O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte divulgou, nesta terça-feira (23), uma nota técnica desaconselhando a realização de eventos de fim de ano e de carnaval em 2022.
No documento, a equipe de médicos, formada pelos infectologistas Carlos Starling, Estevão Urbano e Unaí Tupinambás, lista uma série de motivos para que a prefeitura da capital não patrocine festas e que a população não participe de grandes aglomerações
De acordo com os especialistas, a cobertura vacinal estaria abaixo do desejado e não seria suficiente para evitar o aparecimento de novas cepas do coronavírus.
Além disso, uma parcela significativa da população ainda não recebeu a dose de reforço, e não haveria tempo hábil para realizar a aplicação ao público elegível até as festividades.
Nesta segunda-feira (22), o índice de jovens de 20 a 30 anos que tomaram as duas doses contra a Covid-19 em BH mais que dobrou em onze dias, chegando a 66,9%. Em 11 de novembro, a cobertura era de menos de 30%.
Na última sexta-feira (19), o prefeito Alexandre Kalil (PSD) disse, em entrevista coletiva, que o município não vai patrocinar o carnaval da capital. Nesta terça (23), o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que “o pior que uma prefeitura pode fazer é não interferir em nada”.
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Ainda segundo o comitê, o enfrentamento da pandemia em BH foi baseado em conhecimentos científicos e no diálogo com as pessoas.
Veja os principais pontos da nota técnica:
- A imunidade vacinal, que tem cumprido seu papel de proteger de formas graves, não é esterilizante, ou seja, as infecções podem continuar a ocorrer e com elas favorecer o risco de aparecimento de novas cepas do vírus.
- É impraticável exigir a vacinação e/ou teste para Covid-19 de todos os participantes em eventos públicos.
- Possibilidade de grande mobilidade urbana entre todas as capitais durante as comemorações da passagem do ano, festas carnavalescas e outros eventos com grandes aglomerações públicas de pessoas.
- No dia 21 de novembro, o Brasil estava com 74,02% da população com duas doses, aquém do número estabelecido pelas modelagens de atingir imunidade de grupo, que é de 80 a 85%.
- A imunidade induzida pela vacinação contra a Covid tende a perder potência a partir de seis meses da segunda dose da vacina.
- Há uma parcela significativa da população sem a dose de reforço.
- Áustria, França, Rússia e diversos outros países da Europa enfrentam um número muito grande de casos da doença; os Estados Unidos, a exemplo da Europa, estão vivendo recrudescimento da pandemia e estima-se que até final de novembro a incidência chegue a 100 mil casos/dia.
- A exemplo do que vem acontecendo nos países citados, há riscos reais de recrudescimento da pandemia, uma vez que a circulação viral se mantém, e, provavelmente, não haverá tempo hábil de distribuição e aplicação de dose de reforço em toda a população elegível.
- É possível a cidade pensar em formatos de eventos e festejos que estejam mais apropriados ao momento histórico e aderentes aos protocolos sanitários.
- O comitê reforça a necessidade de manutenção do uso de máscaras, independentemente do local frequentado e da situação vacinal.
Fonte: G-1 Minas / Sob supervisão de Thais Pimentel