Modelo denuncia transfobia em bar de BH: 'Homem vestido de mulher não é do sexo feminino'
21/12/2021 14:37 em REGIÃO

 

"Eu não consegui falar nada. Eu só consegui chorar".

 

Esta foi a reação da modelo e mulher trans Anthonella Carvalho, de 24 anos, após ouvir da segurança de um bar que ela não podia estar no local destinado às mulheres por ser "homem vestido de mulher".

A abordagem à modelo aconteceu no bar Beagarooftop localizado na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, na tarde do último sábado (18), durante festa de um amigo.

Anthonella contou que chegou ao local por volta das 15h30 e foi revistada por um segurança. Ao chegar à mesa reservada, viu que tinham apenas quatro pessoas e que a maioria dos amigos havia ido para o espaço open bar – uma varanda no andar superior. Quando ela resolveu ir até lá.

Nesse local, uma segurança interveio e disse que homem não poderia ficar, se referindo ao aniversariante do dia. Anthonella falou que ele entendeu e deixou o ambiente, contudo, a funcionária terceirizada determinou ainda que todos saíssem do open bar inclusive ela por ser "homem vestido de mulher".

 

"Homem vestido de mulher não é do sexo feminino", falou a segurança para a modelo trans.

 

Anthonella conta que nesse momento ficou "atônita", não conseguiu dizer nada e que somente chorava.

Segundo a modelo, um dos proprietários do bar se apresentou, pediu desculpas pelo ocorrido e ofereceu um drinque de cortesia, mas Anthonella e os amigos – um grupo com cerca de 20 pessoas – preferiram ir embora.

 

"Optamos por não ficar mais por causa do constrangimento que eu passei", relembra a modelo.

 

Ela disse que a casa devolveu os R$ 20 pagos para entrar e que a festa de aniversário do amigo foi celebrada em outro local.

Abalada a vítima foi à Polícia Militar na tarde desta segunda-feira (20) e registrou um boletim de ocorrência.

 

O que diz a Polícia Civil

 

Leia a nota na íntegra:

"A Polícia Civil de Minas Gerais informa que recebeu o registro da ocorrência, na tarde desta segunda-feira (20/12), e as investigações encontram-se em andamento na Delegacia Especializada de Investigação a Crimes de Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas. As informações serão repassadas em momento oportuno".

Em nota, o Beagarooftop informou "que não coaduna com nenhum tipo de preconceito".

Leia a nota na íntegra:

"O Beagarooftop esclarece que não coaduna com nenhum tipo de preconceito. Esclarece que a casa oferece open bar de caipirinha para o público feminino no horário compreendido entre 15 e 17hs, em espaço reservado, com acesso permitido apenas para o referido público.

Quanto ao episódio ocorrido no último sábado em que uma cliente trans foi impedida de acessar o local pela equipe de segurança a casa pede desculpas e garante que tal situação não ocorrerá novamente.

 

Um dos sócios da casa ao chegar no estabelecimento e ser colocado a par da situação ofereceu ao cliente que havia realizado a reserva combo de bebidas como cortesia da casa em pedido de desculpas, além do combo que já faria jus como brinde aniversariante, porém o cliente em questão optou por não permanecer na casa alegando que não haveria mais clima para permanecer no local juntamente com seus convidados o que foi respeitado pela casa, sendo devolvido aos clientes os valores pagos na entrada referentes ao couvert artístico.

A casa enfatiza que está de portas abertas para público de todos os gêneros. Acrescentamos q a segurança eh terceirizada e os envolvidos já foram afastados".

 

 

Fonte: G-1 Minas

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