'Empresário' mineiro que distribuía fuzis a criminosos do Rio é preso pela PF
13/10/2023 05:08 em REGIÃO

 

Uma empresa de móveis localizada no bairro Calafate, na região Oeste de Belo Horizonte, era usada como fachada para disfarçar a fabricação e distribuição de fuzis para facções e milícias do Rio de Janeiro. O empreendimento foi alvo de buscas na última quarta-feira (11 de outubro), quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a operação War Dogs. Três pessoas presas, entre elas estaria o "empresário" Silas Diniz Carvalho, que seria de Contagem, na região metropolitana da capital mineira, e com quem foi apreendida uma Lamborghini avaliada em mais de R$ 1 milhão. 

O nome da operação faz referência ao filme norte-americano de 2016 Cães de Guerra, que trata sobre o tráfico internacional de armas de fogo. De acordo com a PF, o criminoso de Minas Gerais seria "um dos maiores fabricantes de armas do Brasil" e, por isso, o nome do filme de ação foi escolhido. 

Ao todo, ainda conforme a corporação, no dia foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão tanto em Minas Gerais como no Paraná, estado onde ficaria uma "filial" da empresa de móveis que era usada para a montagem e distribuição dos armamentos pesados. A ação foi um desdobramento da operação que, no dia anterior, apreendeu 47 fuzis em uma mansão na Barra da Tijuca, no Rio. 

Depois do encontro do arsenal, a PF entrou na Justiça com o pedido para o cumprimentos das buscas e, também, pelo sequestro dos bens dos três homens presos, entre eles, Carvalho, que foi apontado como o "principal alvo da operação". 

"Em um dos locais, onde aparentemente funcionava uma fábrica de móveis, os policiais federais encontraram materiais, maquinários e caderno de anotações com manual de instruções que indicam que o grupo criminoso realiza a fabricação e montagem de fuzis no estado de Minas Gerais. Os indícios apontam que o armamento é posteriormente enviado ao Rio de Janeiro, onde é comercializado e distribuído para as facções criminosas que atuam nas comunidades do estado", detalhou a corporação. 

Em sua rede social, o ministro da Justiça, Flávio Dino, divulgou um vídeo em que parte do arsenal encontrado aparece em caixas. "Neste ano, no Rio de Janeiro, houve apreensão de milhares de armas ilegais. Também foram apreendidos bens e ocorreram prisões", disse o ministro.

O "empresário"

Em sua rede social, Silas Diniz Carvalho se apresenta como "administrador de empresas". No perfil, entre os vários empreendimentos do homem, aparece a Manchester Indústria e Comércio LTDA, que tem como atividade principal a fabricação de esquadrias de metal, mas, segundo a PF, era na verdade usada como fachada para as atividades criminosas do suspeito. 

"Iniciei minha carreira atuando em uma pequena empresa familiar de esquadrias de alumínio, posteriormente atuei em uma empresa de caldeiraria aonde pude aprender sobre leitura e interpretação de desenho técnico para marcação e transformação de peças metalmecânicas. Na sequência, atuei no departamento comercial de uma grande empresa processadora de vidros, como vendedor", detalha o homem em seu perfil na rede social profissional. 

Em seguida, Carvalho diz ter fundado uma nova empresa de "esquadrias de alumínio" e, em 2018, teria realizado a aquisição da Manchester Móveis, descrita por ele como "empresa com vasto know-how em fabricação de móveis e hubs metálicos de alto padrão". 

"Em 2020, durante a pandemia, decidimos inovar, quando interrompemos nossa linha de produção de esquadrias especiais e criamos a Eurasia Portas Design (...) Em 2022 fundamos a MSA - MINERAÇÃO SANTO ANDRÉ LTDA, empresa processadora de minério de ferro com sede em Itabirito - MG", finaliza o "empresário" na rede social. 

Para além da Lamborghini avaliada em mais de R$ 1 milhão, na casa do mineiro a PF ainda apreendeu peças de fuzis, carregadores e munição para as armas. 

Fonte: Jornal O Tempo

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!