Em um dos vídeos é possível ver que um detento com o uniforme da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) dirige o carro do sistema penitenciário. Ele dá à ré e realiza manobras dentro do pátio. Em outra filmagem, outro preso aparece dirigindo a ambulância da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e um terceiro preso dirige outra ambulância.

Para um agente penitenciário que trabalha no local, e que não quis ser identificado, a movimentação de carros conduzidos por detentos na área que dá acesso para a parte externa do presídio é frequente.

"Da oficina ali é praticamente na rua, porque ela fica extra muro. Então, ele pode pegar a viatura e fugir com ela. Tem uma cancela na parte de baixo, mas facilmente tem como passar", contou.

O diretor executivo do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciários do Estado de Minas Gerais (Sindasp), Lean Fábio Carlos Gomes, questionou o fato de os detentos dirigirem viaturas e fazerem a limpeza e manutenção dos carros.

“O Sindasp repudia, veementemente, a utilização de veículos oficiais dentro ou fora das unidades prisionais do estado de Minas Gerais por pessoas não credenciadas a dirigir esses veículos. Porque hoje, no sistema prisional, só servidores credenciados e com categorias específicas e cursos especificos podem dirigir veículos oficiais", disse.

Gomes afirma que a atividade mostrada nos vídeos depende de autorização da diretoria do presídio para ser realizada. "A estranheza desse caso é porque a Secretaria de Estado de Administração Prisional tem várias oficinas credenciadas externamente para manutenção da frota do estado. Os veículos não podem ser arrumados, salve autorização da diretoria de logística, que nós não temos conhecimento de nenhuma autorização nesse caso", acrescentou. O diretor do Ceresp, Alexandre da Cunha Silva, não foi autorizado pela Seap a gravar entrevista. Mas em conversa com a equipe de reportagem do MGTV, ele afirmou que só ficou sabendo do caso depois que o vídeo foi divulgado nas redes sociais. O diretor disse também que a liberação para que os detentos dirigissem a viatura e as ambulâncias não partiu dele.