Jovem é detida por fazer falsa denúncia de estupro à PM contra o marido em Juiz de Fora
11/01/2019 12:51 em REGIÃO

 

Uma jovem vai responder por falsa comunicação de crime em Juiz de Fora depois de denunciar o companheiro, de 28 anos, pelo estupro da filha de três anos do casal. Segundo o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), ela fez isso para obter vantagens em "uma futura separação e uma pensão alimentícia melhor".

A assessora do 2º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente Sandra Jabour, ressaltou em entrevistqa ao G1 que as pessoas devem ter consciência ao acionar os serviços públicos. (Confira abaixo)

O registro do caso terminou na madrugada desta sexta-feira (11). De acordo com as informações da Polícia Militar, a menina de 27 anos procurou a sede da 70ª Companhia no Bairro Bairu nesta quinta (10) para denunciar que o suposto abuso ocorreu na quarta-feira (9), enquanto estava no trabalho.

A mãe disse que viu manchas roxas no pescoço da criança que teria dito que foram feitas pelo pai. A jovem levou uma testemunha, de 22 anos, que afirmou ter feito um vídeo do relato da menina.

Os policiais localizaram o rapaz que disse nunca ter tocado na filha de forma maliciosa. Ele alegou que a fala da criança foi influenciada pela mãe.

A menina foi encaminhada ao Protocolo de Atendimento ao Risco Biológico Ocupacional e Sexual (Parbos). O laudo provisório do médico que realizou perícia na criança apontou resultado "negativo para conjunção carnal e inconclusivo para ato libidinoso".

Os policiais voltaram a conversar com a solicitante e ela afirmou que não houve o crime, alegando que "estava tentando prejudicar seu marido para receber uma boa pensão".

A mãe e a testemunha receberam voz de prisão por falsa comunicação de crime. O Código Penal explica que se trata de uma infração, punida com penas que podem variar entre um e seis meses de detenção ou multa.

De acordo com o Reds, as duas prestaram depoimento, assinaram Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), se comprometendo a comparecer à audiência na Justiça agendada para março deste ano e foram liberadas.

Casos verdadeiros de violência sexual ou doméstica podem ser denunciados pelos telefones da Polícia Militar (PM), 190, ou pelo Disque-Denúncia Unificado, 181. As vítimas também podem comparecer em sedes de Companhias da Polícia Militar ou delegacia, especialmente a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), que funciona na Casa da Mulher, na Rua Uruguaiana, nº 94, no Bairro Jardim Glória, das 8h30 às 18h.

Problema comum

 

G1 conversou sobre o caso com a assessora de comunicação do 2º BPM, tenente Sandra Jabour. Ela destacou que as falsas comunicações de crime são um problema comum registrado pela PM.

"É recorrente, não só em relação a assédio, mas também sobre roubo ou furto de celular e carteira. Há quem, como neste caso, envolva os filhos. Outros inventam por causa de vingança ou de disputa de bens. Os policiais buscam informações mais detalhadas, iniciam uma pré-investigação da suposta denúncia e, em muitas vezes, a mentira é descoberta", explicou.

Segundo a tenente, muitas vezes, os policiais se deparam com pessoas aparentemente idôneas recorrendo a uma denúncia falsa.

 

"São pessoas sem passagens, aparentemente que não despertam suspeitas e são convincentes nos relatos. No entanto, a partir do momento que as diligências apontam falhas ou contradições, elas se veem sem saída e confessam a verdade, que não havia crime nenhum", disse.

 

Tenente Sandra Jabour insiste que os moradores precisam se conscientizar do impacto dos registros de falsas denúncias no trabalho da PM.

"Dados apontam que a maioria das ligações para os telefones de emergência, como o 190 da PM ou o 193, dos Bombeiros, é trote. Elas ocupam um efetivo para resolver algo que não existe. Isso prejudica quem de fato precisa da PM. Estamos à disposição para acolher e atender, mas precisamos do apoio da população para não ocupar os serviços públicos com denúncias falsas", ressaltou.

Neste caso, ela ainda avalia o peso de criar uma mentira sobre um crime violento, como o abuso sexual, contra uma criança.

"Neste caso, temos uma possível solicitante que pensava em obter uma vantagem e prejudicar outra pessoa. E a verdade veio à tona. A gente não pode generalizar, cair com todas as situações numa vala comum".

"Ouvimos relatos, testemunhas, solicitamos exames periciais, como corpo delito, para chegar à verdade do fato. E estamos ainda atentos para aos casos de violência psicológica, que não deixa marcas visíveis. Os policiais tem o cuidado de que cada ocorrência é única, vão atender e tomar todas as providencias cabíveis para aquela situação", garantiu tenente Sandra Jabour.

 

Fonte: G-1 Zona da Mata

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