Família de jornalista foi avisada por embaixador brasileiro sobre corpos, diz jornal inglês; PF nega
13/06/2022 16:10 em DIVERSOS

 

Uma reportagem publicada nesta segunda-feira (13) pelo jornal britânico The Guardian afirma que dois corpos foram encontrados nas proximidades da Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, onde estão desaparecidos o repórter Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira  desde o último dia 5. 

De acordo com o jornal, a informação teria sido dada aos familiares do jornalista na manhã desta segunda-feira pelo embaixador do Brasil no Reino Unido. A Polícia Federal e a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) negam o encontro dos corpos (veja nota oficial ao fim deste texto). A Embaixada do Reino Unido no Brasil também não confirmou a informação. O R7 entrou em contato com a embaixada brasileira em Londres e com o Itamaraty e aguarda resposta.

Segundo o jornal britânico, o cunhado de Phillips, Paul Sherwood, revelou que o embaixador brasileiro telefonou para a família e informou que os corpos haviam sido encontrados na floresta. "Ele não descreveu o local, disse que eles estavam amarrados a uma árvore e ainda não haviam sido identificados."

No Twitter, o jornalista Tom Phillips, correspondente do The Guardian na América Latina, também disse que a informação publicada pelo jornal não tinha sido confirmada. "Beto Marubo, um importante líder indígena do Javari, acaba de me dizer que os buscadores indígenas NÃO confirmaram a descoberta de dois corpos no local de busca", escreveu. Apesar de ter o mesmo sobrenome de Dom Phillips, os repórteres não são parentes.

Neste domingo (12), a PF informou que as equipes de buscas encontraram um estômago humano no rio Itaquaí, em Atalaia do Norte (AM). O órgão foi enviado ao Instituto Nacional de Criminalística, a fim de se descobrir se pode ser de um dos desaparecidos.

Ameaçados na Amazônia

Bruno é indigenista especializado em povos indígenas isolados e conhecedor da região, onde foi coordenador regional por cinco anos. Já Phillips mora em Salvador, na Bahia, e faz reportagens sobre o Brasil há 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal The Guardian.

Eles foram vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari. Os dois viajavam em uma embarcação nova, com 70 litros de gasolina — o suficiente para o percurso — e sete tambores vazios de combustível. Por volta das 6h do domingo, chegaram à comunidade, onde encontrariam uma liderança local. Sem conseguirem falar com o morador, decidiram voltar a Atalaia do Norte, viagem que deveria durar cerca de duas horas. Contudo, não chegaram à cidade.

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Dias antes do desaparecimento, um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas ao servidor e a líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual ele vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM).

"Sei quem são vocês e vamos achar para acertar as contas", diz um trecho do bilhete endereçado ao advogado Eliesio Marubo. "Sei que quem é contra nós é o Beto Índio, e o Bruno da Funai é quem manda os índios irem prender nossos motores e tomar os nossos peixes. (...) Se querem dar prejuízo, melhor se aprontarem. Está avisado."

O servidor da Funai estava licenciado após ser exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019. Ele foi dispensado do cargo logo depois de uma operação que expulsou garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Na ocasião, um helicóptero que servia ao garimpo foi apreendido.

Vale do Javari

Com 8,5 milhões de hectares, a Terra Indígena Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotraficantes. A área fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo — e tem acesso restrito, feito apenas por avião ou barco.

Fonte: R7

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