Morte de idoso
Simeão Cruz tinha 80 anos e morava sozinho. Os móveis e a decoração antiga do apartamento eram do tempo em que ele vivia com a mãe. Não casou, nem teve filhos. Ele tinha 19 sobrinhos. Morreu em casa no dia 13 de maio. Um médico atestou a morte. Na certidão de óbito constam as causas: insuficiência cardíaca e hipertensão arterial. Nenhum parente foi avisado.
"Os vizinhos falaram que ele tinha morrido e tinha sido enterrado. Eles falaram que tinha sido 7h, 7h30 a morte dele e 13h já tinha sido enterrado. Falaram que tinha três pessoas no velório", contou a sobrinha de Simeão, a empresária Maria Verônica Bressan.
Ao questionar o cuidador de Simeão, o sobrinho Marcelo Cruz destacou que não teve resposta satisfatória. "Eu liguei para o cuidador perguntando por que ele não comunicou a família. Ele só respondeu que cumpriu a missão dele e desligou o telefone", relatou.
O cuidador de idosos Carlos César trabalhava para Simeão Cruz e tinha a confiança da família. Ele alegou que o aposentado pedia para que os sobrinhos não fossem avisados de sua morte. "Eu fiquei indignada. Porque isso nunca foi da vontade dele", garantiu Maria Verônica Bressan.
Esta versão também é contestada por Marcelo Cruz, que alegou ter visto o tio em 1º de maio. "Nós tínhamos uma relação familiar muito intensa. Todos os domingos nós nos reuníamos na casa dele, tomávamos uma cerveja, botávamos o papo em dia", ressaltou.
Para conseguir a certidão de óbito no cartório, o cuidador contou outra história, segundo a oficial de registro Mariana Castro. "Ele alegou que essa pessoa não tinha nenhum parente próximo que ele conhecesse", disse.
Na casa do aposentado, os sobrinhos encontraram a fatura do cartão de crédito de Simeão Cruz indicando que o caixão foi pago com o cartão do aposentado, em uma despesa assumida no dia morte dele, dividida em seis parcelas de R$ 366.
Após a divulgação do laudo, o advogado da família do idoso, Ricardo Fortuna, disse que não tem elementos técnicos para discordar da exumação e que, ainda assim, as investigações da polícia apontam para vários outros crimes praticados pelo cuidador e pela jornalista.
Fonte: G-1 Zona da Mata