'O pior que uma prefeitura pode fazer é não interferir em nada', diz Zema sobre carnaval em 2022
23/11/2021 14:47 em REGIÃO

 

Em meio aos impasses sobre o carnaval de 2022 em Belo Horizonte, o governador Romeu Zema (Novo) disse que “o pior que uma prefeitura pode fazer é não interferir em nada”.

 

"Todo evento referente a carnaval, cabe às prefeituras estruturar e executar. Mas o estado quer dar total orientação, total apoio. E o que eu tenho dito é que o pior que uma prefeitura pode fazer é não interferir em nada, é falar ‘eu não tenho nada a ver com isso’. Porque tem a ver. Quando nós temos qualquer coisa evento maior é necessário que cada prefeitura, pelo menos, oriente, organize, apoie, não precisa patrocinar, mas se omitir nesse momento seria o menos adequado a se fazer", disse Zema.

De acordo com o governador, atualmente, Minas tem quase 75% da população com a segunda dose aplicada, considerando as pessoas com 12 anos ou mais. Até o carnaval, segundo ele, é provável que esse número seja 90% ou até mais.

Zema também afirmou que o estado deve disponibilizar para todas as prefeituras, por meio do Minas Consciente, protocolos, com que pode ser feito no carnaval.

 

“No mínimo uma orientação nós esperamos que cada prefeitura dê. (…) Esperamos que os prefeitos, que fizeram tão bem até o momento, também façam a sua parte, já que em 90 dias praticamente nós estamos com esse caso evento”, disse.

O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou que a área técnica da pasta está discutindo protocolos para orientar melhor os municípios.

 

“A nossa ideia é, por exemplo, existem blocos de vários tamanhos, blocos organizados. Que seja uma limitação do número de pessoas por bloco, isso pode ser uma organização dentro do município”, citou como opção de estratégia.

 

“Vamos lembrar que festas estão acontecendo, jogos de futebol, com 60 mil pessoas — entre nós, sem máscara — isso está acontecendo e não estamos vendo aumento de casos. E no carnaval do ano que vem, teremos uma situação de vacinação ainda melhor. Então, temos que assumir a discussão para que a gente faça da melhor forma o carnaval, a sua organização”, acrescentou o secretário.

Indefinição em BH

 

Em Belo Horizonte, uma das preocupações da prefeitura para a realização da festa no ano que vem era a vacinação de pessoas entre 20 e 30 anos. No dia 11, o percentual de vacinados era menor que 30%. Agora, o índice já ultrapassa os 66%.

Depois da melhora nos números, segue a indefinição sobre a festa, que não terá patrocínio da prefeitura.

Por enquanto, a administração municipal diz apenas que estuda o ponto facultativo no carnaval e que vai manter serviços à população, como segurança, mobilidade e limpeza, respeitando as manifestações espontâneas.

O infectologista Carlos Starling, que faz parte do comitê de enfrentamento à Covid-19 da cidade, disse que a indefinição da festa tem um motivo: a imprevisibilidade da doença.

“Apesar dos dados epidemiológicos atuais serem favoráveis, nós estamos lidando com uma doença com grau de imprevisibilidade enorme. (...) As vacinas que nós temos neste momento são muito eficazes, evitam formas graves, evitam óbitos, mas não evitam a transmissão do vírus, portanto ele continua circulando e é uma ameaça. principalmente em grandes multidões que, em ambiente externo, de rua, são incontroláveis”, pontuou.

O especialista considera inviável a solicitação de testes ou comprovante de vacinação em grandes multidões, como o caso do carnaval.

“Então, é extremamente arriscado nós falarmos em carnaval neste momento e fazer planejamento para isso e até mesmo para o réveillon”, falou Starling.

 

 

Exemplo europeu

 

Já a subsecretária de Atenção à Saúde Taciana Malheiros cita a situação mundial. “Estamos vendo neste momento a Europa mudando toda a sua organização, inclusive voltando com lockdown e medidas não farmacológicas. Então, diante de tudo isso, é impossível prever como estaremos em fevereiro de 2022", disse.

O governador reconheceu que a situação no continente europeu traz preocupação. “Eu, pessoalmente, estou otimista. Nós estamos no verão, sabemos que a situação se agrava muito no outono, inverno. E vamos continuar fazendo tudo que é possível e tomando as medidas mais criteriosas para que não venhamos a ter esse repique”, afirmou.

Segundo Baccheretti, situação que mais preocupa o estado hoje é o exemplo de Portugal, onde a imunização está acima dos 80%, mas há registro de aumento de casos. “Estamos observando especialmente esses países com maior vacinação, porque é o que faremos paralelo com Brasil porque a gente deve alcançar esse mesmo índice. Estamos atentos para não cometermos erros e aprender. Temos que ter humildade para aprender com quem está vivendo antes da gente”, falou o secretário.

 

Nova estrutura do Eduardo de Menezes

 

As declarações do governador e do secretário sobre o carnaval foram feitas durante entrevista coletiva convocada para anunciar a construção de uma nova estrutura para o Hospital Eduardo de Menezes, atualmente sediado no Barreiro. A unidade é referência do tratamento de doenças infectocontagiosas, como a Covid-19.

A nova unidade será construída no bairro Gameleira, na Região Oeste. Ela terá 155 leitos, sendo 110 de enfermaria, dez de terapia intensiva, 15 de terapia semi-intensiva, dez no hospital-dia e dez na Unidade de Decisão Clínica.

Segundo o governo, em caso de necessidade, a estrutura terá possibilidade de adaptação em hospital do tipo “de campanha”.

Serão investidos R$ 200 milhões, por meio do acordo da tragédia de Brumadinho. Segundo o governador, a nova unidade ficará próxima à Fundação Ezequiel Dias (Funed) e será usada para complementar pesquisas desenvolvidas pela entidade.

Ainda será estudada qual destinação será dada ao prédio que atualmente abriga o hospital. Segundo Zema, o prazo de construção da nova unidade é de dois a três anos

 

Fonte: G-1 Minas

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!