"O medo de ser só comigo e de ninguém acreditar, então a gente não tem coragem de falar. Assim, foi durante muito tempo, muito tempo sofrendo isso, sem ter coragem de contar pra alguém", fala.
Segundo o advogado Tiago Lenoir, que representa uma das vítimas, às sextas-feiras o padre dava dinheiro para funcionárias, depois de cometer abusos ao longo da semana. Era uma tentativa de comprar o silêncio das mulheres.
José Carlos Pereira é muito conhecido em Santa Luzia. Há 30 anos ele é o responsável pela igreja que fica no bairro São Benedito. Além disso, ele é dono de uma rede de ensino com dois colégios e uma faculdade, na mesma cidade.
A primeira denunciante disse que pediu demissão de uma das unidades por não aguentar as investidas do padre. Segundo depoimento dela à Polícia Civil, todas as sextas-feiras do ano em que ela trabalhou lá, houve alguma forma de assédio ou importunação sexual.
A vítima também relatou que o padre era um homem muito forte e a segurava com firmeza, que ela ficava sem reação e que o investigado deixava marcas nos braços de tanta força que tinha.
"Ele tocou o meu seio. Só que eu pensei que teria sido um esbarrão. Teve um episódio que ele me chamou na porta do colégio, ele beijou o canto da minha boca, e aí eu percebi que não era sem querer. Na próxima sexta aconteceu de novo. Ele me chamou na hora de se despedir ele tentou beijar minha boca. Eu travei a boca e ele tentava enfiar a língua dentro da minha boca".
A reportagem tentou contato com o padre, mas ele está com o telefone desligado.
Em nota, a Polícia Civil informou que a investigação está ocorrendo sob sigilo na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do município e que outras informações serão prestadas em momento oportuno para não atrapalhar os trabalhos investigativos.
Os advogados das vítimas disseram que vão procurar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
A Arquidiocese de Belo Horizonte informou que confia no processo de apuração das denúncias, que busca a verdade em parceria com as autoridades e que, diante da seriedade da questão, é importante ter rapidez nas apurações para que tudo se esclareça.
Fonte: G-1 Minas