“Vamos juntos ouvir o que a população colocou para que o desejo e o sentimento da população com relação ao aparecimento do animal possa ser levado em consideração, para nós darmos um destino que leve à abertura do Jardim Botânico com segurança", destacou Ana Lívia Coimbra.
Quem mora próximo ao Jardim Botânico, a orientação é evitar passar pelas margens, principalmente no final da tarde, durante a noite e no início da manhã.
"As pessoas estão preocupadas, mas, ao mesmo tempo, entendem que é um animal importante, especial, raro. Devemos cuidar dele também", disse a presidente da Associação de Moradores do Santa Terezinha, Nilza Gaudereto.
Sete armadilhas fotográficas foram instaladas pelo Jardim Botânico, em árvores e antigos marcadores de lote, a uma altura de 40 centímetros do chão, para traçar rotas e conhecer os hábitos do animal. Os equipamentos têm infravermelho, permitindo o registro da imagem sem que a onça perceba que está sendo filmada.
Após os registros feitos no domingo (28), o analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio), Elildo Júnior, explicou que as imagens ainda não são nítidas para garantir a precisão do sexo. O comportamento do animal registrado, aparentemente trata-se de um macho.
Pelas análises das imagens, o professor do Departamento de Zoologia da UFJF, Artur Andriolo, explicou que a suspeita é de que seja um único animal.
"Devendo ser um animal macho, provavelmente ele estabelece um território nessas proximidades do Jardim Botânico, em toda área da mata, define os limites desse território através de odores. O fato de ele fazer isso impede que outros indivíduos machos se aproximem. Então, como nós não estamos no período reprodutivo dessa espécie e esse indivíduo deve ter estabelecido um território, as possibilidades para ter outro exemplar na região é muito, muito pequena", explicou.
Nesta terça (30), o professor Artur Andriolo deve apresentar relato dos trabalhos desenvolvidos neste fim de semana a representantes da Universidade, de setores de meio ambiente e segurança. Então, serão sugeridas propostas relacionadas ao caso que apresentem os riscos mais baixos para o animal e a comunidade.
Pegadas da onça-pintada foram identificadas pela equipe de monitoramento no Jardim Botânico da UFJF — Foto: UFJF/Divulgação
A equipe encontrou pegadas do animal em diferentes áreas. Duas das características desse vestígio de onça-pintada são: dedos largos e arredondados, dispostos em semicírculo, e almofada um pouco triangular com contorno arredondado.
Uma amostra de fezes encontrada no Jardim será levada para análise de DNA, para poder identificar a origem populacional do animal.
Um dos últimos grandes fragmentos de Mata Atlântica em área urbana do Brasil, o Jardim Botânico tem mais de 80 hectares de extensão e está localizado na área da Mata do Krambeck.
No Jardim, estão presentes mais de 500 espécies vegetais, incluindo exemplares nativos, populações raras ou em perigo de extinção.
Além de uma área de cerca de 10 hectares de extensão, onde estão incluídos bromeliário, orquidário, lago, trilhas, galerias de arte e um laboratório de casa sustentável.
Depois de três mudanças na data de abertura - no primeiro semestre de 2014 e, depois, no início de março de 2018 e, ainda em 22 de março - o Jardim Botânico foi inaugurado em 12 abril deste ano.
O objetivo do local é incentivar pesquisas e visitação com foco em educação ambiental.