Empresa representada pelo PM Luiz Dominguetti quis vender vacinas para prefeituras de Minas
03/07/2021 06:45 em REGIÃO

 

A americana Davati Medical Supply tentou vender vacinas para pelo menos duas prefeituras de Minas Gerais. Uma delas, a de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, foi procurada pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti.

Ele prestou depoimento na CPI da Covid, no Senado, nesta quinta-feira (1º), após denunciar suposto esquema de propina no governo Bolsonaro em reportagem divulgada pelo jornal Folha de São Paulo.

 

  • Saiba quem é Dominguetti Pereira, homem que denunciou suposto esquema de corrupção no governo Bolsonaro
  • Dominguetti admitiu que ofereceu vacinas da AstraZeneca ao Ministério da Saúde, mas documentos revelam que ele também negociava com prefeituras. Ele discutiu a venda de imunizantes para Ituiutaba. A prefeitura da cidade desconfiou de fraude e desistiu do negócio. A Polícia Civil investiga o caso.

    A Davati exigia uma carta de intenção de compra dos prefeitos. Na CPI da Covid, foi apresentado um documento assinado pelo prefeito de Betim, Vitorio Medioli, que queria vacinas da Janssen.

    Em 29 de março, o representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, enviou uma carta afirmando que não tinha mais vacina em estoque nos Estados Unidos, apenas a AstraZeneca. A prefeitura de Betim também desistiu do negócio.

    Os supostos representantes da empresa americana enviaram aos prefeitos duas credenciais. A de Cristiano Carvalho foi assinada por Hernan Cardenas, responsável pela Davati.

    Havia um carimbo. A imagem é cópia do brasão de armas da Rússia. A credencial de Luiz Paulo Dominguetti é assinada pelo próprio Cristiano Carvalho. A TV Globo pediu à assessoria da Davati que confirmasse a autenticidade dos documentos, mas não recebemos resposta.

     

    Medical One

     

    Outras três prefeituras de Minas Gerais, entre elas a de Belo Horizonte, confirmaram à TV Globo que assinaram carta de intenção para compra de vacinas contra a Covid com empresas farmacêuticas que estão sob suspeita.

    Desde o dia 23 de fevereiro deste ano, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que estados e municípios poderiam comprar, diretamente, vacinas contra a Covid, começou uma corrida de supostos vendedores atrás das prefeituras.

    Um grupo que dizia representar a Medical One, uma empresa com sede na Suíça, enviou e-mail a municípios mineiros.

    O texto afirma que a empresa estava facilitando a chegada da vacina AstraZeneca no Brasil, ao preço de US$ 7 por dose. Segundo a proposta, não seria necessário fazer pagamento antecipado e, sim, apenas após a conferência no Brasil, no aeroporto indicado pelo comprador. E que todas as taxas e transporte já estavam incluídos no preço.

    A empresa só fazia uma exigência: precisava receber uma carta de intenção de compra, assinada pelo prefeito, para dar início às negociações. E para dar mais credibilidade à proposta, mostrava que já tinha o compromisso assumido com algumas cidades.

    O email trazia anexada a carta de intenções da prefeitura de Confins. O documento diz que o município da Grande BH pretendia comprar 10 mil frascos, com dez doses cada, ou seja, cem mil doses da AstraZeneca. O texto ainda dizia que a prefeitura de Belo Horizonte também estava negociando a compra de 4 milhões de doses com a Medical One.

    No dia 30 de março, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou que discutia a compra de vacinas da AstraZeneca, mas a farmacêutica negou que houvesse negociação em andamento.

    A PBH afirmou que conversou com uma empresa europeia, chamada Medical One, cujo representante chamava-se André Luiz. A nota informa ainda que não houve um segundo encontro.

    A proposta da Medical One revela que pelo menos duas empresas tentavam vender vacinas no Brasil.

     

    O que dizem os citados

     

    Prefeitura de Curvelo confirmou que conversou com uma terceira empresa, mas também desistiu da negociação.

    Prefeitura de Betim afirmou que foi procurada pela empresa Davati, com oferta da Janssen. E que o prefeito enviou um documento demonstrando que só tinha doses da AstraZeneca. E o município encerrou a negociação. Betim reforçou que só usou doses enviadas pelo SUS.

    Prefeitura de Confins disse que assinou oito cartas de intenção de compra, sendo uma delas com representantes da Medical One, que se diziam habilitados a vender vacinas AstraZeneca. Mas não deu sequencia às negociações. E não fez nenhum pagamento.

    Prefeitura de Ituiutaba não se manifestou.

    Davati confirmou que apresentou a oferta ao Ministério da Saúde para intermediar a compra de até 400 milhões de vacinas, mas não esclareceu se as credenciais de Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominguetti são verdadeiras.

     

    Cristiano e Dominguetti não foram encontrados para falar sobre o assunto.

     

    Fonte: G-1 Minas

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