Funcionários acusam Sesc-MG de demissão em massa por questões políticas, mas instituição nega
29/10/2022 05:40 em REGIÃO

 

Funcionários do Serviço Social do Comércio de Minas (Sesc-MG) entraram com uma ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) questionando uma demissão em massa que teria ocorrido após a divulgação de uma foto com apoio a um dos candidatos à presidência da República. Ao todo, 25 pessoas que estavam na foto foram desligadas por telegrama.

Em nota, o Sesc-MG afirmou que as demissões se deveram a questões gerenciais. "Um novo presidente do Conselho tomou posse no dia 3 de outubro deste ano, para a gestão 2022/2026,e alguns funcionários foram desligados devido a mudanças organizacionais".

O caso ocorreu após o primeiro turno das eleições. Um grupo de funcionários se reuniu em um happy hour após o horário de serviço. Grande parte deles estava usando bottom, camisa e adesivo em apoio a um dos presidenciáveis. No final do encontro eles tiraram uma foto e postaram nas redes sociais.

Em 14 de outubro, porém, eles tiveram uma surpresa: receberam telegramas informando sobre a demissão, mas sem um motivo específico. Os funcionários demitidos teriam percebido que a lista incluía todos que estavam na imagem do happy hour, como é o caso de Frediano Silva, um dos desligados. "Eles relataram que foi uma estratégia da diretoria, mas não quiseram entrar em detalhes. Depois nós entramos em contato um com o outro e percebemos que tinha uma relação das demissões com as pessoas que estavam na comemoração".

Quem também concorda com essa ideia é Carla Costa, uma das funcionárias demitida do Sesc-MG pelo telegrama. "A gente acredita que o desligamento realmente foi por conta do posicionamento político no happy hour que nós realizamos. Nós somos de setores e unidades diferentes do Sesc e o que nos liga é justamente esse encontro que tivemos", comentou.

Segundo Carla, ela estava em casa e quando recebeu a mensagem informando a demissão. "Sem nenhum superior entrar em contato comigo. Então nós achamos que é justamente por conta da foto da celebração mostrando colegas que estavam com adesivos e manifestações políticas. Eu, por exemplo, nem tenho o mesmo pensamento político do pessoal. Mas como eu estava na foto, também fui desligada", disse a ex-funcionária.

Outro participante da celebração e que estava na foto é Silvinei Braga. De acordo com ele, a demissão ocorreu enquanto estava afastado com atestado médico. "Eu assustei quando recebi o telegrama informando o desligamento, não respeitando o tempo de atestado. Não houve nenhuma tratativa em relação ao desligamento".

A questão para os funcionários não é a demissão, mas sim a forma como tudo ocorreu, como conta Mariana Tavares. "A gente compreende que a gestão pode dispensar os funcionários que ela tem direito. Mas nós estamos questionando a forma como fomos dispensados, por telegrama e sem qualquer justificativa plausível. Foi humilhante".

Em 29 de agosto, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), que é ligada ao Sesc-MG, emitiu uma nota em apoio à liberdade de expressão, incluindo o direito de se manifestar politicamente. Esse é justamente um dos pontos questionados pelos funcionários, segundo Mariana. "A Fecomércio fez um posicionamento assegurando o nosso direito de nos posicionar. Por isso não nos importamos em fazer a manifestação no happy hour. Agora ela está justamente se contradizendo".

O caso se encontra na Justiça, como explica o advogado Lúcio de Medeiros "A Fecomércio emitiu a nota em seu site assegurando o direito dos funcionários se manifestarem. A liberdade também está prevista no Artigo 5º da Constituição, que prevê a liberdade de manifestação do pensamento, liberdade de expressão, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas".

A ação, segundo o advogado, já foi protocolada e está em trâmite junto ao MPT. Ainda não se tem uma data para a definição da situação.

Confira a íntegra da nota do Sesc-MG:

"A instituição informa que um novo presidente do Conselho tomou posse no dia 3 de outubro deste ano, para a gestão 2022/2026 e alguns funcionários foram desligados devido a mudanças organizacionais. O Sesc em Minas repudia completamente qualquer tipo de assédio moral e eleitoral, e oferece aos colaboradores um ambiente em que todos tenham plena liberdade política.
A nova diretoria se mostra confiante e comprometida a trabalhar no cumprimento dos seus objetivos legais e estatutários, em benefício do comércio, comerciários e sociedade".
Fonte: Hoje em Dia
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