O homem de 40 anos preso pelo estupro da filha de 16 anos foi indiciado pela Polícia Civil por três crimes: atentado violento ao pudor, estupro de vulnerável e estupro.
A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Ione Barbosa, concluiu o inquérito nesta sexta (31) e indicou também três tios da adolescente e a mãe dela por estupro em omissão.
Em todos os casos, a pena prevista é de oito a 15 anos de prisão, mas a delegada também pediu aumento da pena, pela garota ser parente deles. O processo foi remetido à Justiça nesta tarde.
A vítima disse à Polícia Militar (PM) que era abusada há pelo menos 10 anos e que era monitorada e ameaçada pelo pai, para que não contasse a ninguém sobre os estupros sofridos. Ela disse em depoimento que contou para os parentes, mas eles não acreditaram nela.
O caso foi descoberto após mães de amigas ajudarem a denunciar para a PM, que prendeu o suspeito em flagrante no dia 19 de agosto. A prisão foi convertida em preventiva e começou a ser cumprida em Juiz de Fora.
No dia 23 de agosto, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) confirmou que o homem foi transferido para o presídio de Leopoldina para manter a segurança do detento.
Caso foi investigado na Delegacia de Mulheres de Juiz de Fora (Foto: Rafael Antunes/G1)
Durante a apuração, a delegada ouviu depoimentos dos outros irmãos da vítima, da mãe e de três tios, todos irmãos do suspeito. Barbosa concluiu que eles sabiam dos abusos e não tomaram nenhuma atitude. Os irmãos da adolescente, de 16 e 17 anos, não foram abusados.
"Na sexta-feira nós ouvimos o tio que era de Juiz de Fora e, na segunda-feira, os que são do Rio de Janeiro. Nós entramos em contato com eles, que vieram até a delegacia, porém disseram que vão se manifestar em juízo", disse.
Com base nos depoimentos, a delegada conseguiu detalhes sobre o modo que o homem agia para estuprar a garota. Foi narrado que ele fechava a porta do quarto e aumentava o volume da televisão.
Suspeito de abusar sexualmente da filha foi preso em flagrante em Juiz de Fora (Foto: Reprodução/TV Integração)
Outra artimanha usada era pedir que os irmãos da vítima saíssem de casa, alegando que ele precisaria limpar o local. No entanto, quando os adolescentes voltavam, a casa continuava suja.
Barbosa também verificou a informação dada pela mãe da adolescente, de que teria denunciado o caso ao Conselho Tutelar.
"Nós ouvimos a conselheira. Houve, na época, uma denúncia anônima. (A conselheira) chegou a ir até a dela, mas a menina negou, assim como o pai. Diante disso, encerraram as investigações", contou.
Código criado por amigas ajudou denúncia
O caso foi descoberto depois que ela desabafou com algumas amigas, que se mobilizaram para ajudá-la e procuraram a PM. Como a vítima era monitorada pelo pai, ela e as amigas criaram uma mensagem em código para avisar e flagrar quando acontecesse o crime novamente.
Ao receberem a mensagem no dia 19, as amigas avisaram aos policiais, que foram à casa da vítima, confirmaram o abuso e prenderam o homem.
A princípio, o pai, formado em História mas atualmente desempregado, negou o crime dizendo que não era a primeira vez que a filha inventava algo semelhante. No entanto, ao saber que a adolescente seria examinada, ele confessou o estupro.O pai alegou ainda que dava dinheiro a menina em troca dos "favores sexuais" e que ela nunca havia reclamado. Ele disse que a estuprava sem preservativo, porque a menina tomava remédios.
Segundo a ocorrência, o homem tinha um alerta no celular para o horário do anticoncepcional da filha. A adolescente confirmou que ele passava a mão nela desde os seis anos e que, desde os 11, a obrigava a ter relações sexuais.
Fonte: G-1 Zona da Mata