Após gastar cerca de R$ 3 milhões por ano com carros, Câmara de BH corta motoristas para economizar
Publicado em 28/10/2021 14:51
REGIÃO

 

A partir de dezembro, a Câmara Municipal de Belo Horizonte vai trocar a empresa que fornece veículos aos vereadores e servidores da casa, e cortar a oferta de motoristas, para reduzir custos. A medida foi anunciada nesta semana, após a casa destinar R$ 17.813.104,54 a uma única empresa, Valor Locações, nos últimos seis anos – uma média de cerca de R$ 3 milhões anuais.

O contrato com a Valor Locações foi assinado em 2015, quando a empresa venceu a licitação na modalidade pregão presencial. E foi prorrogado por cinco vezes consecutivas. Até o final deste ano, os vereadores e servidores da Casa contam com 35 carros com motoristas, ao custo mensal de R$ 3.268,59 cada, e 39 sem o profissional. Neste caso, o custo mensal por carro é de R$ 5.999,57 por mês.

Só neste ano, mesmo com a pandemia e com os apelos por distanciamento social, o valor pago para o contrato de locação de veículos, até agora, foi de R$ 2.599.966,44

Já o contrato com a Estrela Logística Eireli, que venceu pregão eletrônico 33/2020, custará aos cofres públicos um total de R$ 5.978.880. O prazo é de 30 meses. A empresa vai disponibilizar 72 carros, sem motorista - quase dois veículos por vereador.

A promessa da Câmara Municipal é economizar cerca de R$ 4 milhões até 2024. Por mês, o gasto será de R$ 83.040. Ou seja, o valor mensal pago será de R$ 2.768 por carro, uma redução de R$ 500 por mês em relação ao contrato anterior.

Prorrogações custaram mais de R$ 300 mil na pandemia

 

As duas prorrogações excepcionais do contrato com a Valor Locações, entre 2020 e 2021, resultaram em aumento dos gastos de R$ 301.923,58 com o serviço.

Segundo o advogado especialista em direito público, Fabrício Souza Duarte, a prorrogação de contrato, sem um novo processo licitatório, está prevista na Lei 8666. “A locação de veículos tem sido considerada pelo Tribunal de Contas do Estado e Tribunal de Contas da União como prestação de serviço contínuo. Daí, porque é possível prorrogação até 60 meses. Em situações excepcionalíssimas [como pandemia] pode ser prorrogado após o período, mas tem que ser muito bem fundamentado”, falou

 

Os gastos a mais estão computados em aditivos de contrato. O primeiro deles foi em julho para “reequilíbrio econômico-financeiro do contrato”, que custou R$ 296.589,51.

O advogado Fabrício Souza Duarte classificou este reajuste como “expressivo” e disse que, nestes casos, a empresa tem que entrar com um requerimento demonstrando qual é o desequilíbrio que houve, as causas e a administração pode conceder ou não este reajuste.

“Esta questão do reequilíbrio econômico financeiro é complicada. É possível, sim. Só que só pode ser concedida nos casos em virtude de fatos supervenientes de assinatura do contrato. Têm que ser analisadas as condições em que o contrato foi celebrado para ver se houve alteração do quadro fático, que leve a uma majoração dos valores”, explicou Fabrício Souza Duarte.

Ainda neste ano, em agosto, a substituição de um carro sem motorista por outro com o profissional gerou acréscimo de R$ 2.319,94. E em setembro, aluguel de mais um veículo, sem motorista, custou outros R$ 3.014,13.

 

Ao g1, a Câmara Municipal disse que a Valor Locações apresentou requerimento formal para reequilíbrio econômico, com os cálculos comprovando prejuízos. Mas, não respondeu se o documento é público, nem disponibilizou-o à reportagem.

 

Fonte: G-1 Minas

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