O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve, nesta quinta-feira (3), a desaprovação das contas do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), nas eleições de 2016, por uso de recursos de origem não identificada durante a campanha. Foram quatro votos a favor da desaprovação, e três contra.
O Plenário do TSE determinou a devolução de R$ 2,2 milhões ao Tesouro Nacional. A defesa do chefe do Executivo disse que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (veja a nota na íntegra abaixo).
Em maio de 2017, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) já tinha confirmado a sentença da primeira instância, do juiz eleitoral Delvan Barcelos Junior, que desaprovou as contas apresentadas por Kalil.
Apesar de o prefeito declarar R$ 2,2 milhões usados na campanha como recursos próprios, oriundos da venda de parte de um imóvel para os três filhos entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2016, o TRE-MG reconheceu o dinheiro como sendo de "origem não identificada".
Na mesma data da venda do apartamento, os filhos de Kalil teriam vendido outro imóvel para a CBC Imóveis e Conservadora Ltda, por R$ 5,2 milhões. O pagamento da entrada, no montante de R$ 2,2 milhões, teria sido transferido para Kalil em 14 de outubro.
Na época, a relatora, juíza Cláudia Coimbra, considerou que existem "inconsistências de informações nos instrumentos particulares de compra e venda de imóveis".
O relator do caso no TSE, ministro Sérgio Banhos, destacou que o TRE-MG concluiu que os documentos apresentados por Kalil foram insuficientes para comprovar a regularidade dos valores – uma evidência seria o preço de mercado do imóvel, abaixo do declarado pelo prefeito.
"Entendo que a decisão do Regional decorreu de um conjunto de elementos fáticos e probatórios, apresentado na fase processual própria, o qual não pode ser revisto em sede de recurso especial”, disse o relator.
O entendimento de Banhos foi acompanhado pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e pelos ministros Edson Fachin e Carlos Horbach.
Já o ministro Alexandre de Moraes, que tinha solicitado vista do processo em setembro de 2020, acolheu o recurso da defesa de Kalil por entender que o TRE-MG manteve a desaprovação das contas apenas por considerar "estranho" o negócio entre pai e filhos, sem avaliar a legalidade.
"Várias vezes na decisão de primeira e segunda instância se coloca que o negócio foi ‘estranho’. Porém, não fala se o negócio foi ilícito e não se comprovou e nem se determinou a nulidade do negócio", disse Moraes.
Ele foi seguido pelos ministros Mauro Campbell Marques e Benedito Gonçalves.
O que diz a defesa de Kalil
Em nota, o advogado de Kalil, Igor Bruno Silva de Oliveira, defendeu a "inexistência de qualquer irregularidade na arrecadação de recursos próprios do candidato". Veja o posicionamento na íntegra:
"O julgamento foi 4x3, o que, por si só, mostra a dificuldade do caso. Vamos recorrer ao Supremo Tribunal Federal para fazer prevalecer a divergência iniciada no voto do Ministro Alexandre de Morais que consignou a inexistência de qualquer irregularidade na arrecadação de recursos próprios do candidato para serem utilizados na sua campanha eleitoral.
O voto divergente também acolheu a tese do candidato de que o Tribunal, embora tenha reputado 'estranha' a compra e venda de um imóvel entre pai e filhos, não comprovou a existência de ilegalidade em tal fato.
Estamos confiantes de que conseguiremos reverter a decisão no STF."
Fonte: G-1 Minas