Minas já notificou oito possíveis casos de hepatite aguda misteriosa; no Brasil já são 51 suspeitos
18/05/2022 06:10 em REGIÃO

 

Minas Gerais já notificou oito possíveis casos da hepatite aguda e misteriosa que tem atingido crianças e vem preocupando as autoridades. Desse total, três casos já foram descartados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Para monitorar a doença, em 15 de abril a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um alerta sobre o aumento de notificações no mundo.

Conforme o boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira (17), 47 casos da doença estão em monitoramento no Brasil e quatro já foram descartados. A pasta também afirmou que nenhuma suspeita foi confirmada. Em relação a Minas, o levantamento aponta sete pacientes em monitoramento e um já liberado, com a suspeita da doença hepática descartada.

Diferente do que diz o ministério, a SES-MG afirmou que, até a manhã desta terça-feira, três casos foram descartados no Estado, sendo dois em Montes Claros, no Norte de Minas, e um em Divinópolis (1), na região Centro-Oeste. Outros cinco seguem em investigação: dois em Belo Horizonte; dois em Juiz de Fora, na Zona da Mata; e um em Montes Claros.

Até a publicação desta matéria, nenhum técnico da Secretaria estava disponível para explicar a divergência nos números.

Análise da doença
Parte dos exames para descobrir a origem da hepatite misteriosa infantil, em Minas, estão sendo feitos pela Fundação Ezequiel Dias, em parceria com a SES-MG.

As amostras suspeitas devem ser testadas para hepatites A e B (exame sorológico); hepatite C (exame molecular); enterovírus (exame molecular); citomegalovírus (exame molecular): Epstein-Barr (exame molecular); adenovírus (exame molecular); norovírus (exame molecular); arbovírus; dengue; chikungunya; zika; febre amarela (exame sorológico e molecular); e SARS-CoV-2 (exame sorológico e molecular).

A doença
A hepatite é um termo genérico utilizado para se referir a um processo inflamatório que ocorre no fígado. A inflamação pode ser secundária a diversos fatores, dentre eles as infecções virais.

Já a doença ainda desconhecida está sob vigilância e investigação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) devido às mudanças no padrão prévio de ocorrência, com aumento da frequência e perfil de gravidade. Os casos identificados se assemelham pela condição aguda, que consiste na inflamação abrupta do órgão, com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas.

A origem das notificações confirmadas no mundo é considerada misteriosa porque os patógenos conhecidos – vírus da hepatite A, B, C, D e E – não foram detectados.

Quem é acometido?
A doença afeta crianças e adolescentes menores de 17 anos. A forma mais grave e misteriosa da patologia já acometeu pacientes em, pelo menos, 20 países. Em cerca de 10% dos casos foi necessária a realização do transplante de fígado.

Quais são os sintomas e tratamentos?
Os principais sintomas relatados são dor abdominal, diarreia e vômitos, acompanhados de alterações de enzimas hepáticas, além de icterícia (pele amarela) e ausência de febre.

O tratamento atual busca aliviar os sintomas e estabilizar o paciente se o caso for grave. “Não existe um tratamento específico, já que o agente é desconhecido. Havendo uma agressão muito forte do fígado, ele entra em falência. Alguns casos chegaram a necessitar até de transporte hepático pelo acometimento do órgão”, disse o pediatra epidemiologista e mestre em infectologia, José Geraldo Leite Ribeiro.

Prevenção
A forma misteriosa também dificulta a prevenção à doença. “Se não conhecemos o agente, ainda não é possível constatar como ela é adquirida”, explicou o médico. 

Diante disso, são orientadas medidas gerais de higiene, como cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, consumir água potável e alimentos adequadamente higienizados, e higienizar adequadamente as mãos. 

A primeira morte relacionada à hepatite foi registrada pela OMS em 30 de abril. 

Existe ligação com a Covid-19?
Ainda em abril, a Organização Mundial de Saúde afirmou que não havia relação entre a doença de causa misteriosa e as vacinas utilizadas contra a Covid-19, já que a grande maioria das crianças afetadas não havia recebido o imunizante.

Estudos iniciais também afastam o coronavírus como possível causa. "Grande parte não havia testado positivo para o coronavírus", finalizou o pediatra.

Fonte: Jornal Hoje em Dia

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