O prefeito Alexandre Kalil (PSD) disse, em entrevista nesta segunda-feira (4), que supostas promessas de cargos dentro da prefeitura foram o estopim para a saída de Alberto Lage da função de secretário adjunto de governo, em junho, e nomeação dele como chefe de gabinete, cargo que ficou por apenas dois meses.
A afirmação foi feita por Kalil após ser questionado se tinha conhecimento sobre suposto esquema de financiamento irregular de campanha para 2022, denunciado por Alberto Lage na semana passada. Segundo Lage, a suspeita surgiu depois de uma reunião, no início de julho. (saiba mais abaixo).
“Eu nunca soube, até a demissão do chefe de gabinete, eu nunca soube de caixa dois. O que eu soube era que tinham promessas de emprego que não foram cumpridas. Que eu não acreditei porque eu disse pra ele que eu tenho que assinar. Então, ninguém promete cargo aqui, porque eu não vou ter. O Alberto me falou que era por isso que ele queria sair da secretaria adjunta”, falou o prefeito.
Ao g1, Alberto Lage confirmou que as promessas de cargos dentro da prefeitura foram “um dos motivos” para deixar de ser subsecretário e assumir a chefia de gabinete. Disse, ainda, que o secretário de Governo Adalclever Lopes “prometia cargo para todo mundo e não falava com o prefeito”. Kalil, no entanto, disse desconhecer de onde vinham as promessas.
Denúncia de suposto esquema
Lage disse que no início de julho houve uma reunião entre o presidente da CPI da BHTrans, Gabriel Azevedo (sem partido), o secretário de Governo Adalclever Lopes e os representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte, Joel Paschoalin e Raul Lycurgo. Mas alegou que foi surpreendido com a chegada do grupo à sua sala.
“Eu tive uma reunião bastante desagradável quando eu estava na minha sala na prefeitura e o vereador Gabriel Azevedo, o secretário Adalclever e duas pessoas, que depois eu descobri que eram representantes do sindicato das empresas de ônibus, entraram na minha sala, sem hora marcada, para conversar sobre as condições do fim da CPI da BHTrans. Eu achei até totalmente constrangedor porque eu não pedi pra participar disso. Não queria ser envolvido nisso”, disse Lage.
Ele contou que procurou o prefeito por pensar que Adalclever Lopes estava tentando, com aquela reunião, usar uma possível candidatura de Alexandre Kalil para governador para financiar a própria campanha para deputado.
"Eu procurei o prefeito pra falar que eu tinha a impressão de que o secretário de Governo estaria, sem combinar com ele, arrecadando para uma possível campanha de deputado estadual em nome de uma 'virtual campanha' do prefeito a governador. A minha impressão era que o prefeito não estava ciente disso. Quando o prefeito me respondeu de forma muito grosseira que eu estava com ciúme do secretário Adalclever, eu achei que a nossa relação não tinha mais condição de continuar. Eu fiquei duvidando se o prefeito realmente era vítima nesse processo ou não", falou Lage.
O prefeito Alexandre Kalil (PSD) disse que, a partir desta terça-feira (5), a Prefeitura de Belo Horizonte começa a apurar denúncia de Alberto Lage.
O ex-chefe de gabinete enviou, na sexta-feira (1º) um email ao Conselho de Ética da prefeitura, com um áudio em que o secretário de Governo, Adalclever Lopes cita tentativa de constranger o fornecedor Carlos Eduardo Porto Moreno, conhecido como Cacá, proprietário da agência Perfil 252, a contratar e pagar pesquisa de intenção de votos em âmbito estadual.
O secretário Adalclever Lopes disse que "todas as inverdades serão esclarecidas e as providências tomadas".
Em nota, a agência Perfil 252 disse que "não recebeu nenhuma solicitação de Pesquisa Estadual de nenhum funcionário da prefeitura". Ela também negou ter realizado pesquisa em âmbito estadual.
A prefeitura afirmou que, nesta terça-feira (5), começa a apuração da denúncia, quando vai ter uma reunião do Conselho de Ética do Município.
Fonte: G-1 Minas