Bebê encontrado em geladeira era menina; polícia investiga se houve homicídio além de ocultação
01/12/2021 14:15 em REGIÃO

 

O corpo de bebê, de idade ainda não identificada, encontrado em uma sacola dentro de uma geladeira na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, é de uma menina, segundo a Polícia Civil.

De acordo com o delegado Rômulo Dias, responsável pelas investigações, já está confirmado o crime de ocultação de cadáver. Agora, a corporação vai apurar se houve outros crimes, como aborto provocado ou homicídio. Exames periciais serão essenciais para as conclusões.

O corpo foi localizado na noite desta terça-feira (30) pela dona de casa Susy Costa, de 56 anos, que estava fazendo uma limpeza na geladeira.

Ela falou que a suposta mãe da criança, identificada apenas como Grazi, a entregou um embrulho, em uma sacola, dizendo que era um pedaço de carne e pedindo que ela guardasse, um ano atrás.

A mãe do bebê ainda não foi encontrada. Veja abaixo a entrevista do delegado Rômulo Dias na íntegra:

O que vocês já descobriram até agora?

Na verdade, até o momento, o corpo se encontra no Instituto Médico Legal (IML). Estamos diante de uma investigação que necessita ser multidisciplinar. O papel do médico legista agora vai ser crucial para nos informar a natureza desse cadáver que está lá. Já sabemos que é um cadáver do sexo feminino.

Agora precisamos responder a umas questões. Por exemplo: foi um aborto natural [ou] não foi um aborto natural, [se] houve o parto e depois o corpo foi guardado. Algumas questões que ainda são cruciais para a investigação e precisam ser esclarecidas. Certo é que já estamos diante de um crime, esse crime está claro, é o crime de ocultação de cadáver, previsto no artigo 211 do Código Penal Brasileiro, cuja pena é de um a três anos de reclusão.

O que muda com essa descoberta, se estamos falando de aborto ou se o bebê chegou a nascer e morreu depois? O que muda na investigação?

Se o IML, através dos nossos parceiros médicos legistas, identificar que houve um crime, um aborto provocado, por exemplo, vamos trabalhar com outro tipo de crime, cuja pena, inclusive, é mais grave. Então, neste momento, usando toda a expertise dos médicos legistas, dentro de uma investigação multidisciplinar, eles precisam esperar o corpo descongelar para fazer alguns exames, por exemplo, a docimasia pulmonar hidrostática de galeno, em que vão colocar o pulmão da criança dentro de um recipiente aquoso para verificar se a criança respirou, ou seja, se ela teve vista extrauterina ou não, para a gente falar de aborto.

São respostas que trazem linhas diferentes de investigação?

Esse exame é tão crucial que podemos sair do crime somente de ocultação de cadáver e partir, inclusive, para um crime de homicídio consumado.

Em relação a essa mulher, identificada apenas como Grazi (a suposta mãe do bebê), o que se sabe sobre ela?

Neste momento, por já ter um ano que o feto estava no local, a gente não tem mais o flagrante delito. Neste momento da investigação, a gente está concentrando nossos esforços para identificar os exames necessários na criança encontrada, para, aí sim, a gente partir em busca da suposta autora.

Essa mulher também pode se apresentar à polícia para prestar esclarecimentos?

Sim, como eu disse, não existe mais flagrante delito para esse crime de ocultação de cadáver, que até então temos certo. Então, ela pode se apresentar normalmente e explicar o que aconteceu. Caso ela não se apresente, com o desenrolar das investigações, pode ser solicitada a prisão dela. Ou, nesse caso, a polícia vai agir no sentido de localizá-la e intimá-la para comparecer à delegacia.

 

 

Fonte: G-1 Minas

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