Após ser socorrida pelo SAMU e levada para o PSM de Leopoldina, a professora foi transferida para Barbacena durante a madrugada. Com fratura em vértebra torácica, perfuração no pulmão, hemorragia interna e quebra de 3 costelas até o começo da noite desta terça ainda não havia conseguido vaga no SUS Fácil para ser operada.
Um drama vivido pela família da professora Ana Paula Duarte Soares chama mais uma vez a atenção das autoridades responsáveis pelo SUS – Sistema Único de Saúde, pelo atendimento em casos de emergência nos hospitais da região da Zona da Mata de Minas Gerais. Moradora em Leopoldina, bibliotecária e professora de religião do Colégio Imaculada Conceição em Leopoldina, Ana Paula sofreu um acidente de moto no final da tarde desta segunda-feira (8), no Km 777 da BR 116, próximo ao Restaurante Alto da Serra em Leopoldina, quando ela e o marido, Robson Duarte Soares, retornavam de Além Paraíba numa motocicleta, enquanto outros familiares seguiam num automóvel.
“Eu faço um apelo para que as pessoas se imaginem na minha situação, pensem que podia ser a mãe de vocês. Me ajudem, porque só quem está vivenciando isso na pele sabe o que nós estamos passando” disse Ariel, filha de Ana Paula.
De acordo com relatos de uma das filhas de Ana Paula, Ariel Duarte Soares (foto), de 22 anos, o acidente aconteceu quando um veículo ultrapassou três automóveis e para desviar de um caminhão que vinha em sentido contrário jogou o carro para a direita, ocasionando a queda da motocicleta. Ana Paula e Robson foram arremessados ao solo.
A Polícia Rodoviária Federal atendeu rapidamente a ocorrência e posteriormente uma Unidade do SAMU de Leopoldina chegou ao local. Após os primeiros atendimentos às vítimas, o casal foi levado para o Pronto Socorro da Casa de Caridade Leopoldinense, onde após exames foi constatado que Ana Paula teve fratura em vértebra torácica, perfuração no pulmão, hemorragia interna e quebra de 3 costelas, além de escoriações pelo corpo. Ariel comentou que sua mãe chegou consciente ao Pronto-Socorro, mas sentia muitas dores.
O quadro clínico de Ana Paula foi considerado grave, necessitando ser transferida para outro hospital, com as condições necessárias para o caso, inclusive um neurocirurgião e um cirurgião de coluna.
A filha acrescentou que vários contatos foram mantidos em busca de vagas com as equipes dos hospitais de Carangola, Muriaé e Juiz de Fora, sem obter êxito para a internação. Foi pedida a transferência para o Hospital de Barbacena, onde até então haveria vaga para uma possível cirurgia, mas não foi possível que a transferência da paciente fosse feita pela Unidade do SAMU e a família não teve outra opção a não ser contratar uma ambulância particular, da Unimed.
Por volta de 4:30 da madrugada teve início a viagem de Leopoldina até Barbacena, uma distância de 157 Km, entretanto, como a rodovia estava interrompida em determinado trecho a ambulância teve que passar por uma rota alternativa, o que aumentou o tempo de viagem. Ao chegarem em Barbacena às 08h00 da manhã de hoje, não havia vaga no SUS Fácil – sistema que integra os serviços de regulação das macrorregiões de saúde do Estado e que tem o objetivo de agilizar a troca de informações entre as unidades administrativas e as unidades hospitalares na busca ativa de leitos para pacientes que precisam de internação.
Segundo a filha de Ana Paula, até o meio da tarde desta terça-feira (9) ela não havia sido internada. A outra filha do casal, Thiffany, de 26 anos, seguiu para Barbacena junto com a mãe. Com o apoio de amigos, o esposo de Ana Paula, Robson, apesar dos vários ferimentos em razão do acidente, viajou para Barbacena para ficar ao lado da esposa e da filha. A família iniciou contatos por telefone com outros familiares e amigos, além de utilizar as redes sociais implorando por ajuda das autoridades de Saúde do Estado.
Ariel Duarte, que permaneceu em Leopoldina tentando contatos em busca de ajuda, recebeu a reportagem de O VIGILANTE ONLINE em sua residência e após relatar o que estava acontecendo, desabafou chorando: , “O papel do Sistema Único de Saúde é oferecer obrigatoriamente a saúde, mas não oferece isso às pessoas. A situação é desumana, o Estado não apresenta resposta rápida para que não ocorra lesão permanente no caso de minha mãe. Eu faço um apelo para que as pessoas se imaginem na minha situação, pensem que podia ser a mãe de vocês. Me ajudem, porque só quem está vivenciando isso na pele sabe o que nós estamos passando” disse.
A filha que está em Barbacena, Thiffany, informou às 18h17 que sua mãe ainda não havia sido transferida, que seu estado de saúde era estável mas precisa ser operada o quanto antes. “Estamos rezando pela vaga”, finalizou.
A Redação continua acompanhando o desenrolar dos acontecimentos e coloca-se à disposição dos segmentos mencionados para que possam trazer esclarecimentos
sobre esta situação.
FONTE: O VIGILANTE ONLINE.