Movimento alerta para abandono das pessoas com sofrimento mental e pede melhor assistência à saúde
19/05/2022 06:21 em REGIÃO

 

Uma passeata, nesta quarta-feira (18), chamou a atenção de quem passava pela região central de BH, para o abandono das pessoas com sofrimento mental.

Depois de dois anos de pandemia, integrantes do Fórum Mineiro de Saúde Mental, da Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (Asussam) e da Rede Nacional de Internúcleos da Luta Antimanicomial voltaram às ruas para falar sobre o Dia de Luta Antimanicomial, com o tema “Desmascarando a hipocrisia: loucura é verso, liberdade é poesia”

Depois de se concentrarem na Praça Afonso Arinos, na região Central, parentes de usuários e trabalhadores dos serviços de saúde saíram em passeata até a Secretaria de Estado de Saúde.

O movimento também denuncia o sucateamento dos equipamentos de saúde pública. E repudia o privilégio de membros do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG) que ocupam cargos públicos no Sistema Único de Saúde (SUS) na capital. 

Para o psicólogo e psicanalista, Alexandre Bispo, é preciso que os projetos municipais tenham uma interface maior com os serviços de saúde da família incluindo a saúde mental. 

“É preciso que seja feito um levantamento mais atualizado nas cidades  para que a assistência à saúde mental chegue a quem precisa e não fique apenas nos medicamentos”, alerta Alexandre Bispo. 

Segundo  o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde, (CAO-Saúde), Luciano Moreira, a proteção às pessoas com transtornos mentais requer grande atenção do Ministério Público, diante do aumento do número de pessoas com sofrimento mental, principalmente, por causa da pandemia.

É necessário organizar uma rede de atenção psicossocial de forma plena para disponibilizar atenção integral para promoção da saúde, tratamento e realização das pessoas com sofrimento mental, defende Luciano Moreira.  

Dia de Luta 

O dia 18 de maio foi instituído como Dia Nacional da Luta Antimanicomial em homenagem ao empenho dos profissionais de saúde por um tratamento  mais humanizado aos pacientes com  sofrimento mental. 

A Lei de Reforma Psiquiátrica  (LRP) que entrou em vigor em  2001 também é considerada outro marco importante para o avanço dos direitos dos pacientes com transtornos mentais ao garantir aos pacientes proteção contra possíveis abusos e participação da família na sua recuperação. 

A  LRP  também garante o acolhimento com foco em serviços comunitários de saúde mental, o respeito aos direitos humanos, a reinserção do indivíduo à vida cotidiana e a internação como medida excepcional e transitória.  

Rede de atendimento 

Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), os pacientes passam por acolhimento, cadastramento, fortalecimento do vínculo, cuidado multiprofissional, identificação de fatores de risco e projeto terapêutico singular. 

Nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) , é oferecido atendimento multiprofissional e especializado, projeto terapêutico singular, atenção em situações de crises, acolhimento/acompanhamento do Serviço Residencial Terapêutico, que são casas destinadas à moradia de pessoas com transtornos mentais graves, egressos de hospitais psiquiátricos, hospitais de custódia ou em situação de vulnerabilidade. Em geral, destinam-se a moradores que não possuem vínculos familiares. 

Já as Residências de Caráter Transitório oferecem cuidados contínuos de saúde das pessoas com  vulnerabilidade social ou familiar e que precisem de acompanhamento terapêutico e de proteção em  caráter transitório. 

Nas comunidades terapêuticas são oferecidos cuidados contínuos de saúde, de caráter residencial transitório para adultos com necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. 

Nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas),  os pacientes com sofrimento mental recebem atendimento de urgência e emergência e, se necessário,  são encaminhados para internação ou para o CAPS. Já os hospitais-gerais fazem tratamento  de pacientes com quadros clínicos agudos.   

Fonte: Jornal Hoje em Dia

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