"Eu não desacredito que esse problema ocorrido ontem tenha relação com [a falta de] recurso financeiro", afirmou nesta terça-feira (28). "A Santa Casa de BH tem trabalhado no mínimo dos recursos desde pelo menos a última década", destacou.
A presidente da Federassantas diz que, nessa segunda-feira, antes do incêndio, estava na Santa Casa de BH para debater outro problema enfrentado pela unidade: a falta de contrastes, insumo usado em diversos procedimentos médicos, entre eles o cateterismo em pacientes cardiopatas.
"A Santa Casa enfrenta dificuldades com a questão do custeio. Esse episódio [do incêndio] triste, trágico, acende uma lanterna para mais hospitais espalhados pelo Brasil", diz.
Problemas estruturais da Santa Casa
Fundada em 1899, a Santa Casa foi a primeira instituição de saúde instalada em Belo Horizonte. O atual edifício da Santa Casa foi inaugurado em 1946, com 13 andares — o incêndio ocorreu no décimo.
Conforme o engenheiro Breno Assis, vice-presidente de Comunicação da Associação Brasileira de Engenheiros de Sistemas Prediais de Minas Gerais (Abrasip-MG), o mau uso da energia pode estar associado ao acidente.
Segundo ele, instalações hospitalares estão entre as que mais possuem regulamentações de segurança. Um dos sistemas está instalado em áreas de Centros de Terapia Intensiva (CTIs) e Blocos Cirúrgicos. "Ele monitora a integridade do isolamento de instalações e equipamentos, alertando a necessidade de manutenções", explica.
Conforme o especialista, visando menor custo, muitas vezes o serviço é implementado por pessoas "sem o conhecimento necessário". "Curtos-circuitos nascem em sua maioria de falhas de isolamento", pontua.
Para a presidente da Federassantas, é necessário também investir em reparos e atualizações das estruturas dos prédios de unidades antigas, como a Santa Casa de BH.
"Mais uma vez caímos na questão dos recursos financeiros. Quando você vai pensar no custo, não é só do profissional e do medicamento. É de tornar a estrutura sempre atualizada, e isso custa muito caro. É necessário o poder público investir nessas áreas", afirmou.
A reportagem do Hoje em Dia questionou o Governo Federal sobre a falta de recursos citada pela Federassantas e aguarda retorno.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 950 pessoas foram removidas durante a ocorrência, sendo alguns pacientes que se encontravam em estado grave internados no CTI. Três pessoas morreram após a transferência.