'O prefeito é que achou que ia dar certo e errou', diz Kalil sobre veto às torcidas nos estádios de BH
23/08/2021 14:26 em REGIÃO

 

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), disse, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (23), que a prefeitura é "a única culpada" pelos problemas registrados nas partidas de Atlético-MG e Cruzeiro após a liberação de torcida nos estádios da capital.

 

"Foi o prefeito Kalil que foi ao Comitê (de Enfrentamento à Covid-19) pedir o teste. Ela (a prefeitura) não é partícipe, não, ela é culpada, não tem participação, não, nós é que somos culpados. O prefeito é que achou que ia dar certo e errou", afirmou Kalil.

 

Depois de a prefeitura anunciar a proibição de torcida nos estádios da capital, neste domingo (22), o prefeito disse que vai continuar a empenhar esforços para uma nova liberação do público, caso os indicadores da pandemia permitam. A possível permissão vai depender dos impactos dos dois jogos de futebol realizados na semana passada.

"Nós temos um cadastro de todos os frequentadores do estádio nos dois eventos, pelo menos foi uma das exigências que fizemos, então vamos conseguir nas próximas duas a três semanas comparar o CPF de quem esta internado, doente, ou que testou positivo com o CPF de quem estava no estádio. É óbvio que, se não houver impacto, podemos liberar de novo para o jogo do dia 29, com mais ou menos público", explicou o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, referindo-se à partida entre Atlético-MG e Palmeiras, pela semifinal da Libertadores, marcada para 29 de setembro, no Mineirão.

Segundo o secretário, a prefeitura também vai estudar todos os testes de Covid-19 entregues pelos torcedores para a entrada no estádio.

"Vamos conseguir auditar os testes, saber se foram fidedignos e responsabilizar aqueles que porventura não tenham cumprido o protocolo como deveriam", disse Machado.

De acordo com o prefeito Alexandre Kalil, a decisão de permitir a volta das torcidas ao campo foi exclusivamente da prefeitura, e não houve pedidos dos clubes em relação a isso.

 

"Foi uma iniciativa do Alexandre Kalil, que pediu ao Comitê de Enfrentamento para dar uma oportunidade para a gente saber se dava para voltar o futebol. Então, prestem atenção, nenhum dirigente de nenhum clube de Belo Horizonte esteve via ofício, pessoalmente ou via telefonema pedindo, pensando na torcida de futebol. Então, eu fico absurdado como, de repente, parece que nós estamos fechando unilateralmente o futebol", disse o prefeito.

 

Segundo ele, os clubes foram chamados pelo Executivo apenas para definir os protocolos contra a Covid-19, que acabaram sendo descumpridos.

"Infelizmente deu no que deu, não vamos aqui voltar porque todo mundo assistiu, o Brasil todo assistiu, foi matéria nacional, foi colocado como um verdadeiro escândalo nacional, mas não vamos culpar ninguém, não", pontuou.

Na partida entre Atlético-MG e River Plate, pela Copa Libertadores, na última quarta-feira (18), foram registradas cenas de aglomerações de torcedores sem máscara. Na manhã de quinta-feira (19), o prefeito chegou a dizer, em entrevista ao Bom Dia Minas, que o evento não passou no teste e que poderia "voltar atrás" na decisão de permitir a presença do público nas arquibancadas.

Depois do jogo, novas regras foram definidas em uma reunião que contou com a presença dos clubes de futebol, da Minas Arena e de membros da prefeitura. As ruas foram cercadas para evitar ambulantes e aglomerações e, para ter acesso à região do estádio, as pessoas tiveram de apresentar ingresso e testes contra Covid-19.

No entanto, na noite de sexta-feira (20), a Guarda Municipal abordou 1.073 torcedores sem máscara ou que usavam o acessório incorretamente no entorno do Mineirão, na partida entre Cruzeiro e Confiança pela série B do Campeonato Brasileiro.

 

Críticas a Ricardo Guimarães

 

Após o ex-presidente e integrante do atual colegiado de administração do Atlético-MG, Ricardo Guimarães, criticar a prefeitura pela proibição da presença da torcida nos estádios de Belo Horizonte, Kalil usou a coletiva para responder o que chamou de "ataque descabido, virulento, asqueroso".

Segundo o prefeito, o discurso de Guimarães foi "político-partidário", com o objetivo de jogar a torcida do Atlético-MG contra ele.

"O Ricardo Guimarães tem um novo atributo, coragem, que nunca foi o seu forte. Convivi com ele dentro do Atlético e coragem nunca foi um atributo do senhor Ricardo Guimarães", disse Kalil.

Sobre a fala de Guimarães de que o sucesso do clube "pode estar causando inveja e ciúmes em gente na prefeitura", o prefeito afirmou que isso "é coisa de fracassado, coisa de quem não ganhou nada, coisa de frustrado, coisa de quem levou o Atlético ao seu maior desastre", em referência à queda do time para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, em 2005.

"Não participo da vida do Atlético, tenho mais o que fazer, tenho que cuidar de uma população, de uma pandemia. Não me meça pela sua régua, Ricardo Guimarães, falar quer o Kalil torce contra o Atlético é uma ofensa a mim e aos meus filhos, não me meça pela sua régua", declarou.

 

 

Resposta a Sérgio Coelho

 

Em resposta ao presidente do Atlético-MG, Sérgio Coelho, que gravou um vídeo, neste domingo (22), dizendo que gostaria de entender a decisão da prefeitura de proibir torcida nos estádios enquanto a Feita Hippie está aberta ao público, Kalil disse que 2.300 famílias dependem da feira para se sustentar.

"São 2.300 famílias que precisam comprar arroz, feijão e, talvez, ovo. São 2.300 famílias tentando se alimentar desesperadamente", afirmou o prefeito.

 

O que dizem os clubes e a Minas Arena

 

O Mineirão informou, em nota, que "cem por cento dos protocolos exigidos para ambas as partidas, que competem a operação do estádio, foram cumpridos. A organização do jogo ainda foi além, realizando ações extras ao exigido".

Disse, ainda, que "a retomada segura depende de todos, da organização do entorno e de uma nova consciência por parte do público".

O Cruzeiro afirmou que "recebeu com respeito" a informação sobre a proibição da torcida nos estádios de Belo Horizonte e que sempre tratou "como prioridades a saúde e a segurança do seu torcedor e da população em geral".

"No entanto, mesmo entendendo e respeitando a preocupação das autoridades locais neste momento, o Cruzeiro reforça sua crença na segurança dos protocolos adotados e a serem seguidos nesta volta gradativa dos torcedores aos estádios", disse o clube, em nota.

O time informou, ainda, que está avaliando novos locais para que a partida contra a Ponte Preta, no dia 7 de setembro, seja realizada com presença de torcedores.

O Atlético-MG ainda não se posicionou sobre a nova proibição de torcida nos estádios.

 

Fonte: G-1 Minas

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