A vida do governador Romeu Zema (Novo) tem se tornado cada dia mais difícil em Brasília. O coordenador da bancada mineira na Câmara dos Deputados, Luiz Fernando Faria (PSD), é mais um a reprovar a postura de Zema durante as discussões pela sugestão alternativa à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) apresentada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD). 

Ao Aparte, Luiz Fernando, que é próximo a Pacheco, destacou que a União já se mostrou disposta a resolver o problema, mas que a solução está atrelada à postura do governador mineiro. 

“O Zema está atrapalhando muito, não ajuda em nada. O governo federal está muito disposto a resolver o problema, mas depende da postura dele (governador). Estamos em negociação com o ministro, o governo tem boa vontade, mas a postura do Zema não ajuda em nada. Ele não se movimentou em cinco anos, tendo quatro um governo aliado, e agora quer em 30 dias resolver?”, questionou o deputado. Luiz Fernando participou ontem da reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Pacheco. 

O coordenador da bancada mineira na Câmara já havia participado do encontro entre Pacheco, o presidente da Assembleia (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), e líderes do Legislativo, desde João Magalhães (MDB), do governo, até Ulysses Gomes (PT), da oposição, no último dia 16. Quando se reuniram em Brasília, Zema ainda estava em missão internacional na China e no Japão.

Enquanto Pacheco tem juntado uma série de aliados de peso em Brasília, como o ministro da Fazenda e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de Luiz Fernando, Zema tem ficado à mercê dos ataques. Nos últimos dias, Haddad teceu inúmeras críticas ao governador em relação a uma busca para a resolução da dívida bilionária do Estado com o governo federal.

Segundo o chefe da equipe econômica de Lula, o governador não tem ajudado no processo, mas sim atrapalhado com críticas públicas direcionadas a Pacheco e a Lula. Nesta semana, Pacheco também alfinetou Zema após ele cobrar maior rapidez da União para analisar a proposta apresentada pelo senador, que prevê a federalização das estatais mineiras em troca da redução da dívida do Estado.

Em Minas, o cenário de Zema não é diferente. Apesar de o governador ter elogiado o presidente da Assembleia nesta sexta-feira (8/12), Tadeu Martins está entre os aliados de Pacheco. O presidente do Congresso Nacional e Tadeuzinho são próximos desde quando o senador era filiado ao MDB, partido que deixou em março de 2018 para se juntar ao antigo DEM com a pretensão de ser candidato ao governo de Minas Gerais à época. Pacheco, inclusive, é amigo do pai de Tadeuzinho e ex-deputado estadual, Tadeu Leite. Eles fizeram dobradinha em algumas regiões quando o Pacheco era deputado federal. 

O único que saiu em defesa de Zema, mas sem deixar o tom crítico contra o seu governo, foi o ex-governador, Aécio Neves (PSDB). 

A propósito, Luiz Fernando disse que, em meio às muitas soluções apresentadas para a dívida, a proposta do senador é a única que tem negociação efetiva e que tem avançado nas discussões. 

Fonte: Jornal O Tempo