Número de adoções cai 46% na pandemia; são mais de 650 crianças e adolescentes na espera por um lar em MG
Publicado em 06/09/2021 14:40
REGIÃO

 

Receber um novo integrante em casa muda a rotina de qualquer família. Mas de um tempo para cá, essa realidade tem ficado ainda mais distante. A pandemia impactou diretamente nos números de adoção no Brasil. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2019, foram 3.143 adoções no país. Em 2020, esse número foi para 2.184. Em 2021, para 1.517.

Ainda segundo o CNJ, muitos processos foram prejudicados porque fóruns ficaram fechados e rotinas que fazem parte do processo de adoção, como visitas de assistentes sociais e das famílias, não puderam acontecer.

Atualmente, mais de 4 mil crianças e adolescentes estão na fila da adoção no Brasil - a maior parte delas têm mais de 15 anos de idade. Quanto mais tempo no abrigo, menor a chance de encontrar um lar. Em Minas Gerais, são 655 deles na espera por uma família.

Boa parte das crianças e adolescentes disponíveis estão concentradas no Sudeste do país. No Sul de Minas, pessoas já têm levantado meios para mudar essa realidade. Em Alfenas (MG), foi criado um grupo de apoio para auxiliar nas demandas dos processos adotivos.

O abrigo da cidade, além das responsabilidades municipais, também atende outras cidades da região. Por isso, devido à alta demanda de trabalho, o projeto nasceu do desejo de duas professoras idealizadoras, Thais Bento e Vanessa Girotto, em contribuir com a adoção.

O 'Grupo Lar - Laços de Amor e Reencontro' propõe um incentivo às famílias através de um trabalho voluntário. O intuito é ser um braço direito da equipe técnica que cuida da parte judiciária. O grupo promove encontros mensais virtuais com palestras de instrução aos pretendentes, pais e habilitados. Os profissionais voluntários acompanham o processo de pré e pós adoção.

"Conforme conversávamos sobre a adoção, no âmbito privado de nossas vidas e compartilhávamos sonhos e desejo de ter nossos filhos, íamos descobrindo muitas dúvidas e questionamentos que talvez pudessem ser de outras famílias também. Esse foi o momento de gestação do grupo", conta Vanessa ao G1.

 

"A partir de algumas lives de grupos de apoio que acompanhamos na internet, tivemos a alegria de encontrar o Cláudio, que tem sido nosso orientador e assim iniciamos o parto. Nos diálogos com ele nasceu o primeiro encontro do grupo no dia 5 de junho de 2021, com a presença de 20 pessoas. Desde então, temos tido bons resultados", complementa.

Cláudio Mendonça, também fundador de um grupo de apoio em Itajubá (MG), falou ao G1 sobre a realidade atual de adoção em todo o país.

 

"Há prazos de dois anos para que as crianças sejam inseridas em uma família, com ajuda de adoções concentradas há cada seis meses. É triste, porque quanto mais o tempo passa, mais difícil é a adoção por causa da idade. Nosso objetivo é sempre a proteção à criança que está abrigada", finaliza.

 

Outras informações sobre adoção em Alfenas e região e outras dúvidas podem ser esclarecidas pelo contato (35) 9 8429-0484.

Ainda segundo o CNJ, são 29.054 crianças acolhidas no país. Dentre elas, 4.249 estão disponíveis para adoção e 4.537 estão com processos em aberto. Enquanto a maior porcentagem das crianças disponíveis são as com mais de 15 anos, esta faixa etária tem a menor procura.

De acordo com o CNJ, o processo é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima da residência do interessado. A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que exista a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida.

Após a decisão, devem ser apresentados os documentos pessoais que passarão por uma análise e, em seguida, será feita uma avaliação interprofissional. É necessária a participação do habilitado em programa um de preparação para adoção. Após esse processo, é feita a análise do requerimento pela autoridade judiciária e encaminhado para Ingresso no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento.

Após este período, é feito um momento de estágio de convivência de no máximo 90 dias. E, por fim, é concluída a adoção. Momento em que a criança/adolescente passa a ter todos os direitos de um filho.

Fonte: G-1 Minas /  Estagiária, sob supervisão de Lucas Soares

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