'Não sabia', 'recusa dos pais' e 'medo': estudantes não se vacinam contra o HPV por desinformação
28/12/2022 13:51 em REGIÃO

 

“Não sabia que tinha que tomar”. Essa foi a principal justificativa dada por estudantes, de 13 a 17 anos, para a baixa vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). A constatação de que a desinformação é o maior desafio para que o índice de imunização aumente entre o público infantojuvenil está em uma pesquisa da Escola de Enfermagem da UFMG. Os resultados poderão ajudar nas estratégias de prevenção do câncer de colo de útero, doença que pode ser evitada com a dose.

Esse é o primeiro trabalho que investigou os motivos para a não vacinação contra o tumor utilizando a base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). O estudo da universidade mineira entrevistou 159 mil alunos e utilizou dados de 2019. 

Outras respostas frequentes foram “distância ou dificuldade para ir até a unidade ou serviço”, entre os adolescentes matriculados em escolas públicas, e “mãe, pai ou responsável não quis vacinar” e “medo de reação à vacina”, entre meninos e meninas das instituições privadas.

A vacina contra o HPV previne, além do câncer de colo de útero, os tumores de pênis e ainda os de ânus, garganta e boca. A coordenadora do estudo, Tércia Moreira Ribeiro da Silva, do Departamento de Enfermagem Materno-infantil e Saúde Pública, reforça que a dose protege lesões nos órgãos genitais femininos, masculinos e infecções persistentes causadas pelos subtipos do papilomavírus humano. 

“No Brasil, nos anos de 2018 e 2019, foram detectados aproximadamente 16.370 novos casos de câncer de colo de útero, a terceira maior incidência entre os tumores malignos”, informou a professora.

Enfermeiro
Os pesquisadores observaram maior prevalência de adolescentes não foram vacinados contra o HPV nos estados das regiões Norte e Nordeste. A proporção foi maior em Rio Branco (22,1%), Natal (21,3%), Porto Alegre (20,4%) e Macapá (18,8%). 

Do Sudeste, Minas apresentou a maior proporção (47,1%) da resposta “não sabia que tinha que tomar a vacina contra o HPV”.

Conforme Tércia Ribeiro, o estudo também mostra evidências de que muitos profissionais de saúde não discutem nem recomendam a vacinação contra o HPV, ou adotam estratégias inadequadas de comunicação, o que compromete a aceitação pelos adolescentes.

Ela destaca o papel do enfermeiro como educador em saúde. “Ressalta-se, ainda, a importância desses estudos para sensibilizar os responsáveis pelos adolescentes acerca dos comportamentos e atitudes que configuram fatores de risco para as infecções sexualmente transmissíveis”.

* Com informações da assessoria de comunicação da Escola de Enfermagem da UFMG

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