'Nunca imaginei que podia ser câncer de mama', diz homem diagnosticado após caroço no peito crescer
REGIÃO
Publicado em 21/10/2024

 

“Eu tinha um caroço pequeno no peito que não me incomodava, mas depois ele começou a crescer, doer e ficar vermelho. Fui ao médico, fiz uma mamografia e biópsia, mas não esperava sair com o diagnóstico de câncer de mama”, relata Carlos Roberto de Oliveira, de 70 anos, diagnosticado com a doença, rara em homens, em 2020. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), casos de câncer de mama entre a população masculina representam 1% do total. Em Juiz de Fora foram quatro casos entre 2023 e 2024, conforme dados da Secretaria de Saúde encontrados nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon).

Hoje, curado da doença, Carlos destaca a importância, principalmente dos homens, de buscarem mais cuidados com a saúde.“Qualquer carocinho que aparece no seu corpo, você tem que tem que olhar e correr atrás. Tem que ir ao médico, porque eu nunca imaginava ter câncer de mama. As pessoas precisam se cuidar mais”. Para o diagnóstico precoce da doença, que garante chances de cura de 95%, a médica oncologista que acompanhou o caso, Christiane Maria Meurer Alves, alerta que os homens devem ficar atentos a quaisquer sinais de alteração na região das mamas, uma vez que embora não tenham mamas desenvolvidas, eles possuem tecido mamário, ainda que plano e pequeno, e podem desenvolver a doença.

 

O diagnóstico de câncer de mama foi dado em janeiro de 2020, em meio a pandemia de Covid-19. Para se manter isolado, o aposentado saiu de Juiz de Fora e se mudou para um sítio na cidade de Aracitaba, também na Zona da Mata. “Quando estava internado em março para a retirada da mama no lado direito meu médico falou que a primeira pessoa tinha morrido por Covid-19. Nessa hora, fiquei com muito medo de ir embora desse mundo”, disse.

 

Carlos passou por cirurgia, quimioterapia e radioterapia, e atualmente realiza exames periódicos. Uma das sequelas deixadas pela doença foi a retenção de líquido no braço, que segundo ele incha muito. De acordo com a médica Christiane Maria Meurer Alves, isso acontece porque ele retirou nódulos debaixo do braço na cirurgia por causa de uma metástase regional em linfonodos localizados na axila.

 

Sintomas e sinais da doença em homens

 

Conforme a oncologista Christiane Maria Meurer Alves, o câncer é um grande grupo de doenças e acontece quando células normais se transformam em células cancerosas que se multiplicam e se espalham,

“Seus genes enviam instruções às células – como quando começar e parar de crescer, por exemplo. As células normais seguem estas instruções, mas as células cancerígenas as ignoram. Quando isso ocorre no tecido mamário temos o câncer de mama”, acrescenta a médica.

Os dados mais recentes de mortes pela doença entre a população masculina são de 2020, quando foram registrados 207 óbitos de homens por câncer de mama no Brasil, conforme o o Ministério da Saúde.

Em homens, os principais sinais da doença são:

 

  • nódulo ou massa na mama;
  • alterações na pele da mama;
  • secreção ou sangramento no mamilo;
  • alteração de forma ou posição do mamilo;
  • aumento dos linfonodos (caroço) na região da axila.

 

 

 

Fatores de risco e tratamento

 

As causas do câncer de mama não são totalmente esclarecidas, entretanto, alguns fatores de risco podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença nos homens. São eles:

 

  • idade;
  • história familiar de câncer de mama ou mutações dos genes BRCA 1 e BRCA 2;
  • mutações nos genes CHEK2, PTEN e PALB2
  • homens com síndrome de Klinefelter (doença congênita) têm maior probabilidade de desenvolver câncer de mama do que outros homens. Essa condição pode aumentar o risco entre 20 e 60 vezes o risco de um homem na população em geral;
  • radiação na área da mama;
  • alcoolismo;
  • algumas doenças hepáticas como cirrose; obesidade; tratamento com estrógenos

 

O tratamento do câncer de mama em homens inclui as mesmas armas do câncer de mama feminino: cirurgia, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.

A médica Christiane destaca, ainda, como o tratamento multidisciplinar é essencial na oncologia. “A saúde mental é frequentemente afetada pelo diagnóstico de câncer, o apoio psicológico pode ajudar a lidar com o estresse, ansiedade e depressão que podem surgir durante essa jornada”.

 

 

Fonte: G-1 Zona da Mata

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