Vinte recomendações foram feitas pelo relatório, tanto no que diz respeito a irregularidades apontadas na concessão de 2008, quanto na auditoria realizada nas contas das empresas de ônibus, em 2018. Também houve recomendações em relação aos repasses feitos às empresas durante a pandemia.
Em relação à auditoria, o documento pede que o Poder Executivo instaure Processo Administrativo Disciplinar contra os gestores da BHTrans pelos problemas registrados. E solicita que o Executivo cobre a restituição dos valores pagos, já que o serviço entregue, segundo o documento, foi prestado em desacordo com o edital. Também pediu que seja feita nova revisão tarifária, prevista para 2022.
O documento também pediu a elaboração de nova licitação para o transporte coletivo e recomenda ao Executivo a instauração de sindicância para apurar a movimentação das caixas com todo o processo, que ficaram desaparecidas por meses e viraram caso de polícia.
Já no que diz respeito aos repasses de R$ 220 milhões, o relatório recomenda ao Executivo a instauração de sindicância contra os três funcionários da BHTrans pela produção de documentos que justificariam os pagamentos.
Prefeitura de Belo Horizonte:
Por e-mail, a prefeitura disse na sexta-feira que "a resposta do prefeito Alexandre Kalil para esse tema é: “Isso é politicagem. Tenho que cuidar da cidade".
Nesta segunda-feira (8), a prefeitura enviou a seguinte nota:
"A respeito do resultado do relatório político da CPI da BHTrans, a Prefeitura de Belo Horizonte volta a esclarecer que todos os repasses de recursos às empresas de ônibus (por meio de Vale Transporte) foram feitos com a aprovação do Ministério Público estadual e Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. E que, diferentemente de outras cidades que subsidiam o transporte público, ou aprovaram subsídios na pandemia, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Brasília, Vitória, Curitiba, Goiânia, Maceió e Londrina, em Belo Horizonte, não se trata de subsídio e já está sendo devolvido à Prefeitura.
Importante ressaltar que o objetivo desta CPI era avaliar os contratos firmados em 2008 (portanto, há 13 anos) entre a Prefeitura de Belo Horizonte e as referidas empresas de ônibus. O prefeito Alexandre Kalil reitera que 'estamos longe das eleições e temos que cuidar da cidade'."
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (Setra) disse, em nota, "que respeita todas as instituições públicas e rechaça, com veemência, todos os pré-julgamentos de qualquer membro da CPI que, nesta função deveria apenas, e tão-somente, 'investigar', não tendo nem legalmente, nem constitucionalmente, nenhum poder de julgamento."
O Setra disse ainda que "reitera sua plena e irrestrita confiança no Ministério Público de Contas (MPC/MG), no Tribunal de Contas do Estado (TCE/MG), no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e no Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais (TJMG) com a certeza de que, após o DEVIDO PROCESSO LEGAL e o respeito à AMPLA DEFESA e ao CONTRADITÓRIO, as acusações constantes deste documento serão todas fundamentalmente rejeitadas."
A Maciel Consultores informou que, até a última atualização da reportagem, "não recebeu nenhum comunicado oficial para apresentar esclarecimento ou defesa na investigação em curso. A empresa se mantém à disposição das autoridades para colaborar com todas as informações, disponibilizando, inclusive, os documentos da época do trabalho realizado para a BHTrans, em 2018. A Maciel Consultores reforça que não compactua com qualquer ato de fraude, sendo a maior interessada em clarificar a situação o mais rápido possível".
Os demais citados não se posicionaram até a última atualização desta reportagem.
Fonte: G-1 Minas