Detentos ateiam fogo em colchões dentro de presídios em Ribeirão das Neves; há vítimas com queimaduras de 2º e 3º graus
05/11/2021 05:38 em REGIÃO

 

Detentos do presídio Ribeirão das Neves II (Inspetor José Martinho Drumond), da Região Metropolitana de Belo Horizonte, atearam fogo em colchões na tarde desta quinta-feira (4).

Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu), havia 20 detentos na cela. Doze tiveram que ser resgatados. Os bombeiros confirmaram que seis deles tiveram queimaduras de segundo e terceiro graus. Pelo menos cinco tiveram que ser entubados.

O motim teria sido uma reação à insalubridade e à superlotação. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) não informou quantos detentos há no presídio. Mas segundo o diretor de comunicação do Sindicato de Policiais Penais de Minas Gerais, Magno Soares, a cela tem capacidade para oito presos e tinha mais que o dobro.

 

"A informação que a gente tem é a situação de superlotação é grave. Uma cela que cabe de oito a 10 presos estava abrigando 20", disse ele.

 

Ainda segundo Magno, nenhum policial ficou ferido.

De acordo com relatório de inspeção feita pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na unidade em outubro, há 2.270 presos no local. A capacidade é para 1.047.

Em nota, a Sejusp disse que um detento foi responsável por iniciar o incêndio. Segundo a pasta, havia 18 presos na cela. Doze deles foram encaminhados para hospitais de Belo Horizonte e de Ribeirão das Neves para atendimento por inalação de fumaça ou queimaduras.

"Entre os que sofreram queimaduras, cinco foram transportados de forma aérea, pois os casos são mais graves. Os seis custodiados restantes foram atendidos pela equipe médica da própria unidade prisional", disse a Sejusp.

A direção do presídio vai instaurar procedimento interno de investigação para apurar o fato.

 

Hospitais

 

A informação da Polícia Militar era que as vítimas estavam sendo levadas para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, referência para tratamento de queimados. Um helicóptero dos bombeiros participava do transporte dos feridos.

Segundo o hospital, foi acionado o Plano de Atendimento a Múltiplas Vítimas (PAMV) para aguardar os "pacientes oriundos do Presídio de Neves. Segundo esse protocolo, as equipes remanejam recursos para direcionar o atendimento para esses casos. Assim que os pacientes forem estabilizados, a rotina do hospital será retomada".

A reportagem apurou que a visitação no hospital foi suspensa por causa do plano.

 

O Hospital Metropolitano Dr. Celio de Castro (HMDCC), Risoleta Neves e São Judas Tadeu também receberam as vítimas.

Policiais penais

 

O Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais disse que hoje há 15 mil agentes para 72 mil presos no estado. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomenda que deve haver um policial penal para cada cinco detentos deve haver um policial penal.

Já o governo informou que hoje são 60.825 presos no estado em 182 unidades prisionais. O número atual de policiais penais é de 16.130 profissionais, o que estaria atendendo a recomendação do CNJ.

O governo disse ainda que vai realizar um concurso público com a oferta de 2.420 vagas para o cargo de policial penal.

 

Denúncia de superlotação

 

g1 falou com com Maria Teresa dos Santos, que é presidente da Associação de Amigos e Familiares de Pessoas Privadas de Liberdade de Minas Gerais. Segundo ela, há mais de 30 dias a direção do presídio sabia que os detentos fariam isso. O que os levou ao motim foram as péssimas condições no local, com insalubridade e superlotação, ainda segundo Maria Teresa.

“Eles têm pouco acesso à água – cerca de 10 a 20 minutos por dia, um pouco no período da manhã e da tarde. Emagreceram muito ao longo da pandemia”, disse ela.

Segunda revolta em pouco mais de um ano

 

Em setembro de 2020, presos de duas alas do presídio de Ribeirão das Neves II colocaram fogo em colchões.

Policiais penais controlaram o fogo dentro das celas e não houve feridos, nem reféns.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), disse, à época, que os presos pediam melhorias na alimentação servida na penitenciária.

 

Motim

 

Também em setembro do ano passado, bombeiros foram acionados para conter um incêndio dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, também na Região Metropolitana de BH, após motim feito por detentos que colocaram fogo em pedaços de colchão e roupas.

De acordo com a Sejusp, os presos ficaram agitados com a informação da queima do ônibus nas proximidades da penitenciária. Policiais penais contiveram o ato e os bombeiros combateram os focos de incêndio.

 

Fonte: G-1 Minas

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