O Vigilante Online entrevista Comandante do 68º Batalhão da Polícia Militar de Leopoldina
09/02/2022 14:15 em LEOPOLDINA

 

Dentre vários temas abordados durante a entrevista, o Tenente-Coronel Yamaguchi narrou que o Batalhão em Leopoldina iniciou suas atividades no município e região desenvolvendo um trabalho mais preventivo e mais técnico.

Desde o dia 5 de janeiro deste ano está oficialmente em atividade em Leopoldina o 68º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, Unidade da PMMG que assumiu a responsabilidade pelo policiamento militar em Leopoldina, Recreio, Argirita, Cataguases, Miraí, Astolfo Dutra, Dona Euzébia, Itamarati de Minas, Santana de Cataguases, São Sebastião da Vargem Alegre, Além Paraíba, Pirapetinga, Volta Grande, Estrela Dalva e Santo Antônio do Aventureiro.

A importância do novo Batalhão da PM pode ser mensurada a partir do tamanho do território ocupado pelos municípios sob sua responsabilidade, que é de aproximadamente 3 mil km², com uma população em torno de 200 mil habitantes, conforme consulta feita pela Redação junto aos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em entrevista exclusiva concedida ao Jornal O Vigilante Online, o Comandante do 68º Batalhão, Tenente-Coronel Yoshio Luiz Yamaguchi falou da criação e implantação do Batalhão no município, revelou alguns de seus projetos à frente da Unidade, apresentou estatísticas relacionadas à segurança pública na cidade e região, dentre outros temas abordados pela Reportagem.

Tenente-Coronel Yoshio Luiz Yamaguchi – Comandante do 68º Batalhão de Leopoldina (D) e o Major Dimas Luiz Ferraz (E), Sub Comandante da Unidade. (Foto O Vigilante Online).

Natural de São João Del Rei, o Tenente-Coronel Yoshio Luiz Yamaguchi tem 44 anos. Ingressou na PMMG em 1996 no curso de formação, que naquela época tinha a duração de 4 anos. Após formar-se em 1999 foi designado para atuar como Aspirante, em Juiz de Fora, onde passou por várias Companhias do tradicional 2º Batalhão. Também atuou em Viçosa e Vespasiano. “A maior parte da carreira eu trabalhei em Juiz de Fora. Cheguei a trabalhar na Seção de Planejamento Operacional da 4ª Região como um todo”, mencionou o Tenente-Coronel.

Logo no começo da entrevista o Tenente-Coronel Yamaguchi contou que teve a grata satisfação de, antes dessa situação do Batalhão surgir, fazer parte da Seção de Planejamento Operacional da 4ª Região, que é sediada em Juiz de Fora, com responsabilidade territorial de 86 municípios. “Nessa Seção eu fui o presidente de uma Comissão que estudou sobre a técnica relacionada à divisão territorial, o estudo a respeito da necessidade de realmente implantar o Batalhão em Leopoldina, para facilitar o controle do efetivo”, afirmou o Comandante, frisando ter ficado configurada a necessidade da implantação do Batalhão numa cidade que já teve a sua Cia Independente e depois teve seu status alterado para Companhia Orgânica.

O Comandante Yamaguchi confirmou que a 37ª Companhia de Polícia Militar de Leopoldina continua a existir dentro da estrutura do Batalhão. Ele acrescentou que o Batalhão hoje está sendo estruturado com 4 Companhias Orgânicas, dentre elas a 37ª Companhia de Leopoldina e as Companhias de Cataguases e Além Paraíba. “Em Leopoldina ainda criaremos uma Companhia Tático Móvel, que é uma Companhia de Recobrimento da Unidade não só Leopoldina, mas das 15 cidades que fazem parte do Batalhão. Isso melhora muito, porque a nossa capacidade de atuar em ocorrências mais complexas que exigem um treinamento mais específico a gente não vai depender de Ubá ou de Juiz de Fora, nós vamos estar com essa capacidade de atuação instalada em Leopoldina. Isso vai favorecer muito”, declarou.

De acordo com o Oficial, a Companhia Tático Móvel que será criada na estrutura do Batalhão, em Leopoldina é uma equipe maior, composta de 3 a 4 militares e que tem uma capacidade de reação maior, um equipamento mais robusto pra atuar, como capacetes e escudos balísticos se forem necessários, munição química e é um pessoal que recebe um treinamento para atuação em ocorrências de maior complexidade.

A respeito das primeiras ações adotadas pelo Comandante do 68 BPM à frente da Unidade em Leopoldina, Yamaguchi explicou que na nova articulação será possível aprimorar o processo de gestão dos procedimentos operacionais oportunizando uma melhor atenção em todos os municípios que são atendidos.

Perguntado a respeito do número de militares que integrarão o Batalhão de Leopoldina e se este aspecto estaria relacionado ao aumento da sensação de segurança pela população, o Comandante do 68 esclareceu que não atrela a quantidade de efetivo à sensação de segurança ou a resultado da instituição. “Eu acho que hoje é muito mais importante que o número de efetivo a questão da qualidade da prestação de serviço. Hoje, nós estamos trabalhando e batalhando para fazer o policiamento trabalhar dentro de uma técnica, que é buscar o ‘porquê’ de estar empregando o efetivo em um determinado local, em um determinado horário e o que aquele efetivo está fazendo ali, qual a missão dele. Então, essa questão de trabalhar mais cientificamente vai gerar mais qualidade e mais resultado nas nossas ações. Não adianta eu ter o dobro, o triplo do efetivo se esse efetivo não tiver atrelado a uma técnica de prestação de serviço. Com a realidade do estado, nós temos um efetivo menor, mas os resultados são maiores, são melhores, são mais expressivos. Isso acontece porque hoje a Polícia Militar trabalha baseada em critérios técnicos, em dados estatísticos, em dados quantitativos e dados qualitativos. Mesmo com um número menor de efetivo a Polícia tem dado resultado maior do que quando ela tinha maior efetivo”, justificou.

O Vigilante Online também indagou ao Comandante Yamaguchi a respeito de seu perfil militar, se ele era um Oficial mais de gabinete ou operacional. “O meu perfil profissional sempre foi estar trabalhando mais junto à tropa. Nesse primeiro momento estamos estruturando essa parte para o efetivo poder trabalhar com mais técnica, com mais cientificidade. No segundo momento, após esse pontapé inicial, com certeza as pessoas me verão muito na rua participando das operações, no contato com a comunidade. Tudo que tiver demanda da sociedade nós estaremos sempre prontos a atender o cidadão de bem”, respondeu o militar.

Segurança Pública
À Reportagem, o Tenente-Coronel Yamaguchi narrou que assim que chegou em Leopoldina, cujo trabalho começou antes de sair sua designação formal para o Comando, pois ele já havia recebido os comunicados de sua vinda para o município, começou a fazer contatos, levantamentos, para desde o início de janeiro implantar um trabalho mais preventivo e mais técnico. “Nesse sentido estamos contando com o reforço operacional constante de Juiz de Fora, com operações preventivas de visibilidade buscando realmente a sensação de segurança do cidadão e além disso, claro, como consequência lógica a gente esperava a redução criminal. E isso, já em janeiro, nós já tivemos mostra no Batalhão como um todo de uma redução criminal bem expressiva”, enfatizou.

Operação Preventiva e Operação Caminhos de Minas
Na madrugada da quinta-feira, dia 3 de fevereiro, o 68º Batalhão de Leopoldina realizou uma Operação de Prevenção a ataques em Caixas eletrônicos em municípios da região sob sua responsabilidade territorial. O objetivo foi combater esse tipo de crime. No dia seguinte, 4 de fevereiro, o 68 BPM implementou a Operação Caminhos de Minas, que resultou na apreensão de drogas e prisão de dois indivíduos. Dezesseis militares do GER da 4ª Cia Ind PE de Juiz de Fora e 20 militares do 68 BPM participaram da ação.

Indicadores locais e regionais
Solicitado a demonstrar alguns dos indicadores locais e regionais, o Comandante Yamaguchi citou que “em crimes de ‘Lesão Corporal’, que acontecem com bastante frequência tivemos em janeiro até agora uma redução de 60% nas ocorrências comparando com o mesmo período do ano passado, para vermos se esse trabalho está surtindo efeito. Quanto aos ‘Homicídios Consumados’ não tivemos nenhum homicídio em toda essa região onde estão os 15 municípios da área do 68º Batalhão de Leopoldina”, destacou.

Ao mencionar os ‘Crimes Violentos’, aqueles que mais repercutem na sociedade, como o ‘roubo’, ‘extorsão’, ‘homicídio tentado’, ‘estupro’, Yamaguchi informou uma redução de 50% na criminalidade. “O roubo demanda muito a nossa atenção porque é um crime que choca muito a sociedade. Diminuir 50% dos crimes não é fácil, ainda mais pensando na situação econômica da sociedade hoje em dia com pandemia, desemprego. E os crimes que tiveram nós tivemos uma resposta em termos de prisão extremamente grande. Aqui em Leopoldina tivemos 7 crimes, em 3 deles com prisão em flagrante e nos outros 3 com identificação do autor, só 1 não teve o autor identificado. Isso tudo favorece muito”, observou o Comandante.

Outro ponto citado na entrevista diz respeito à questão de furtos. “O número deste mês de janeiro é bem parecido com o número de janeiro de 2021, com redução em quase todos os municípios, só em Leopoldina, por incrível que pareça, que tivemos um número um pouco maior, 51 furtos em janeiro de 2021 para 56 em janeiro de 2022. Nos demais municípios da região estamos com redução. São números importantes que expressam que esse trabalho voltado para questão mais científica, do lançamento racional do recurso, tem surtido efeito, tem dado resultado”, assegurou Yamaguchi.

Com esse levantamento final que o Sr. menciona há elementos para direcionar o efetivo de uma maneira mais adequada? O Tenente-Coronel Yamaguchi respondeu que “não é só em relação aos números, mas eles nos dão um Norte, mostram que o fato está acontecendo em tal local, em tal rua, em tal horário, então é um horário que me demanda uma maior atenção. Eu não posso mais lançar o policiamento de forma aleatória. Fazemos o monitoramento diário e se for necessário que façamos um remanejamento, que seja necessário mudar a estratégia no próprio dia, nós vamos mudar no próprio dia que está acontecendo. Agora a gente deixa de trabalhar de forma aleatória e busca trabalhar com base no monitoramento da criminalidade, com número e com dado real, porque nós temos um serviço de inteligência que nos passa o dado qualitativo, acompanhamento das redes sociais, de mídia, acompanhamento recorrente dos autores de crimes, acompanhamento de tornozelado – tornozeleira eletrônica, então isso tudo facilita uma prestação de serviço inteligente, racional”, argumentou tranquilamente o Comandante do 68.

Disque Denúncia Unificado 181
Outro tema abordado na entrevista focalizou a importância do Disque Denúncia Unificado 181. “Hoje a gente trabalha com a rede de dados, não tem um dado específico como a questão do número criminal, não é só baseado em número que fazemos o efetivo, mas quando juntamos essas informações todas às denúncias que a sociedade nos traz através do DDU 181”, destacou o Comandante, frisando que este serviço do Disque Denúncia Unificado é anônimo, totalmente anônimo. “Nem os policiais militares que recebem a denúncia sabem quem foi o denunciante”, complementou Yamaguchi. Acerca desse assunto, o Major Ferraz, Sub Comandante do 68º BPM foi incisivo ao afirmar que inclusive quando a pessoa liga para o DDU, se ela falar o seu nome a própria atendente já encerra a ligação e orienta como proceder.

Completando a resposta o Comandante destacou que é totalmente seguro fazer a denúncia através do DDU. “E essa denúncia a pessoa consegue acompanhar qual vai ser o desfecho, porque ela recebe o número de protocolo e nós temos uma meta de cumprimento de DDU. A denúncia chegou, não vai ficar parada, porque eu tenho uma meta, uma obrigação de responder dentro de um prazo. Aliado a isso tudo nós temos uma capacidade de avaliar melhor o crime”, finalizou o tópico.

Sede do Batalhão
Instalado atualmente nas dependências da 37ª Cia, localizada na Avenida Getúlio Vargas, o 68º Batalhão poderá ter sua estrutura física onde hoje funciona em Leopoldina o Escritório Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre. “Fizemos as tratativas junto ao DNIT, cujo imóvel está para ser cedido para que possamos instalar o Batalhão. O prefeito do município de Leopoldina e o presidente da Câmara, unidos, se mostraram muito dispostos a fazer a reforma necessária, inclusive já cederam arquiteto, engenheiro para fazer a planta do imóvel do DNIT, se mostraram muito favoráveis a essa questão de nos apoiar nessa demanda de reestruturação do local para que implantemos um Batalhão muito eficiente naquela sede”, informou o Tenente-Coronel.

A Reportagem ouviu do Comandante que hoje em dia o Batalhão está funcionando nas instalações da 37ª Cia. “Precisamos fortalecer a administração do Batalhão para que consigamos dar um suporte operacional para a tropa, até nas questões de operações, de uma forma muito mais positiva para o trabalho ser mais positivo nas ruas. A administração é importantíssima nesse processo, que é quem vai fornecer subsídio para a tropa prestar um serviço de qualidade científica e racional lá na rua”, salientou o Tenente-Coronel.

Ainda na Sala do Comando do Batalhão, o Tenente-Coronel Yamaguchi agradeceu pela entrevista e comentou: “De todos os locais que já passei, eu senti aqui por parte da população e por parte das autoridades uma vontade de trabalhar com laços estreitos. Isso, para o nosso serviço é altamente favorável, encontrar um campo fértil onde nós vamos fazer segurança pública com união. Vemos o esforço do presidente da Câmara, do prefeito, das lideranças comunitárias, dos órgãos, sistema prisional; essa semana eu estive com o Delegado Regional, todas as pessoas aqui parecem estar muito envolvidas em realmente prestar um serviço de qualidade para a sociedade, de forma unida, de forma a prosperar, ter resultados positivos. Hoje, segurança pública não faz só a Polícia Militar, só a Polícia Civil, só a Polícia Penal. Se não unirmos os esforços e não tivermos um envolvimento conjunto de Polícia, Ministério Público, Judiciário e principalmente a sociedade, a gente não consegue chegar ao resultado. A minha vontade aqui como Comandante, e eu vou fazer de tudo para fazer isso é eu conseguir levar à sociedade, pelo menos de uma forma mensal, uma reunião, talvez na Câmara ou através de um chamamento, se através da criação de um CONSEP, mas levar uma prestação de contas dos nossos serviços aqui. Meu objetivo vai ser, num futuro próximo, talvez no próximo mês ou no seguinte, já poder passar para a sociedade de uma forma muito verdadeira o que está acontecendo no campo da segurança pública, ouvir opiniões, mostrar o trabalho que está sendo feito e colher sugestões para podermos aprimorar o nosso serviço. Só tenho a agradecer toda essa receptividade da sociedade e das autoridades para com a Polícia Militar”, concluiu o Oficial.

O Vigilante Online

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