou no Itamaraty estrutura para o acompanhamento da situação dos brasileiros na região.

Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com “Whatsapp”, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência.

 

O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610”, finaliza o texto.

Até o momento, a Embaixada em Tel Aviv contabilizou três brasileiros desaparecidos e um ferido. Todos estavam em um festival de música no distrito sul de Israel, a cerca de 20 km da Faixa de Gaza.

 

Fonte: G-1 MG

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