A capela de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Mercês, foi invadida e teve imagens destruídas. O caso foi registrado nesse sábado (12) após fiéis descobrirem a invasão e chamarem a Polícia Militar (PM). A Polícia Civil vai investigar o caso, que abalou a comunidade. “Estamos sem conseguir dormir porque a cena não sai da nossa cabeça”, disse a moradora Lucilene Rocha.
O pároco do Santuário de Nossa Senhora das Mercês, padre Apolo Guerra, lamentou o que considera uma agressão à fé católica. “Tiraram a imagem do crucifixo e quebraram. Quebraram três imagens de Nossa Senhora Aparecida. Os responsáveis usaram tudo que havia na própria igreja para criar aquela espécie de ritual. A gente ficou perplexo. A igreja trabalhando com ecumenismo e, de repente, acontece essa agressão à expressão da nossa fé, às imagens que nos remetem às lembranças de Deus”, afirmou.
Imagem de Jesus Cristo foi retirada do crucifixo e quebrada (Foto: Ana Paula Melo/Arquivo Pessoal)
O caso foi registrado como dano. De acordo com os relatos das testemunhas à Polícia Militar, as pessoas encontraram a imagem de Jesus Cristo quebrada e colocada no chão ao lado de uma vela acesa.
No Boletim de Ocorrência (BO), consta ainda que uma imagem de Nossa Senhora Aparecida foi quebrada na sacristia ao lado de fezes. No entanto, moradores e o pároco da cidade afirmam que outras duas imagens menores de Nossa Senhora Aparecida também foram destruídas.
Nada foi levado da capela e não foram encontrados indícios de arrombamento. A suspeita é de que entraram por uma janela lateral que ficou aberta após a missa da noite de sexta-feira (11). Segundo o BO, os fiéis trancaram a porta por dentro por causa de um defeito na fechadura e saíram por esta janela. Não foram apontados suspeitos.
Cena foi descoberta por moradora que abriu capela
para limpeza (Foto: Ana Paula Melo/Arquivo Pessoal)
O caso será investigado na Delegacia de Mercês. O delegado Yuri Bueno informou, via assessoria, que o inquérito será aberto nesta segunda-feira (14) e que peritos serão acionados para ir à capela ainda hoje. Haverá diligências para localizar suspeitos.
'Sensação ruim'
A moradora Lucilene do Carmo Rocha foi uma das primeiras a saber da invasão. A mãe dela, de 65 anos, foi quem descobriu a cena e os danos depois de ir à capela na tarde de sábado para fazer a limpeza.
“Foi um susto muito grande. Ela considera a capela como a casa da Mãe dela. Ao ver o que fizeram, ela veio para minha casa. Estava passando mal e não conseguia explicar direito, apenas me disse que era algo no salão. Quando cheguei lá e vi, foi apavorante. Ela ainda está chocada e assustada”, explicou.
A gente olha para a capela, dá uma sensação ruim, diferente. As crianças não estão dormindo e mesmo os adultos estão impressionados"
Lucilene do Carmo Rocha, moradora
Os moradores chamaram a PM e fecharam a capela. “Não sai da nossa cabeça. A gente não consegue entender um motivo para alguém fazer aquilo. A pessoa pegou tudo que havia na capela, a toalha da cor roxa, por causa da Quaresma, as velas usadas na missa e usou para montar a cena com as imagens destruídas", enfatizou.
Não há imagens de invasores e o caso modificou o sentimento dos moradores com relação à capela. “A gente olha para a capela, dá uma sensação ruim, diferente. As crianças não estão dormindo e mesmo os adultos estão impressionados. Não temos noção de quem pode ser, ninguém ouviu nada. Não sabemos quem entrou e fez esse absurdo”, lamentou.
Perícia deve ir à capela nesta segunda-feira (14) e Polícia Civil vai investigar o caso (Foto: Ana Paula Melo/Arquivo Pessoal)
Reerguer a comunidade
O pároco do Santuário de Nossa Senhora das Mercês, padre Apolo Guerra, explicou que há missas a cada dois meses na capela, que é um local de encontro do Bairro Nossa Senhora Aparecida.
“É um local com movimento constante, com catequese, oração do texto, grupo de reflexão. Na semana da padroeira, há novenas e missas e ainda recebe reuniões com a Prefeitura. É um ponto de referência para a comunidade”, explicou.
Devemos agir de um modo contrário à agressão. Vamos nos manifestar pela oração para que Deus se manifeste no coração de quem fez isso"
padre Apolo Guerra
A comunidade católica recebeu apoio de moradores e representantes de outras religiões. De acordo com padre Apolo Guerra, evangélicos repudiaram a invasão. A mensagem do padre para os católicos da cidade é repudiar a violência e buscar a paz.
“Na missa, falamos para a comunidade que devemos agir de um modo contrário à agressão. Vamos nos manifestar pela oração para que Deus se manifeste no coração de quem fez isso e esta pessoa encontre o amor que talvez ela nunca teve e tanto precisa”, afirmou.
Assim que a polícia liberar a capela, a prioridade é recuperar a capela. “Queremos tirar a cena das nossas mentes. Algumas pessoas já ofereceram imagens e recursos para repor as imagens destruídas. Vamos nos reerguer novamente através da oração e da união da comunidade. A união de todos foi mais forte e mais bonita diante desta perda”, finalizou o padre.
Informações: G1 Zona da Mata