Brumadinho: MP recorre da decisão que fez com que ex-presidente da Vale e outros 15 deixassem de ser réus
27/11/2021 06:16 em REGIÃO

 

O Ministério Público de Minas Gerais (MP) recorreu da decisão judicial que extinguiu o processo criminal que corria no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) sobre a tragédia que matou 270 pessoas em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 25 de janeiro de 2020.

O rompimento da barragem de Córrego do Feijão, da mineradora Vale, também provocou a poluição do Rio Paraopeba, prejudicando o abastecimento de água de dezenas de cidades da região.

A decisão, tomada em outubro, fez com que o ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e outras 15 pessoas – funcionárias da mineradora e da empresa de consultoria TÜV SÜD – deixassem de ser réus por homicídio qualificado, por crimes contra fauna e flora, além de crime de poluição em um dos episódios mais trágicos da história do país.

Segundo o MP, a denúncia para que eles fossem julgados pelo Tribunal do Júri “já havia sido aceita pela Justiça de Brumadinho, mas foi questionada em outras instâncias sob a alegação de que haveria elementos no caso que seriam de competência da Justiça Federal”.

O STJ aceitou o argumento da defesa de Schvartsman que a tragédia afetou sítios arqueológicos, que são de responsabilidade da União. Além disso, a acusação do MP de irregularidades em documentos enviados pela Agência Nacional de Mineração (ANM), que também é de âmbito federal.

Segundo o recurso do MP, o STJ “desconsiderou que os supostos e alegados crimes conexos, que justificaram o declínio da competência para a Justiça Federal, sequer foram atribuídos” aos réus.

O órgão ainda defende que a decisão contraria "a garantia constitucional fundamental do Tribunal do Júri”.

 

Inquérito

 

Nesta sexta-feira (26), a Polícia Federal indiciou 19 pessoas a Vale e a TÜV SÜD, no inquérito que investiga o rompimento da barragem.

As pessoas físicas foram indiciadas por homicídio doloso (dolo eventual) duplamente qualificado pelo emprego de meio que resultou em perigo comum e de recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, por 270 vezes.

Elas também foram indiciadas – assim como a Vale, responsável pela barragem, e a TÜV SÜD, responsável pela auditoria da estrutura – por crimes ambientais de poluição e contra a fauna terrestre e aquática, a flora, os recursos hídricos, unidades de conservação e sítios arqueológicos, além do crime de apresentação de declaração falsa perante a Agência Nacional de Mineração (ANM).

 

O que dizem as empresas

 

A Vale afirmou que "colaborou continuamente com as investigações da Polícia Federal" e que "aguarda ser formalmente cientificada da conclusão do inquérito para a devida manifestação por intermédio de seu advogado, David Rechulski".

"A Vale informa, ainda, que compreende que as autoridades que presidem investigações são livres na formação de suas próprias convicções, no entanto, reafirma que sempre norteou suas atividades por premissas de segurança e que nunca se evidenciou nenhum cenário que indicasse risco iminente de ruptura da estrutura B1", disse a empresa.

A TÜV SÜD falou que não pode comentar porque ainda não teve "a oportunidade de avaliar esse relatório".

 

 

Fonte: G-1 Minas

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