De acordo com o governo de Minas, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), registrou a vacinação de 1.540.886 bovinos contra a raiva em 2022. Neste ano, no primeiro semestre, o órgão recebeu a declaração da vacinação de 4.029.495 bovinos - ou seja, cerca de 84% ainda não está imunizado.
Houve um aumento do número de animais declarados como vacinados, em comparação com o ano anterior, mas o governo considera que o número de declarações recebidas ainda é baixo, já que o estado possui cerca de 25 milhões de bovinos.
A raiva é uma zoonose causada por um vírus que afeta o sistema nervoso central dos mamíferos, incluindo animais rurais, cães, gatos, raposas, macacos e morcegos. A raiva mata e a vacinação é o único método de prevenção para os rebanhos.
A coordenadora do curso de veterinária das Faculdades Promove, Isabella Hoske Gruppioni, afirma que, apesar de pequena, há chances de transmissão da doença de um animal contaminado para o ser humano. No entanto, ela explica que esse contágio só será possível para quem tem contato direto com o gado, já que a transmissão se dá através do contato do humano com saliva e secreções do animal infectado.
“Há risco quando o animal infectado manifesta a doença, mas quem corre esse risco é a população rural, que lida com o manejo do animal. Entre eles estão os tratadores, quem alimenta ou ordenha o gado, o veterinário e até mesmo o proprietário do animal”, explica a coordenadora.
A veterinária esclarece e reforça ainda que a transmissão da raiva não é possível através do consumo de carne ou leite, já que a letalidade da doença é de quase 100%. Por isso, segundo a veterinária, é importante a vacinação do gado.
“O animal mordido pelo morcego infectado está bem mais suscetível a desenvolver a doença, que leva à óbito, do que o animal que recebeu a vacina”, concluiu a profissional.
A vacinação deve ser feita anualmente para garantir que os animais permaneçam protegidos contra a doença. Esse processo é fundamental para manter a proteção contínua dos animais contra a raiva, uma vez que a imunidade conferida pela vacina tende a diminuir com o tempo.
De acordo com o govermo, apesar da Lei 10021/1989 e do decreto 30879/1990 preverem a vacinação contra a raiva em Minas, não foram publicados atos normativos complementares que estabeleçam o período para realizar essa vacinação, bem como penalidades para a não realização. Assim como não há previsão legal para penalizar produtores que não realizaram a vacinação.
No entanto, devido à raiva ser uma doença letal e a única forma de prevenção ser a vacinação, a não realização poderá resultar na perda de animais devido à doença.
Ainda que não tenha uma regulamentação, o governo de Minas informa que o IMA fez um intenso trabalho educativo com a abordagem de produtores nas propriedades rurais e nas unidades do IMA, explicando sobre a importância da vacinação como forma de prevenção dessa grave doença e da realização da Declaração da vacina ao IMA. Ações que resultaram no aumento registrado em relação ao ano anterior.
Qualquer mamífero, como bovinos, equinos, caprinos ou ovinos, que apresente sintomas como dificuldade de locomoção, deitar-se de lado (com movimento lateral das pernas), realizar movimentos de pedalagem (como se estivesse pedalando uma bicicleta) juntamente com dificuldades para engolir e defecar, deve ser considerado suspeito de raiva.
Ao identificar um animal com sintomas semelhantes aos da raiva, é essencial que o criador ou qualquer pessoa presente não se aproxime ou toque no animal. Em vez disso, é importante que eles acionem o IMA ou um médico veterinário de confiança.
Em 2023, até o final do mês de agosto, a Secretária de Saúde do estado (SES-MG) registrou uma morte humana pela transmissão da raiva. Um produtor rural, de 60 anos, da cidade de Mantena, no Leste de Minas, morreu após ter manipulado um bezerro que apresentava dificuldades de engolir. O contato direto com o animal, sem a proteção adequada, resultou na infecção pelo vírus da raiva e posterior óbito.
Fonte: Hoje em Dia