“Bairro da Zona Sul não é lugar de macaco preto que come lixo morar”. Essa é uma das falas que um casal diz ter ouvido da mulher de 53 anos, vizinha deles em um prédio no Bairro Bom Pastor, em Juiz de Fora.
O caso aconteceu na noite do domingo (14) na Rua Doutor José Batista de Oliveira. Após a chegada da Polícia Militar ao local, uma das vítimas gravou algumas das ofensas da mulher. A suspeita foi detida e conduzida à delegacia, onde teve o flagrante ratificado.
O Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) cita também que ela recebeu voz de prisão por ameaça e que, mesmo com a chegada dos militares, seguiu com as ofensas. Na delegacia, voltou a se exaltar ao saber que teria que aguardar na cela.
Na noite da segunda-feira (15), ela deu entrada na Penitenciária José Edson Cavalieri. O g1 não conseguiu contato com a defesa dela ou familiares.
Xingamentos começaram há duas semanas
A reportagem conversou com Felipe de Souza Alves, de 26 anos, umas vítimas. Segundo o catador de materiais recicláveis, ele e a companheira Fernanda da Silva Santos, de 24 anos, teriam começado a ser alvos de injúria racial após se mudarem para o apartamento.
Felipe contou que ele e Fernanda começaram a receber xingamentos agressivos da vizinha no dia seguinte à mudança, há aproximadamente duas semanas.
"Os insultos eram vários. Fomos chamados de macacos que comem lixo, porque sou catador de material reciclável. Sofremos preconceito devido à religião de matriz-africana. Minha esposa foi chamada de nomes que não tenho coragem de repetir".
Para Felipe, a situação chegou ao limite no domingo (14). "Recebemos a visita da minha sogra e, a todo o momento, escutamos gritos estarrecidos da agressora. Fiquei com vergonha da situação e, para que ela não continuasse presenciando essa situação, pedi que minha sogra fosse embora".
Como os insultos não pararam, o casal acionou a Polícia Militar. De acordo com o Reds, quando os militares chegaram, a suspeita continuou agressiva.
Boletim de ocorrência cita embriaguez
Aos militares, a mulher alegou que os vizinhos não deixavam ninguém dormir e que ouviam música em volume muito alto.
Diante da condição dela no momento da chegada dos militares, uma equipe do Samu foi acionada. Aos policiais, o marido disse que a mulher estaria em surto psicótico. Os socorristas, então, solicitaram um laudo médico para confirmar a condição, que não foi apresentado.
forme o boletim policial, a própria mulher confessou ter misturado bebida alcoólica com remédios controlados, apresentando também olhos vermelhos e andar cambaleante. Por este motivo, o Samu deixou o local sem conduzi-la para atendimento médico. Ela foi detida e levada à delegacia.
Uma avaliação dos socorristas indicou que, na verdade, a mulher estaria sob efeito de álcool.De lá, segundo a Secretariade Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), levada para a Penitenciária José Edson Cavalieri, onde deu entrada por volta das 23h da segunda-feira (15), ficando à disposição da Justiça.
Fonte: G-1 Zona da Mata