A um mês de fim do prazo, aquisição da SAF do Cruzeiro por Ronaldo está em xeque

Publicado em 18/03/2022 12:58

REGIÃO

Daqui a exatamente um mês, será encerrado o prazo para que Ronaldo conclua a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) formada pelo Cruzeiro. O processo parecia bem encaminhado até que o ex-atacante apresentou novas demandas à Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do clube, no início desta semana. Em contrapartida, 11 conselheiros expuseram detalhes previstos no acordo, o que trouxe incerteza sobre a conclusão da transação.

Ainda que tenham se manifestado favoráveis às últimas demandas apresentadas por Ronaldo, os conselheiros questionaram alguns termos da carta de intenções assinada pelo empresário em 18 de dezembro de 2021. Segundo eles, o que foi acordado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, com assessoria da XP Investimentos, é lesivo ao Cruzeiro.

O atual mandatário defendeu as cláusulas do contrato e manifestou apoio a Ronaldo. “Sigo acreditando que o cenário atual, com Ronaldo, é o melhor caminho a ser trilhado pelo clube. Estamos falando de alguém que traz consigo profissionais, investimento e capacidade de atração de marcas ímpares além de ser, claro, Ronaldo”, disse.

Divergências

Em carta divulgada nessa quarta-feira (15), os conselheiros questionaram o aporte a ser feito por Ronaldo. Segundo a nota, o empresário se comprometeu a investir R$ 50 milhões quando concluir a compra das ações da SAF.

Além disso, a nota divulgada nesta quarta-feira indica que Ronaldo deve investir os outros R$ 350 milhões como “receitas incrementais”, que são definidas como: "a receita média anual, apurada com base na média ponderada das receitas auferidas pelo Cruzeiro no período compreendido entre 2017 e 2021".

Isso quer dizer que o empresário se compromete a gerar R$ 350 milhões a mais em receita nos cinco anos seguintes à operação, em relação às receitas obtidas nos cinco anos anteriores. Para isso, deve ser formulado um plano de negócios consistente que permita alcançar essa marca.

Caso a gestão de Ronaldo não seja capaz de gerar essa “receita incremental”, ele seria obrigado a complementar o valor com investimentos próprios.

O ex-atacante ratificou os valores, mas defendeu que esse acordo é positivo para a associação. “Vale ressaltar que a opção de incremento de receita favorece diretamente a associação, uma vez que a lei das SAF obriga o repasse de 20% das receitas para quitação da dívida bilionária acumulada por anos de má gestão – fato esse que pode gerar mais R$ 70 milhões em receitas para a quitação da dívida e que parece ser ignorado pelos responsáveis pela Nota”.

Propriedade das Tocas da Raposa

Um ponto em que parece haver convergência envolve a propriedade das Tocas da Raposa I e II. Ronaldo reivindicou que os centros de treinamento passem a ser da SAF, como uma garantia para assumir as dívidas tributárias da associação.

Essas dívidas foram negociadas pelo clube com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e estão, atualmente, em cerca de R$ 150 milhões. Nessa negociação, o Cruzeiro deu a Toca I como garantia. Caso haja atraso no pagamento das parcelas, o centro de treinamento estará sujeito a execução.

Esse foi o argumento de Ronaldo para a transferência de propriedade das Tocas para a SAF. Ele teme que a equipe fique sem uma estrutura para treinar e prometeu que não venderá esses imóveis.

O empresário reivindicou ainda que seja aberto um processo de Recuperação Judicial ou Recuperação Extrajudicial, para que as taxas de correção das dívidas da associação sejam menores.

Agora, há a expectativa de que o Conselho convoque uma assembleia, em breve, para discutir o contrato com Ronaldo e as últimas demandas do empresário.

Fonte: Hoje em Dia