Vale vai iniciar remoção de rejeitos de barragens de Nova Lima e Barão de Cocais
Publicado em 05/07/2021 14:13
REGIÃO

 

A Vale informou, nesta segunda-feira (5), que vai iniciar a realização de atividades com equipamentos não tripulados para a remoção de rejeitos nas barragens B3/B4, da Mina de Mar Azul, em Nova Lima, na Grande BH, e Sul Superior, da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais. A mineradora não anunciou prazo para a conclusão da descaracterização das estruturas.

As duas barragens estão no nível 3 do Plano de Ação de Emergência em Barragem de Mineração (PAEBM), o que significa risco de ruptura iminente.

Em Barão de Cocais, os moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) foram retirados de casa em fevereiro de 2019. Segundo a Vale, 156 famílias foram evacuadas. No mesmo mês, residentes da ZAS da barragem B3/B4, localizada no distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, foram retirados de suas residências. Lá, 118 famílias foram evacuadas.

Segundo a Vale, a descaracterização dessas barragens é um processo "complexo" e "qualquer intervenção pode representar incrementos de riscos". A empresa construiu estruturas de contenção a jusante nos dois territórios, com capacidade "para conter os rejeitos em um cenário em que haja essa necessidade".

"Empresas especialistas, independentes da projetista e da construtora, analisaram e certificaram que as estruturas são estáveis e, portanto, conferem segurança às comunidades localizadas abaixo delas", informou a Vale, em nota.

A barragem Sul Superior possui 36 metros de altura e 330 metros de comprimento. A remoção de rejeitos terá início com a coleta de amostras, com o "objetivo de ampliar o conhecimento sobre as características do material disposto no reservatório, para aprimoramento da segurança e das técnicas que serão usadas durante o processo de descaracterização". Também serão abertos canais para melhorar o escoamento de água da estrutura.

A barragem B3/B4 tem 33 metros de altura e 221 metros de comprimento. Na estrutura, "a remoção dos rejeitos será feita concomitantemente à conclusão da retirada parcial de uma pilha de estéril no local", de onde foram tirados 350 mil metros cúbicos de material desde novembro de 2020.

Todas as atividades programadas nas duas barragens serão executadas com equipamentos não tripulados, operados de forma remota a partir de uma central de controle fora das estruturas.

 

"Diante da complexidade e riscos do processo de descaracterização dessas estruturas, a Vale informa possuir um rigoroso controle de todas as ações implementadas com o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores e das pessoas que vivem em comunidades próximas", informou a Vale, em nota.

 

 

Ainda segundo a mineradora, as barragens estão sendo monitoradas pelo Centro de Monitoramento Geotécnico e, "em caso de necessidade, as atividades serão suspensas para as devidas avaliações".

Questionada pelo G1, a Vale não informou o prazo para a conclusão da descaracterização das estruturas. A Lei 14.066, sancionada em 2020, determina que todas as barragens construídas ou alteadas pelo método a montante devem ser descaracterizadas até 25 de fevereiro de 2022, mas um estudo do Ministério Público aponta que, das 56 barragens a montante de Minas, apenas oito vão concluir o processo a tempo.

A barragem de Fundão, em Mariana, que se rompeu em 2015, matando 19 pessoas, utilizava esse método, assim como a de Córrego do Feijão, que estourou em Brumadinho, em 2019, e provocou 270 mortes.

Segundo o coordenador do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Luiz Paulo Siqueira, em reunião realizada com representantes da Vale, um engenheiro da mineradora apresentou um cronograma que prevê a conclusão das obras de descaracterização da barragem em Barão de Cocais apenas em 2029.

 

"Vamos nos mobilizar para cobrar mais celeridade para que a população do centro de Barão de Cocais possa ter mais segurança, e as comunidades evacuadas possam retornar para casa", afirma Siqueira.

 

Em nota, a Vale disse que descaracterizou cinco estruturas desde 2019: a barragem 8B, na mina de Águas Claras, em Nova Lima, três no Pará e o dique Rio do Peixe, em Itabira, na Região Central de Minas.

"O Programa de Descaracterização de barragens da Vale é baseado em informações e estudos técnicos e considera a especificidade de cada uma das 30 estruturas geotécnicas, compreendendo 16 barragens, 12 diques e dois empilhamentos drenados", concluiu a mineradora.

 

Fonte: G-1 Minas

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