Quatro policiais de São Paulo foram presos por lavagem de dinheiro; um homem de 42 anos foi preso por homicídio e um idoso de 66 por estelionato tentado. Além das malas com dinheiro, foram apreendidos armas, cartuchos, carros e distintivos.
Em depoimento de quase quatro horas à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, na tarde de segunda-feira (22), o empresário Flávio de Souza Guimarães negou que tenha levado dólares para trocar pelo dinheiro falso. Ele disse que o objetivo era negociar um empréstimo para a empresa dele. Como garantia, ofereceria imóveis em São Paulo.
O empresário afirmou ainda que fugiu antes da confusão e que só soube em São Paulo do tiroteio que vitimou o policial Rodrigo Francisco.
O caso segue em apuração na Delegacia de Homicídios de Juiz de Fora. De acordo com a assessoria da Polícia Civil de Minas Gerais, não serão repassadas informações até a conclusão do inquérito.
MP cria grupo para investigar confronto entre policiais em MG — Foto: Reprodução/TV Globo; Polícia Civil/Divulgação
Também está em andamento a apuração das atuações dos policiais na Corregedoria da Polícia Civil mineira.
Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que aguarda a apuração do caso e que, se comprovados os desvios de conduta, os policiais envolvidos responderão administrativa e criminalmente, de acordo com os atos praticados por cada um.
Nesta terça, a Ouvidoria da Polícia de São Paulo pediu à Polícia Federal (PF) para investigar o confronto entre policiais paulistas e mineiros.
Enquanto a investigação segue em curso, os dois delegados e os dois investigadores de São Paulo presos por lavagem de dinheiro estão no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Antônio Vilela, apontado como doleiro e responsável pelos R$ 14 milhões, foi preso pelo crime de estelionato tentado e está no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora.
Com relação ao ferido no tiroteio, o dono de uma empresa de segurança, Jerônimo da Siva Leal Júnior, segue internado e teve a prisão por homicídio confirmada na audiência de custódia. Ele está em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Monte Sinai com acompanhamento da Central de Escolta de Juiz de Fora (Ciesp).
Polícia Civil Juiz de Fora Hospital Monte Sinai — Foto: Reprodução/TV Integração
O G1 e o MGTV tiveram acesso à ata de audiência de custódia, onde constam informações sobre a investigação dos fatos que levaram ao tiroteio no estacionamento.
De acordo com o apurado na investigação e a denúncia encaminhada pelo Ministério Público, Flávio de Souza Guimarães saiu de São Paulo para Juiz de Fora na sexta com 12 pessoas - entre elas nove policiais civis e Jerônimo da Silva Leal Júnior.
Os outros dois acompanhantes foram um homem apontado como dono de empresas no exterior e um homem que ainda não foi identificado. Parte do grupo chegou à cidade de jato fretado. Já os policiais foram em dois veículos.
Segundo os relatos que constam no processo, se tratava de uma "escolta VIP" com o objetivo de trocar dólares por reais com o empresário mineiro Antônio Vilela, que também estaria sendo escoltado, mas por policiais civis mineiros.
Parte dos envolvidos em transação se encontraram em hotel em Juiz de Fora — Foto: Reprodução/TV Globo
As negociações começaram no lobby do hotel próximo ao hospital e terminou no estacionamento.
Segundo a investigação, os tiros começaram por causa de um "desacerto", quando foi detectado que a maior parte do dinheiro, equivalente a R$ 14 milhões, era falso. E ainda conforme a análise do juiz, relatos das testemunhas colocam em xeque a versão apresentada pelos policiais mineiros.
A Justiça também apontou que as malas com o dinheiro estavam em um veículo com placas de Belo Horizonte no estacionamento.
A suspeita inicial é a de que Jerônimo, que estava com a mala de dinheiro falso, atirou no policial, que revidou. A Justiça diz, porém, que só a perícia em todas as armas poderá esclarecer quem atirou, porque os depoimentos das testemunhas apontaram que foram feitos muitos disparos.
Fonte: G-1 Zona da Mata