Suspeita de matar filha em Barbacena será indiciada por feminicídio e violência doméstica; avó também responderá pelo crime
27/07/2021 15:10 em REGIÃO

 

A mulher de 35 anos, suspeita de matar a própria filha, de 1 ano e 2 meses, no último dia 12 de julho em Barbacena, será indiciada por feminicídio através de meio cruel, violência doméstica, além de impossibilidade de defesa da vítima. A informação foi divulgada durante coletiva de imprensa da Polícia Civil na manhã desta terça-feira (27).

A avó da criança também será indiciada por omissão de socorro.

Durante a coletiva desta manhã, a Polícia Civil informou ainda que a arma do crime não foi encontrada, porém, pode-se concluir que a bebê foi morta a facadas. O laudo médico constatou mais de 30 perfurações e lesões no corpo da vítima.

"A avó apresentou uma tesoura que ela teria encontrado em um mato próximo à casa onde o crime ocorreu, mas a perícia não localizou sangue no objeto. Por isso, arma foi descartada das investigações. No dia do fato foram recolhidas duas facas, que podem ter sido usadas no crime, uma vez que são compatíveis com as lesões no corpo da criança, mas também não foi encontrado sangue nos objetos", explicou a delegada responsável Amanda Sfredo Martins Prezotti.

 

Investigações

 

As investigações foram encerradas na última quinta-feira (22), mas a informação sobre a conclusão do inquérito foi divulgada pela polícia na tarde da segunda-feira (26).

De acordo com a delegada regional Flavia Mara Camargo Murta , foi feita uma reprodução simulada do crime, bem como levantamento de local, estudo do perfil da suspeita e perícias técnicas. O pai da criança, vizinhos e a própria mãe também foram ouvidos.

A avó da vítima participou da simulação do crime, informou o investigador Rosemberg Pereira

Violência doméstica

No dia 9 de julho, uma ocorrência de violência doméstica foi registrada contra o pai da criança. Ele chegou a ser levado para a Delegacia, entretanto, não teve o flagrante ratificado.

"A autora, mãe da criança, pediu medidas protetivas contra o marido. Medidas essas que foram cumpridas e, desde então eles não tiveram contato", informou a escrivã Isabel Cristina Moreira.

Conforme a Civil, o homem, que não teve a idade divulgada, não será indiciado pela morte da filha, porque a participação dele crime foi descartada.

Transtornos psicológicos

Durante as investigações, familiares relataram que a suspeita fazia tratamento psiquiátrico e que estava com depressão. No depoimento, a mãe da bebê informou que teve um surto.

Segundo a delegada responsável, Amanda Sfredo Martins Prezotti, a autora fazia acompanhamento há cerca de 2 anos com uma psicóloga e uma psiquiatra, que também foram ouvidas.

"A psicóloga disse que a autora apresentava sinais de ansiedade e estresse, mas nada que sob a ótica da profissional pudesse chegar a um fato tão grave como este. A psiquiatra relatou que a autora foi diagnosticada com transtorno bipolar, que pode se tornar mais grave se não medicado corretamente", explicou a delegada.

A psiquiatra disse ainda que não pode afirmar que a autora teve um surto, mas não é impossível de que tenha ocorrido.

"Não se descarta a possibilidade do surto, porém nós temos uma criança de 1 ano e 2 meses, morta com 37 perfurações e 25 feridas multiformes, sem nenhuma lesão característica de defesa, o que indica a crueldade na execução e uso de recurso que impossibilitou defesa da vítima", concluiu a delegada.

Avó será indiciada

A avó da criança será indiciada por omissão de socorro e poderá cumprir pena de até 6 meses de reclusão ou multa.

"A avó da criança foi indiciada porque é a única testemunha presencial do fato. Ela disse que estava minutos antes do crime ocorrer na casa da filha. Elas se encontraram do lado de fora, momento em que ela começou a ouvir os gritos desesperados da criança. Como ela estava do lado de fora, mas a porta era transparente, era impossível ela não ter presenciado o ato da mãe e mesmo assim ela demorou 20 minutos para entrar na casa. Quando entrou, ela viu a criança, colocou na cama e saiu por socorro, caminhando cerca de 500 metros. Entendemos que ela poderia ter pedido a algum vizinho do lado por socorro, mas ela preferiu levar 7 minutos para chegar na casa de uma conhecida, contar o que aconteceu e só depois retornar para o local do crime", explicou o investigador.

 

Entenda o caso

 

No dia 12 de julho, a Polícia Militar (PM) prendeu uma mulher, de 35 anos, suspeita de matar a própria filha, de 1 ano e 2 meses, no Bairro Nossa Senhora Aparecida, em Barbacena.

A bebê foi encontrada com o corpo ensanguentado, com diversas perfurações provocadas por um objeto pontiagudo. A perícia da Polícia Civil realizou os trabalhos de praxe e constatou que a vítima foi golpeada de 20 a 21 vezes no rosto e pescoço.

A avó da criança relatou que foi até a casa da filha e pediu para ver a neta. Como a mulher demorou a abrir a porta, a avó olhou pela janela e viu que a filha pegou a criança no colo, que chorava, e a levou para a cozinha.

Quando abriu a porta para a avó da criança entrar, a mulher informou que a criança estava no quarto. A avó foi até lá e não encontrou a neta. Em seguida, foi até a cozinha e viu a menina toda ensanguentada, caída no chão numa área próxima ao fogão.

A avó pegou a neta no colo e colocou na cama. Nesse momento, a mãe da criança, suspeita de ter praticado o crime, fugiu de casa. Ela foi encontrada pouco tempo depois no Bairro Grogotó, onde foi presa em flagrante.

"Ela não falava nada, ficava de cabeça baixa em estado de choque e permaneceu assim por quase toda a ocorrência. Só depois de quase 4 horas que ela disse que teve um surto e não se recorda de nenhum momento de dentro de casa, só recorda de estar na rua", explicou o tenente da PM, Rafael Andrade.

A mulher foi levada para a Delegacia de Polícia Civil, onde prestou depoimento e, em seguida, encaminhada para uma unidade do sistema prisional no dia 13 de julho.

Segundo a PM, a mulher repetia que iria se separar do marido, que não tinha dinheiro e precisava trabalhar para cuidar da filha.

No dia 9 de julho, o marido da suspeita e pai da criança saiu de casa após denúncias de ter agredido a mulher. Familiares informaram que a mulher sofria de depressão e fazia tratamento para transtornos psicológicos.

 

Fonte: G-1 Zona da Mata

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