Às vésperas do leilão do Rodoanel, Zema acusa prefeitos de 'politicagem' contra obra
12/08/2022 06:01 em REGIÃO

 

Um dia antes do leilão de concessão da obra de construção do Rodoanel da região metropolitana de Belo Horizonte, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais e pré-candidato à reeleição, acusa prefeituras da região metropolitana de Belo Horizonte de "politicagem" contra a obra.

A declaração foi feita durante sabatina da Record TV Minas, nesta quinta-feira (11). Zema é o quarto postulante ao cargo a participar do programa ao vivo no Balanço Geral e nos perfis da emissora no YouTube e no Facebook.

“O Rodoanel é uma das obras mais importantes para Minas Gerais. Vai melhorar muito o trânsito da Grande BH, tirando o trânsito pesado da malha viária urbana e, assim, evitando inúmeros acidentes”, defendeu. “O sonho dos mineiros já foi traçado e definido há mais de 15 anos. Existe um projeto. Na hora que nos arrumamos recursos para a obra, estamos vendo a politicagem”, continua.

Entre os aspectos do projeto criticados pelas prefeituras de Contagem e Betim está a falta de estudos de impacto social. O governador refutou as reclamações. “Tivemos diversas audiências para debater o projeto. Escutamos prefeituras, entidades de classe e ONGs. Todo o processo foi construído com a maior transparência possível. Talvez alguém tenha terreno que quer ser desapropriado”, criticou.

Orçamento e economia

Romeu Zema também foi indagado sobre como será possível manter os salários dos servidores em dia quando o estado voltar a pagar a dívida com a União, que já chega a R$ 152 bilhões. O político explicou que contará com a adesão ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal) para viabilizar os repasses em dia.

O projeto do governo federal oferece condições especiais para o pagamento da dívida, em troca de o estado adotar restrições no plano econômico. Zema negou que Minas Gerais vá ficar sem investimentos caso comece a fazer parte do programa.

“Vamos poder pagar em 30 anos aquilo que teria que ser pago em cinco anos. Quem não quer pagar em 30 anos e em prestações menores uma dívida monstruosa?”, defendeu.

“Queremos previsibilidade para pagar o funcionalismo em dia, pagar os reajustes, fazer novos concursos”, comentou. “Eu garanto que manteremos o salário em dia e daremos recomposições salariais para não existir essa possibilidade de mais ficar 4, 5 ou 10 anos sem reajuste”, concluiu.

O político também foi indagado sobre projetos ligados à área de assistência social, com o objetivo de reduzir o número de pessoas que vivem em situação de fome no estado. Zema afirmou que está desenvolvendo ações nesse sentido, na medida em que pagou dívidas do governo estadual com os municípios deixadas pela gestão do ex-governador Fernando Pimentel (PT). “Isso acaba ajudando as prefeituras, que conduzem as ações de assistência social”, avaliou.

Para Zema, o problema do desemprego passa pela falta de qualificação. Nesse sentido, ele sugere que, em eventual nova gestão, continuará investindo em projetos de formação como Trilhas do Futuro, de seu atual governo. A iniciativa oferece cursos de qualificação e ajuda de custo com passagem e alimentação.

“Se continuarmos neste ritmo, daqui a dois anos vamos poder falar: 'Aqui em Minas Gerais só não trabalha quem não quer'”, declarou.

Mineração

Questionado sobre o futuro da mineração no estado, principalmente na serra do Curral, cartão-postal de Belo Horizonte, Zema avaliou que o governo dele é “a favor da preservação ambiental”.

Ele reforçou que sua gestão aplicou multas em razão do rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande BH. “Também estamos diversificando a economia para que o estado dependa menos das mineradoras”, completou.

Zema reafirmou que as empresas que atrasaram o desmonte das barragens construídas com a mesma estrutura da de Brumadinho, conforme determina a Lei Mar de Lama Nunca Mais, também foram multadas.

“Vai ser questão de tempo para as obras serem concluídas, e o estado poderá falar: 'Hoje, em Minas Gerais, não temos mais barragens que ofereçam riscos'”, concluiu.

Segurança pública

Zema também foi questionado sobre projetos para a valorização da segurança pública. O político afirmou que tem apresentado melhorias para a categoria.

“No meu segundo ano de governo, a segurança foi a única categoria a receber 14% de reajuste salarial. Agora, em 2022, tivemos um aumento geral para todos os servidores de 10%. A segurança também passou a receber auxílio-vestimenta quatro vezes maior do que recebiam até o ano passado. Temos feito o possível”, declarou.

O governador foi questionado sobre o reajuste para a categoria, que não chegou a 41%, conforme prometido inicialmente por ele. “Vale lembrar que, quando a pandemia chegou, houve o veto, e a Assembleia confirmou o veto. Então, legalmente, o reajuste não existe”, disse.

Durante a entrevista, Zema também:

• criticou o contrato de concessão da BR-262 e da BR-381;

• prometeu aumentar as ações de proteção a mulheres e crianças vítimas de violência;

• acusou a presidência da Assembleia de barrar a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal; e

• defendeu articulação nacional para solucionar a falta de pediatras.

Perfil

Natural de Araxá, a 364 km de Belo Horizonte, o empresário tem 57 anos e é pai de dois filhos. Em um cenário que contrariava as pesquisas da época, ele foi eleito, em 2018, para o seu primeiro cargo no poder público. O político deixou para trás nomes tradicionais como Fernando Pimentel (PT) Antonio Anastasia (PSD).

Zema é formado em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas (SP). Ele ocupou, entre 1990 e 2016, o cargo de presidente do conselho de administração do Grupo Zema, empresa familiar com faturamento bilionário. Em 2016, ele se afastou das funções da instituição para se candidatar pela primeira vez.

 

Fonte: R7

 

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