Localizado no centro da cidade, o prédio foi construído em 1956. Familiares protestaram pela situação dos detentos.
Um grupo formado por familiares de detentos do Presídio de Leopoldina se reuniu na manhã desta segunda-feira (4) na porta daquela unidade prisional, localizada à Rua Ribeiro Junqueira, na região central de Leopoldina, para protestar sobre as condições enfrentadas pelos presos. Esposas, pais e mães, irmãos, filhos e amigos de alguns detentos estavam apreensivos com a situação dos seus familiares no interior do presídio.
Os familiares solicitaram para não serem identificados pela reportagem. Um ex-detento comentou que numa cela há 26 presos e apenas 7 camas. “Quem não tem cama dorme num colchão fino colocado no chão, correndo o risco de adoecerem ou serem atacados por lacraias”, comentou. Outra jovem relata que apesar do frio do inverno, os presos têm que tomar banho “gelado”, acrescentando que as celas são úmidas. “Por que eles não podem tomar banho quente?”, perguntou. “A pessoa que entre numa unidade prisional como a de Leopoldina sai muito mais revoltada”, disse a esposa de um dos presos.
Entre um relato e outro, o reconhecimento de que os detentos estão pagando por crimes cometidos era consenso entre as pessoas que estavam na porta do presídio, entretanto, argumentam que a maneira como eles são tratados jamais fará com que a esperada ressocialização aconteça, uma vez que todos estão revoltados com o que consideram maus tratos.
Algumas senhoras abriram a porta de um banheiro localizado ao lado da entrada do presídio, que serve tanto para as crianças quanto para os adultos de ambos os sexos. Elas reclamaram da falta de limpeza do local.
Outro aspecto constrangedor são as revistas aos visitantes. De acordo com algumas pessoas que visitam habitualmente os detentos, homens, mulheres e crianças até 12 anos precisam ficar nus na revista feita antes da visita. “Nós compreendemos que o procedimento tem que ser feito, mas é constrangedor”. Em outro relato à reportagem a confirmação de que as crianças com mais de 12 anos passam pela revista minuciosa, como se fosse um adulto, incluindo a nudez, mas com a presença do responsável junto. Também a possibilidade de que as visitas semanais sejam proibidas, passando a serem quinzenais, foi questionada pelos familiares.
O jornal O VIGILANTE ONLINE tentou conversar com representantes do presídio mas recebeu a explicação que eles não poderiam dar nenhuma declaração. Informações obtidas pela reportagem dão conta de que na noite do domingo (3), os presos teriam feito um protesto, recusando-se a comer as quentinhas fornecidas pelo Estado. Familiares dos presos e um ex-detento afirmaram que a comida apresenta problemas como arroz duro, falta de sal e carne de frango crua. Três latões de lixo colocados em frente ao presídio estavam cheios de quentinhas, muitas delas fechadas, confirmando que houve o protesto.
De acordo com uma fonte do jornal, em todo o estado só podem entrar nos presídios dois adultos em cada visita, menores de 12 anos quantos tiverem e acima de 12 anos são considerados como adultos. Os menores de 12 anos têm que passar por uma revista minuciosa para entrar no sistema prisional. “As mães vão lá, retiram as roupas deles, dão as roupas ao agente do mesmo sexo que está acompanhando a revista às roupas, só olha o corpo, entrega a roupa e a mãe pode vestir o filho novamente. Inclusive nos bebês a fralda é trocada pela própria mãe”, detalhou.
“Os adultos passam pela revista corporal, têm que se despir”, explica a esposa de um detento, agachando-se e levantando-se para demonstrar que “a pessoa agacha três vezes de frente e três vezes de costas”, disse a mulher. A explicação para a exigência é que esse é um procedimento padrão em todo o sistema prisional mineiro. Um homem que também solicitou para não ser identificado revelou que a determinação causa constrangimento também aos agentes da SUAPI.
Alimentação
A reportagem conseguiu apurar que a mesma empresa fornece a alimentação para os presídios de Cataguases e Leopoldina e que o cardápio é igual para detentos e funcionários da SUAPI. Este cardápio é aprovado por uma nutricionista da SEDS – Secretaria de Estado de Defesa Social e todas as vezes que detectam algum problema na alimentação, os responsáveis pelo Presídio de Leopoldina fazem uma reclamação formal, tanto paro o setor de nutrição da SEDS, quanto para a empresa que fornece a alimentação, além de todo mês uma pessoa do presídio verificar qual a situação da cozinha da empresa.
Superlotação
O VIGILANTE ONLINE confirmou que há superpopulação no Presídio de Leopoldina. Com capacidade para 38 presos, atualmente são 117 detentos em seu interior. Esta situação, segundo informações obtidas pela reportagem, é do conhecimento do governo estadual, pois relatórios mensais são enviados. Já houve período em que 160 pessoas estavam presas no local, que recebe detentos de Leopoldina, Recreio e Argirita.
Para complicar a situação, existe a expectativa de que o estado de Minas Gerais terá que assumir várias cadeias que estão em poder da Polícia Civil e que algumas delas serão desativadas, ocasionando a distribuição dos presos para outros locais. Esta possibilidade preocupa quem está mais próximo do problema, uma vez que já existe um déficit de vagas estimado em 25 mil e que este número irá aumentar.
Apesar das reclamações o ambiente é tranquilo no Presídio de Leopoldina.
A transferência do Presídio de Leopoldina da área central da cidade para um outro local é considerada como necessária, porém, a medida ainda não sensibilizou as autoridades responsáveis pelo setor. Pessoas que atuam junto ao sistema prisional consideram que é necessário começar a se pensar nesta medida como alternativa, possibilitando a construção de um novo presídio em uma área que disponha de melhor estrutura, que permita a construção de escolas, geração de trabalho e atividades para os detentos. Oportuno destacar que o prédio onde funciona o Presídio de Leopoldina, foi construído em 1956 e não tem estrutura para se construir mais nada.
Fonte: O VIGILANTE ONLINE.