Morre o músico e cronista Albino Montes aos 92 anos
31/07/2021 06:08 em LEOPOLDINA

 

Morreu nesta sexta-feira,30/07, um dia após completar 92 anos de vida,  Albino Montes, músico remanescente da lendária Leopoldina Orquestra. Ele que já convivia nos últimos anos com o Mal de Alzheimer, estava internado em Belo Horizonte, onde residia, devido a complicações do Covid19.  

Nascido no distrito cataguasense de Vista Alegre em 29 de julho de 1929, filho de Albina Clara Fernandes Montes e Otávio Rezende Montes. Albino era irmão de Leonides, José, Maria Thereza, Sebastião, Dolcemira, Belarmino, Herminia, Helena, Palimércio e Francisco Wilson. Quando ele era ainda criança a família mudou-se para o bairro Pirineus em Leopoldina.

Por influência dos irmãos José e Sebastião, interessou-se pelo violão. Com eles e o amigo José Lourinho formaria um conjunto Regional. Um dia, seu pai trouxe o instrumento para casa e embora não soubesse tocar, acabou incentivando o menino que mais tarde também tocaria outros instrumentos, principalmente o cavaquinho que ganhou do amigo Gabriel Lacerda Sena.


 


Leopoldina Orquestra em Juiz de Fora - 1950 - Da esquerda para a direita: Manoel Monteiro, Albino Montes, Edinho, Ulisses, Ponté, O maestro Argemiro Bitencourt, Vieira, Castrogildo, Candinho, Valtinho, Noé e Alfredo.
( Fotografia gentilmente cedida por Albino Montes )

 

Por volta de 1944 conheceu a Leopoldina Orquestra e estudando música com os maestros Argemiro Bittencourt (titular da orquestra) e Manoel Monteiro (Maestro que o sucedeu) Albino a partir de 1949 se tornaria membro da lendária corporação musical fundada por José Brando na década anterior.

Na orquestra ficou até 1952, quando foi para o Rio de Janeiro, então Capital Federal e cultural do Brasil.  Por lá formou o conjunto Trovadores da Lua com Helinho, Delorme, Leco e Aluizio, participando de diversas apresentações em rádios e clubes.

Trabalhou como bancário e em 1961 tornou-se funcionário da Petrobrás, fazendo carreira na estatal, na qual se aposentou em 1982.  Ainda na década de 1960 integrou o Anjos do Céu, aquele que considerava o mais importante conjunto do qual participou. O grupo vocal era formado além de Albino, por Aloízio, Joãozinho, Bento e Mário, depois   também por Bianor, Sãozinho e Bebém.  Participaram de boa temporada na Rádio Mayrink Veiga e chegaram a gravar disco na emissora.



Albino relembrando gravação do Anjos do Céu de 1959



Em 2003, publicou o livro “Leopoldina, sua gente sua música” em que fez um resumo de suas memórias da música em Leopoldina nas primeiras décadas do século XX até a década de 70.  Sentindo que tinha muito ainda a contar, Albino publicou de 2005 a 2007 no jornal Leopoldinense  a coluna “No tempo do Horácio e do Licinho” com crônicas atraentes até para quem não viveu as épocas focalizadas.  Horácio e Licinho eram músicos e seus antigos vizinhos de juventude no Pirineus. O livro e as crônicas deram origem ao enredo do bloco dos Pirineus em 2009, adaptado por mim, Luciano e com um bonito samba de Ricardo e Dilson Ribeiro. O tema e desfile, embora muito simples, empolgaram a todos carnavalescos. Em 2010 Albino transformou as crônicas em novo livro sob o mesmo título, o qual tive o prazer de ilustrar.

Albino Montes, residia há muitos anos na capital mineira. Era casado com Maria Dênis Leite Montes, com quem teve os filhos, hoje jornalistas Robson Leite e Luciana Montes.


Robson  havia registrado em vídeo o desfile de 2009 com o título “Um carnaval que não passou...”

Sr. Albino também não vai passar. Vai ficar registrado para sempre na memória de quem o conheceu e daqueles que lerem seus escritos.


1° parte de "Um Carnaval que não passou"



 

A edição n°423 do jornal Leopoldinense, já nas bancas, traz matéria de página inteira falando sobre o documentário “Leopoldina Orquestra - Patrimônio sonoro da cidade” que está sendo produzido e dirigido por Filomena Toledo.

 

Fonte: Jornal Leopoldinense

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